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A nova política industrial brasileira é o caminho para o fortalecimento da indústria

José Velloso

 

 

A nova política industrial brasileira já mostra efeitos concretos no fortalecimento do setor. Para assegurar a continuidade desses avanços, é imprescindível a continuidade e a intensificação das ações governamentais, sobretudo no que diz respeito ao custo elevado do crédito, um dos principais obstáculos para o crescimento sustentável da indústria.

 

Hoje, o BNDES tem uma destacada atuação ao disponibilizar financiamento para a aquisição de máquinas e equipamentos. No entanto, as taxas de juros, que variam entre 17% e 19% ao ano, ainda limitam seu impacto. Isso se reflete na taxa de investimento do país, que atualmente está em torno de 16,8% do PIB, quando o ideal seria algo entre 23% e 25%.

 

Em resposta, o BNDES tem buscado novas soluções para reduzir os custos do crédito. Uma dessas iniciativas é o programa BNDES Máquinas e Serviços, que facilita o acesso de pequenas e médias empresas a financiamentos. Um esforço para que mais empresários possam investir em inovação e modernização.

 

Uma alternativa promissora foi a criação de uma linha de crédito vinculada à Taxa Referencial (TR) para inovação, que oferece juros mais competitivos, em torno de 8% ao ano. Contudo, esses recursos, embora eficientes, são limitados e rapidamente esgotados.

 

Expandir esse tipo de crédito é fundamental para que mais empresas tenham acesso às ferramentas necessárias para competir em um mercado global.

 

A indústria brasileira precisa de um ambiente que favoreça a inovação, o desenvolvimento de novos processos e o acesso ao crédito a custos viáveis. Um importante caminho que oferece condições para o avanço do setor, possibilitando a geração de empregos e a adição de valor à economia.

 

Além disso, a Abimaq tem se empenhado na promoção de tecnologias para geração de energia renovável, fundamentais para a transição energética. A matriz energética brasileira, composta principalmente por fontes renováveis, como hídrica, eólica, biomassa e solar, representa um diferencial competitivo. No entanto, é preciso alinhar os incentivos oferecidos para cada fonte, garantindo que o desenvolvimento da indústria nacional não seja prejudicado pela importação excessiva de equipamentos. A continuidade das políticas de incentivo ao setor industrial, portanto, será um grande aliado para que o Brasil construa e desenvolva uma cadeia produtiva competitiva.

 

A experiência de países como Coreia do Sul e China nos ensina que a indústria é um pilar para o desenvolvimento econômico. Ao longo de décadas, eles fortaleceram suas indústrias, gerando empregos e gerando valor agregado.

 

Os primeiros resultados da política industrial brasileira são promissores, mas temos um longo caminho pela frente. O Brasil vive um processo de desindustrialização precoce. Ao longo dos últimos 30 a 40 anos, nossa indústria tem perdido participação no PIB, sem que houvesse um aumento correspondente na renda per capita – uma anomalia que precisamos corrigir.

 

A nova política industrial pode ajudar a reverter essa tendência, trazendo avanços que já são visíveis em setores como o automotivo e o eletroeletrônico, que contribuíram para o crescimento do PIB no último trimestre.

 

A continuidade das políticas é essencial para que possamos recuperar o protagonismo da indústria brasileira e construir uma economia sólida, que gere empregos e agregue valor ao país.

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José Velloso é presidente-executivo da Abimaq.

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