Brasil cai para 16º. no ranking da produção industrial do mundo

A participação do Brasil na produção industrial do mundo recua desde 2009. E a trajetória de queda permanece, caindo de 1,24%, em 2018, para 1,19%, em 2019, atingindo o piso da série histórica que começa em 1990. Apesar das perdas, o Brasil conseguiu se manter entre os 10 maiores produtores no ranking mundial até 2014. Em 2019, porém, recuou para a 16ª posição. Entre 2015 e 2019, a participação do Brasil na produção industrial do mundo foi superada pelas indústrias do México, da Indonésia, da Rússia, de Taiwan, da Turquia e da Espanha. Os dados são do Desempenho da Indústria no Mundo, estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O desempenho das exportações da indústria de transformação brasileira também retrata a perda de competitividade. De acordo com estimativa da CNI, a participação nacional nas exportações, que já havia recuado de 0,91% para 0,88%, de 2017 para 2018, mantém o viés negativo e deve ficar em 0,82%, em 2019, igualando o menor patamar da série histórica, registrado em 1999. O Brasil ocupava a 30ª colocação no ranking global no último dado disponível, de 2018.
“O cenário torna ainda mais urgente a aprovação de reformas e legislações que destravem a economia brasileira e aumentem a competitividade da indústria nacional. São os casos da reforma tributária, da nova lei do gás e do reforço em investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Essas são iniciativas essenciais para restabelecer condições para a indústria brasileira voltar a competir internacionalmente”, comentou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A perda de participação da indústria brasileira na produção industrial mundial tem sido observada desde meados da década de 1990. Os dados evidenciam que a crise econômica brasileira de 2014-2016 intensificou esse movimento. Nesse período, o PIB da indústria acumulou queda de 10,1%, enquanto a agropecuária recuou 2,1% e os serviços recuaram 4,9%. Diferentemente do Brasil, a produção industrial mundial manteve-se em crescimento, após queda em 2009, ano da crise financeira global.
INDÚSTRIA CHINESA – A China possui o melhor desempenho entre os principais parceiros comerciais do Brasil. Em 2019, a participação da China no valor adicionado da indústria de transformação mundial cresceu de 28,85%, em 2018, para 29,67%, aumento de 0,82 ponto percentual, o único resultado positivo entre os países avaliados. As maiores perdas foram registradas pela Alemanha (de 5,64%, em 2018, para 5,42%, em 2019), seguida do Japão, (de 7,12% para 7,01%, no mesmo período). O recuo, no entanto, não tirou dos dois países lugares de destaque no ranking global, figurando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Na participação nas exportações mundiais da indústria de transformação, a China também aparece como a maior exportadora, seguida de Alemanha, Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul. Juntos, esses cinco países representaram 41% das exportações mundiais da indústria de transformação em 2018. A queda de 7,2% nas exportações da indústria de transformação brasileira em 2019 interrompeu sequência de três anos de crescimento. O recuo registrado no último ano reverteu cerca de metade do crescimento acumulado entre 2015-2018, de 15%.
A perda de participação da indústria de transformação nacional no cenário global é percebida mesmo num cenário de depreciação do real, que estimularia as exportações. Entre 2017 e 2019, a moeda brasileira depreciou-se 12%, em termos reais, frente ao dólar. Entre os dificultadores, está a volatilidade, ligada a incertezas tanto no ambiente externo como no doméstico, o que prejudica contratos comerciais.
A crise na Argentina e o aumento das tensões entre Estados Unidos e China contribuíram para o recuo das exportações. Em 2019, a Argentina entrou no segundo ano de recessão, com um recuo de 4,6% no PIB na comparação com 2017. No mesmo período, as importações de bens da Argentina recuaram, em valor (US$), 26,6%.
Já a escalada da tensão entre Estados Unidos e China, observada desde 2018, tem desacelerado o crescimento econômico mundial. A taxa caiu de 3,9%, em 2017, para 3,6%, em 2018, e para 2,9%, em 2019. A Argentina e os Estados Unidos são os principais compradores de produtos manufaturados brasileiros. Em 2019, as exportações para os dois países representaram 28% do total exportado pela indústria de transformação no Brasil.
Dos oito principais parceiros comerciais do Brasil analisados, apenas o México deve registrar ganho de participação nas exportações mundiais da indústria de transformação em 2019. Segundo estimativa da CNI, o aumento será de 0,13 ponto percentual, de 2,45%, em 2018, para 2,58%, em 2019. A Coreia do Sul deve registrar a maior perda, com uma redução de 0,36 ponto percentual, de 3,73%, em 2018, para 3,37%, em 2019. A Alemanha deve registrar a segunda maior perda: sua participação de 9,17%, em 2018, deve cair para 8,83%, em 2019.