BNDES cria produto para fortalecer cadeias produtivas com foco nas MPMEs
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) decidiu tornar permanente o produto de crédito criado no primeiro ano de pandemia, visando o fortalecimento de cadeias produtivas nacionais. O objetivo do BNDES Crédito Cadeias Produtivas é permitir que fornecedores tenham acesso a recursos com taxas menores por meio de empresas maiores (âncoras).
As cadeias produtivas são formadas por uma complexa rede de interações entre diversas empresas de diferentes portes, tendo, em geral, as maiores companhias como centro deste relacionamento. Estas grandes empresas destacam-se pelo papel de coordenação sistêmica, de onde decorre o conceito de âncoras. Assim como cada pequena empresa depende da sua relação com o centro da cadeia, a âncora depende de uma rede saudável e funcional – tendo interesse que seus principais fornecedores e/ou distribuidores (empresas ancoradas) tenham acesso a crédito, de forma a prover melhores produtos e serviços.
Desta forma, a empresa âncora contrata o crédito direto com o BNDES e atua como repassadora de recursos para as micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) de sua cadeia (ancoradas), porém sem auferir lucros ou se remunerar pelo risco, o que lhes confere acesso a um crédito com taxa de juros mais atrativa.
“Além da expansão do acesso ao crédito, essa forma de atuação possui outros benefícios para todas as partes: as MPMEs se beneficiam do custo financeiro baseado no risco da operação com a grande empresa; a âncora fortalece o relacionamento com seus fornecedores/distribuidores; e o país é beneficiado com uma cadeia produtiva mais competitiva”, explica Bruno Aranha, Diretor de Crédito Produtivo e Socioambiental do BNDES.
O custo financeiro pode ser referenciado em TLP ou Selic, somando-se a este a taxa de remuneração básica de 1,1% a.a. e o spread de risco a ser definido de acordo com o rating da âncora e das garantias oferecidas. O prazo total pode ser de até 60 meses, incluindo até 24 meses de carência. O cliente tem até dois anos para utilização dos recursos, não podendo ter empresas do próprio grupo entre as ancoradas. O valor mínimo do contrato com o BNDES é de R$ 20 milhões, não havendo limite inferior para cada desembolso da âncora para as suas ancoradas.
O Banco também instituiu uma esteira de crédito simplificada, com a redução nos trâmites exigidos para análise de crédito e no acompanhamento das operações, agilizando a concessão e a liberação do empréstimo. A estrutura permite uma análise mais ágil e rápida em comparação com as operações de investimento maiores e mais complexas – que demandam níveis mais aprofundados de avaliação.
Por fim, sem restrição quanto ao setor elegível e considerando a sua natureza de capital de giro, o BNDES Crédito Cadeias Produtivas se mostra interessante, tanto para os setores que já vislumbram uma retomada econômica e precisam investir, quanto para os que se defrontam com o alongamento dos efeitos da pandemia e passam por restrição de liquidez, evitando, assim, tanto eventuais gargalos no crescimento da cadeia nos períodos de retomada quanto o risco de desmantelamento dos elos menores nos períodos de crise.
O BNDES Crédito Cadeias Produtivas teve como inspiração o programa de crédito emergencial, lançado em junho de 2020, que permitia o repasse de capital de giro de empresas âncoras para MPMEs afetadas pela crise econômica decorrente da pandemia da Covid-19, tendo em visto o risco de desmantelamento de cadeias produtivas locais. Até março de 2022 foram desembolsados R$ 203 milhões para quatro âncoras, os quais foram repassados para 157 ancoradas, atestando o seu efeito multiplicador.