Balanço da inovação no Brasil: as mudanças para alcançarmos melhores posições no ranking global
Brasil subiu cinco posições no Índice Global de Inovação (IGI), levantamento anual que avalia 132 países, de acordo com uma série de indicadores relacionados à inovação. Porém, apesar de aparecermos no 57º lugar este ano, o país ainda encontra-se com dez posições a menos do que a ocupada há uma década. Isso porque, estagnamos em uma zona próxima ao 60º lugar, com movimentações mínimas que mostram que as mudanças que implementamos como nação não são rápidas e suficientes para ultrapassarmos outros países do mundo.
São muitas as iniciativas necessárias para melhoria do posicionamento do Brasil, como a criação de um plano de país e não de governo, a promoção de uma agenda efetiva de melhoria do ambiente de negócios, investimentos em infraestrutura de pesquisa aberta e de larga escala, capacitação da mão de obra em tecnologia, construção de uma economia mais aberta e internacionalizada.
Vale lembrar que algumas ações importantes já foram tomadas recentemente, como a liberação dos recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que pode impactar positivamente o posicionamento brasileiro no próximo ranking global. Portanto, é imprescindível garantir que o orçamento aprovado do fundo seja, de fato, realizado, principalmente no que diz respeito aos recursos não reembolsáveis. Reforço, ainda, que o país pode melhorar seu posicionamento se potencializar o apoio às empresas que promovem inovação, otimizar políticas públicas, bem como fazer um melhor uso dos recursos financeiros e humanos.
Levando em consideração que o IGI traz um balanço comparativo entre países, é uma boa estratégia intensificar, cada vez mais, a aplicação das tecnologias nos setores de soberania. A agricultura sustentável e os recursos naturais para energia limpa e acessível têm potencial para solucionar desafios mundiais relacionados à fome e ao clima. No entanto, para conseguirmos um crescimento progressivo no futuro, o Brasil precisa acelerar o passo das mudanças para o crescimento da inovação em todos os setores.
ANÁLISE GLOBAL – Em uma avaliação detalhada das classificações, dentre 81 indicadores, os que o Brasil apresentou melhor resultado, sendo estas consideradas “forças”, estão voltadas à “escala do mercado interno” – mantendo a oitava posição ao qual ocupa desde 2019 -, “Gastos com educação em percentual do Produto Interno Bruto (PIB)”, “Valores pagos por uso de Propriedade Intelectual em percentual do comércio total”, “Participação eletrônica” e “Serviços governamentais online”.
As pontuações mais baixas foram apuradas nos indicativos de “Formação bruta de capital” (116ª colocação, em 2020, frente à 115ª, em 2019), que, em conjunto com a piora no “Índice de produção de energia”, resultou em uma baixa classificação voltada à “Infraestrutura geral” (saímos do 102º lugar, em 2019, para a 107ª, no ano passado). Além disso, outros critérios que continuam preocupando bastante estão voltados à “Facilidade para abrir uma empresa”, à “Mobilidade de estudantes no ensino superior” e ao “Crédito” – métrica puxada pela queda expressiva na “Facilidade de obtenção de crédito”, que passou da 87ª posição para a 94ª, de 2019 para 2020.
Basicamente, nos últimos dez anos, todo o movimento dos países do BRICs – agrupamento formado por Brasil, Rússia, Índia e China -, foi relevante, com exceção do Brasil. Para se ter ideia, a Índia saiu da 62ª colocação para a 46ª, em 2021. Já a Rússia, foi do 56º lugar para o 45º lugar. E, no caso da China, o país saiu da 29ª posição para a 12ª posição.
Neste mesmo período, outros países, apesar de estarem em posições baixas anteriormente, tiveram um crescimento progressivo representativo, como as Filipinas, que foi do 91º lugar para o 51º lugar; a Turquia, saindo da 65ª colocação para a 41ª colocação; e, por fim, o Vietnã, que se encontra no 44º lugar (anteriormente, o país ocupava a 51º lugar).
(*) A autora é diretora executiva da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei).