B&R discute caminhos para o aumento da produtividade com o uso da automação industrial
A B&R – empresa global de automação industrial, sediada na Áustria e que desde julho de 2017 é uma unidade de negócios da ABB – realizou nos dias 5 e 6 de abril o Innovation Days 2018, sob o tema inovação e tecnologia, um olhar para o futuro, em Florianópolis (SC), com a participação de cerca de 90 convidados, representando 60 empresas (foto).
O evento, em sua segunda edição no Brasil, se caracterizou por ser um fórum de debates em que se discutiu temas que estão no topo agendas dos empresários industriais, que buscam aumentar a qualidade e a produtividade por meio da utilização recursos da automação.
“Tendências em robótica e automação industrial e automação flexível” foi o tema abordado por Daniel Diniz, channel development manager da ABB, uma das líderes mundiais na produção de robôs. De acordo com ele, em 2016 o mercado de robôs industriais cresceu 16% no mundo, contra 3% da economia global.
Apesar da baixa densidade de robôs no Brasil (são 12 unidades para cada 10 mil trabalhadores na indústria), hoje já há pequenas e médias empresas investindo em projetos de robótica, na indústria de alimentos, por exemplo.
Atualmente o mercado brasileiro demanda de 3 a 4 mil robôs ao ano, mas tem potencial para 5 a 6 mil unidades anuais, segundo o gerente da ABB. “O Brasil tem uma demanda reprimida grande”, afirma.
De acordo com Diniz, a ABB deseja ter a fatia de 20% do mercado global até 2020, comercializando cerca de 100 mil robôs anuais. Em 2017 foram 60 mil robôs.
Além do uso cada vez maior de robôs industriais, uma tendência que se nota é a crescente popularização dos robôs colaborativos. Nesse segmento, a ABB conta com o Yumi.
“IMS: integrated manufacturing solutions. A base da fábrica inteligente” foi o tema tratado por Sidnei Baronio, especialista em planejamento industrial da Stihl, e Peterson Borgelt, analista de tecnologia da automação, da mesma companhia.
Basicamente um case, os palestrantes contaram como está sendo realizado o processo de transformação da unidade fabril brasileira rumo à manufatura inteligente. Parece óbvio, mas o processo de transformação que já produz resultados positivos começou por um levantamento do estado das 620 máquinas que a empresa utiliza na unidade brasileira. Dessas máquinas, 170 se mostraram antigas demais para serem atualizadas para aplicação no contexto atual da companhia. Outro detalhe é que se optou por um desenvolvimento de projeto local, sem tomar como base o que foi feito na sede da companhia na Alemanha. O motivo também é fácil de entender – a unidade brasileira está inserida num contexto diverso do alemão.
Já Enrico Paolucci, end user global account manager da B&R Itália, falou sobre as “Tendências e soluções de mercado em diferentes indústrias”. Para ele, apesar das necessidades particulares de cada tipo de empresa, existem conceitos que são aplicáveis em todos os projetos. O gerente ainda frisa que sua empresa não só tem uma ampla gama de soluções de hardware e software, como também expertise para atender as demandas atuais e futuras das empresas.
“Desafios logísticos do mercado de distribuição e óleo e gás”, palestra de Roberto Estevão, diretor da PH Master, chamou a atenção, pois a B&R ainda tem pouca atuação nesse segmento de mercado no Brasil.
Questionado sobre o motivo de a palestra ter sido colocada na grade, Evandro Avancini, diretor da B&R Brasil disse que sua empresa deseja ampliar a participação no segmento, especialmente nos centros de distribuição de combustíveis já que as soluções da companhia podem ser aplicadas de forma a torná-los mais eficientes. Outro mercado em que a B&R prevê atuação mais intensa é de gasodutos.
O Innovation Days também contou também com um espaço para a apresentação de soluções da companhia. Um dos destaques foi o ACOPOStrak, um lançamento recente. De forma simplificada, trata-se de um sistema inteligente de transporte e, segundo a companhia, o primeiro no mundo que possibilita economia tanto em altas produções, como em lotes unitários.
Os desviadores totalmente eletromagnéticos do ACOPOStrak dividem e fundem os fluxos dos produtos na velocidade total de produção. Entre suas vantagens estão a capacidade de permitir a inclusão de pistas de desvios no laytout, sem dificuldades, o que o torna extremamente flexível.
O sistema pode atingir a aceleração de 5 g e chegar a velocidade de 4 m/s, com passo mínimo de 50 mm. A troca de produtos é também extremamente simples. Pode ser aplicado nas indústrias farmacêuticas e alimentícias. A companhia conta com outras soluções para transporte em linhas de produção, que atendem vários outros segmentos.
Outra solução que chamou a atenção é a Orange Box. A solução integrada de hardware e software foi lançada ano passado e começa a ser adotada no Brasil. Segundo Evandro Avancini, cases com Orange Box já podem ser encontrados nos segmentos de mineração, alimentício e farmacêutico. “Não posso divulgar os nomes das companhias porque elas não autorizaram”, afirma.
Em outros mercados como o alemão, a solução vem sendo bastante aplicada nos mais variados segmentos industriais, de acordo com Enrico Paolucci. “São cerca de 120 cases na Alemanha e 200 na Europa”, afirma.
Para Paolucci, a aceitação do produto é grande porque permite adequar os equipamentos mais antigos às necessidades atuais, com investimento bem menor.
A solução Orange Box possibilita aos operadores de máquina coletar e analisar dados de máquinas e linhas até então isoladas, de forma a torná-las prontas para a manufatura inteligente.
Um Orange Box consiste de um controlador e da tecnologia mapp de blocos de software preconfigurados conhecidos como mapps. O controlador coleta os dados operacionais de qualquer máquina via canais de entrada e saída ou conexão fieldbus. A partir desses dados, o mapps gera e mostra os índices de OEE (Overall Equipment Effectiveness) e outros KPI (Key Performance Indicator ou indicadores de performance chave). Também pode compartilhar a informação com sistemas de nível mais alto via OPC UA.
“O setor de máquinas e equipamentos e a Indústria 4.0” foi a palestra dada por João Alfredo Delgado, diretor executivo de tecnologia da Abimaq, que falou da necessidade de modernização da indústria brasileira, embora essa modernização não signifique necessariamente a troca de todos os equipamentos mais antigos, já que muitas vezes um retrofite pode ser a solução mais adequada, considerando a capacidade de investimento da companhia. Delgado diz ainda que uma empresa pode começar a caminhada em direção à Indústria 4.0, com projetos piloto com a adição de novas tecnologias.
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(texto: Franco Tanio/foto: divulgação. O jornalista viajou a convite da B&R)