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A retomada do desenvolvimento na indústria nacional

Renato Fonseca (*)

A desindustrialização no Brasil é real e estrutural. Esse cenário é bem percebido em nosso mercado, apesar das expectativas de crescimento para o ano, no setor de autopeças, apontarem o índice de 8,4% sobre 2018, de acordo com a projeção econômica do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).

O fato é que contamos com uma possível melhora, mas podemos afirmar que ela se configurará de forma muito lenta. Devemos lembrar que parte dessa perspectiva de desenvolvimento no setor, vem da espera de aprovação das reformas necessárias. Mas, em quanto tempo o reflexo das mudanças, advindas dessas reformas, chegará de forma realmente efetiva?

Fatores já amplamente discutidos e sabidos como o custo e a complexidade tributária, custos financeiros, trabalhistas, logísticos travam a competitividade da indústria nacional. Destravar essas amarras é fundamental para o Brasil voltar a se desenvolver e o motor do desenvolvimento, o que mais emprega, são justamente as micro, pequenas e médias empresas.

Esses fatores desestimulam o crescimento e deixam as PMEs vulneráveis ao poder econômico das multinacionais, que ainda contam com inúmeros benefícios tais como isenções, incentivos, custo financeiro e, portanto, tornam-se mais competitivas. Elas conseguem transitar nesse cenário de forma estruturada, e se adaptam às intempéries de negócios regionais de maneira mais confortável. É possível, por exemplo, sustentarem uma operação no Brasil por anos sem gerar lucro.

Tudo isso faz com que a indústria nacional, e estendo esse cenário ao setor de autopeças, esteja fragilizada e com baixa capacidade de investimento, além, é claro, de estar sujeita a competição por vezes injusta das corporações transnacionais.

Na Automec esse panorama torna-se visível e bem compreendido, haja vista a quantidade de estandes das empresas da China, Coréia, Taiwan, Turquia e outros países, que podem não terem ocupado os maiores espaços, mas certamente contabilizaram a grande parcela de expositores na feira.
Por outro lado, a maior área ocupada esteve predominantemente tomada por multinacionais e importadores. O retrato do evento, que é o maior do país no segmento de autopeças, demonstra a cada vez mais reduzida participação da pequena e média indústria.

É sabido que o mercado automobilístico promete grandes mudanças para os próximos anos, calcadas principalmente na inovação tecnológica. Mas, a grande questão é se as pequenas e médias indústrias terão capacidade de acompanhar essas inovações, tendências, que chegam com a tecnologia, tendo em vista todas as questões que assolam o setor.

Com esse cenário, 2019 pode fechar com o crescimento estagnado, o que é ainda mais grave quando levarmos em consideração que viemos de anos sucessivos de quedas no faturamento. O que nos resta é torcer para que as reformas venham rápido e sejam efetivas e assertivas para que a indústria nacional comece a “respirar um pouco” e contribuir com desenvolvimento do país na geração de emprego e renda.
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(*) O autor é é diretor de Relações Institucionais da – Associação Nacional das Fabricantes e Comercializadores de Autopeças para o Mercado de Reposição (Anfape).

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