Metal Mecânica

Receita do setor de bens de capital cresce em 2019, investimentos setoriais devem aumentar em 2020

 

 

A indústria brasileira de bens de capital mecânicos fechou o ano de 2019 com receita líquida total de R$ 82.439,80 milhões, com crescimento de 0,7% em comparação a 2018, segundo dados divulgados pela Abimaq no dia 27 de janeiro. A variação é bem menor que a projetada pela entidade no início de 2019 (5 a 6%) ou mesmo a esperada de 1,6% no mês de novembro de 2019.

 

O desempenho setorial de dezembro de 2019, de fato, ficou bem abaixo do esperado. No mês, a receita líquida total de R$ 5.905,11 milhões foi 9,2% inferior ao do mês de novembro e 5% menor que a de dezembro de 2018. “As férias coletivas, comuns nessa época do ano, influenciaram no fraco resultado de dezembro”, justifica a Abimaq.

 

Claro, não são resultados para comemorar, mas a Abimaq divulgou alguns dados interessantes. A receita líquida interna no ano de 2019 no total de R$ 46.356,30 milhões está 7,1% acima da observada em 2018. No mês dezembro, a receita líquida interna de R$ 2.977,58 milhões foi 4,3% menor que a de novembro e 1,2% inferior ao mesmo mês de 2018.

 

O consumo aparente, que reflete os investimentos realizados em bens de capital no Brasil, somou R$ 126.228,08 milhões em 2019, o que indica um crescimento de 15,1% na comparação com o ano anterior. No mês de dezembro, o consumo aparente no total de R$ 8.892,60 milhões foi 2% menor que no mês anterior, mas 12,1% superior ao verificado no mesmo mês de 2018.

 

EXPORTAÇÕES – Observando esses números fica patente que o comportamento do mercado interno foi positivo. O que puxou os resultados para baixo foram as exportações, que em 2019 somaram US$ 9.026 milhões 7,2% inferiores aos do ano de 2018. No mês de dezembro, as vendas externas totalizaram US$ 712,36 milhões com queda de 12,8% em relação a novembro e de 9,7% na comparação com dezembro de 2018. Para a Abimaq, a queda se deve à redução no ritmo de crescimento das principais economias mundiais, especialmente dos países da Zona do Euro e América do Sul.

 

Em 2019, a redução das exportações foi observada em praticamente todos os setores de máquinas e equipamentos. Segundo dados da Abimaq, houve crescimento apenas nas vendas externas de componentes, que aumentaram e passaram a representar mais de um quarto das exportações setoriais (27,4%).

No mês de dezembro, o desempenho negativo foi observado em variados setores, mas variações positivas foram vistas em dois segmentos: máquinas para petróleo e energia renovável e máquinas para agricultura.

 

Em dezembro de 2019, as vendas para o mercado dos Estados Unidos representaram quase um terço do total de máquinas exportados, mas observa-se ritmo mais lento nas vendas para o mercado norte-americano. De qualquer forma as exportações para os Estados Unidos somaram US$ 2.752 milhões em 2019, contra os US$ 2.392 milhões de 2018, o que representa um aumentou de 15%.

 

As exportações para os países latino-americanos já representaram mais de 50% das exportações setoriais. Porém, em 2019 a participação ficou bem menor devido à retração das compras em diversos países, como a Argentina, que reduziu suas compras em 28,1%. Em outros países também foram observadas reduções: Paraguai, queda de 23,8% e Chile, queda de 9%. O volume de exportações para México, Colômbia, Bolívia, Equador e Uruguai também caiu. As exportações para o mercado latino-americano caíram de US$ 2.996 milhões em 2018 para US$ 2454 milhões em 2019 – 18,1% a menos.

As vendas para a Europa também sofreram forte redução. Caíram de US$ 2.080 milhões em 2018 para US$ 1.499 milhões em 2019, redução de 27,9%. Entre as principais quedas estão as exportações para a Holanda (-23,5%) e para a Alemanha (-16,5%).

 

IMPORTAÇÕES – Em 2019 o volume de importações deu um salto de 19,2%, totalizando US$ 17.490,52 milhões. A Abimaq explica que parte desse aumento se deve às alterações legais decorrentes do Repetro-Sped, que proporcionaram mudanças na propriedade dos equipamentos de pesquisa e exploração de gás natural, de subsidiárias localizadas no exterior para empresas sediadas no Brasil.

 

O crescimento, que começou em maio de 2019, é sustentado principalmente pelas aquisições de componentes para geração de energia, válvulas, tubulações, e equipamentos de sondagem e exploração de óleo e gás.

 

No mês de dezembro, as importações no valor de US$ 1.262,56 foram 0,2% superiores às do mês de novembro e 18,8% acima do mês de dezembro de 2019.

 

CONSUMO APARENTE – O consumo aparente em 2019 aumentou 15,1%. Tal resultado foi decorrente da combinação dos aumentos nas vendas ao mercado interno e da entrada de produtos importados, que são os grandes responsáveis pela alta – os importados detêm 63% da participação do mercado.

 

Em 2019, o setor operou com elevada ociosidade. Em dezembro atuou com 71% da capacidade instalada, recuo de 0,8% em relação ao mês anterior. No ano, a média de utilização da capacidade instalada foi de 75%.

 

O setor fechou o ano com 302.350 pessoas ocupadas, 3% a mais que em 2018.

 

INVESTIMENTOS – A indústria de bens de capital projeta investir R$ 4.615.449 em 2020,  um aumento de 22,9% em relação aos investimentos realizados em 2019.

 

As médias empresas é que mais devem aumentar o volume de investimentos em 2020. A previsão é os investimentos das empresas de porte médio somem R$ 2.727.641, com aumento de 51,2% em relação aos investimentos de R$ 1.803.501 realizados em 2019.

 

As empresas de micro e pequeno portes preveem investir R$ 263.639 ou 8,3% a mais que os R$ 243.351 realizados em 2019.

 

Já as grandes empresas devem investir R$ 1.624.169, uma redução de 5% em relação aos 1.709.721 realizados em 2019.

 

Em 2019, o total de investimentos realizados superou o previsto em 30,1%. A previsão era de investimento total de R$ 2.886.722 e o realizado foi de R$ 3.756.573.

 

Empresas de todos os portes investiram mais de o previsto em 2019.  As micro e pequenas empresas previam investir R$ 238.187 e realizaram R$ 243.351 (+2,2%); as médias empresas previam investir R$ 1.022.439 e realizaram 1.803.501 (+76,4%); e as grandes previam investir R$ 1.626.097 e realizaram R$ 1.709.721 (+5,1%). (Franco Tanio)

 

 

 

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