Funcionários com problemas financeiros passam 9 horas por semana tentando resolvê-los
O estresse financeiro dos funcionários se torna, cada vez mais, um problema das empresas, sobretudo diante da alta da inflação e diminuição do poder de compra dos trabalhadores. Um estudo da fintech SoFi Technology, nos Estados Unidos, mostrou que os funcionários passam, em média, nove horas por semana lidando com seus problemas financeiros pessoais; isso é mais de um dia de trabalho por semana ou 60 dias úteis (12 semanas) por ano. Para a pesquisa, foram entrevistados 800 líderes de recursos humanos e 800 funcionários em tempo integral, entre 18 e 74 anos, de 20 e 29 de dezembro de 2021.
Entre os trabalhadores participantes, 38% disseram que o mal-estar financeiro afeta o seu sono; 36% contaram que prejudica a sua saúde mental; enquanto 27% responderam que os problemas com dinheiro têm impacto na sua saúde física. Além disso, no local de trabalho, seja no escritório ou em casa, quase um em cada cinco funcionários (23%) disse que teve problemas de concentração e 18% tiveram problemas com sua produtividade.
Para combater esse problema, a pesquisa sugere que os empregadores precisam se esforçar para apoiar melhor seus funcionários com recursos para ajudá-los a cuidar de seu bem-estar financeiro. Apesar de três quartos (77%) dos líderes de RH entrevistados terem dito que oferecem algum tipo de benefício de educação financeira, o estudo revelou que uma média de 38% dos funcionários não estão usando os recursos principalmente por causa de dois fatores: qualidade e conscientização.
A maioria desses colaboradores (23%) disse que não utiliza seus benefícios financeiros porque são ruins. Além disso, a falta de comunicação entre empregadores e empregados se mostrou uma razão para inutilização dos serviços: 21% disseram que não sabem como começar a usá-los, enquanto 19% responderam que nem mesmo sabiam que tais benefícios existiam.
Para André Barretto, fundador e CEO da plataforma de orientação financeira n2, cuidar do bolso do funcionário é uma estratégia inteligente para as empresas aumentarem seus resultados, encontrando formas para que o trabalhador aprenda a lidar melhor com o dinheiro. Na visão do empresário, os empregadores que não encaram esse problema acabam tendo prejuízos com a folha de pagamento decorrentes do presenteísmo dos trabalhadores – situação em que a pessoa está fisicamente presente no trabalho, mas com a mente em outro lugar. “Além de o estresse financeiro diminuir a produtividade do trabalhador, ele fica mais suscetível a acidentes”, explica.
Ele também considera que, por vezes, os empregadores desejam destinar recursos para ajudar os empregados com as contas pessoais, mas não sabem como. “O mais comum é que as empresas ofereçam palestras e workshops anuais sobre investimentos e educação financeira para ajudar o funcionário. Mas isso geralmente não resolve porque já existe muito conteúdo sobre o assunto. O que falta é uma aproximação de um especialista financeiro, acolhendo o trabalhador, entendendo exatamente sua dor e necessidade, oferecendo ajuda”, afirma Barretto.