Metal Mecânica

Brasileiros sonham de novo com o esportivo Puma

Pelo visto, está sendo bem sucedida a retomada da produção dos icônicos carros esportivos Puma, que colocaram o Brasil no mapa mundial deste seleto segmento automobilístico nos anos 1960 e 1970. Responsável pela volta da marca no ano passado, a Puma Automóveis confirmou que irá construir uma fábrica e um centro de desenvolvimento e engenharia em Botucatu, importante cidade industrial e universitária do centro-sul do estado de São Paulo.

Os diretores da empresa já assinaram, inclusive, um contrato para a utilização de uma sala no núcleo administrativo do Parque Tecnológico Botucatu e um protocolo de intenções prevendo a apresentação do projeto da unidade fabril, que, caso seja aprovado, receberá uma área ainda a ser definida pela prefeitura para a futura implantação. A área será doada pelo município já dotada da necessária infraestrutura.

A intenção é de que as obras – cuja previsão de início é janeiro de 2019 – recebam investimento de R$ 50 milhões na sua primeira etapa, podendo chegar a R$ 250 milhões nas etapas seguintes. A princípio, a fábrica e o centro de pesquisa e desenvolvimento do Puma em Botucatu deverão ocupar 3 mil m² de área construída, com a expectativa de esta seja ampliada até chegar a 23 mil metros quadrados.
A unidade deverá contar com cinco módulos para abranger todos os produtos da Puma, que, além de automóveis (nas categorias competição e de rua), também fabrica hoje barcos, motocicletas, bicicletas e quadriciclos. No local também deverá ser construída uma pista de testes de veículos automotivos.

A Puma Automóveis pretende ainda desenvolver um programa de preservação e conservação do meio ambiente, através de ações de reflorestamento, recuperação ambiental, reciclagem, destinação correto de resíduos, reutilização da água e educação ecológica voltada para os funcionários e as comunidades do entorno.

De acordo com o presidente da Puma Automóveis, Luiz Carlos Gasparini Alves da Costa, a expectativa é de que sejam gerados cerca de 150 empregos na fase inicial das atividades, vários deles altamente especializados. “Um nosso outro objetivo é fazer com que a fábrica de Botucatu seja também um núcleo exportador de tecnologia”, diz Costa. “Para isto ser possível, só com um corpo técnico de alta qualificação”.

PROJETO MALZONI – Criado em 1964, o Puma entrou para a história como a marca brasileira que produziu o maior número de automóveis esportivos – em seus 26 anos de produção, mais de 25 mil carros foram fabricados, parte deles para o mercado externo, já que a marca, bastante inovadora, trazia novos elementos tecnológicos e de design não apenas para a indústria nacional, mas também para o segmento em nível mundial.

O primeiro Puma foi projetado pelo lendário designer automotivo Genaro “Rino” Malzoni. O modelo original era construído de metal e destinado às corridas, levando não o nome Puma na carroceria, mas, sim, o nome do fabricante.

Vitorioso em várias corridas e tendo chamado a atenção do público também por conta do seu belo e arrojado design, o GT Malzoni rapidamente daria origem a uma sequência de modelos comerciais, todos eles seguindo as tendências de design e tecnologia mecânica do Malzoni original (nome posteriormente utilizado para designar apenas a versão esportiva do Puma), mas com a produção adaptada à disponibilidade de fornecedores e peças.

O conceito adotado por Malzoni foi de projetar e fabricar carrocerias em fibra de vidro, montar esta carroceria sobre a plataforma de um veículo de passeio – com motor e suspensão modificados para melhor desempenho – e agregar um acabamento compatível com um carro de proposta esportiva. Basicamente, o Puma utilizou em seu motor mecânicas DKW (3 cc), Volkswagen (4 cc) e General Motors (4 e 6 cc).
Era um veículo para poucos bolsos, embora, naturalmente, mais barato que similares importados. No bojo do seu sucesso, a fábrica também produziria caminhões, até que as dificuldades financeiras encerrassem o negócio em 1988.

Desde o seu retorno pelas mãos da Puma Automóveis, a marca está representada pelo Puma 52 (fabricado especialmente para as pistas) e a sua variante de rua, o Puma GT 2.4 Lumimari, apresentado no final do ano passado. O nome Lumimari é uma junção das sílabas iniciais dos nomes dos atuais sócios: Luis Roberto Alves da Costa, Milton Masteguin, Mario Cesar Camargo Filho e Rino Malzoni.

O modelo custa salgados R$ 150 mil, mas vale o preço. Traz como diferencial o teto removível desenhado pelo designer Du Oliveira, que se inspirou no Puma GTE de 1970 para fazer o que de fato é uma profunda releitura. Enquanto o novo Puma é um targa – ou seja, tem apenas a seção central do teto removível – o antecessor tinha uma versão totalmente conversível.

De qualquer forma, o desenho manteve toques do original, em especial os faróis e as colunas traseiras fendidas por entradas de ar. A refrigeração é garantida ainda por dutos de refrigeração. A traseira conta com lanternas próprias de leds e saídas de escapamento integradas ao para-choque. O chassi é constituído por uma estrutura tubular de fibra de vidro e aço carbono, comum nos esportivos artesanais.

A motorização refrigerada a ar típica dos Pumas ficou no passado, pois o Lumimari vale-se de um motor 2.4 flex com 183 cv e 25 kgfm de torque, especialmente concebido para o modelo. O motor mudou de lugar também, deixando de ser traseiro e passando à posição central traseira, na transversal.

O resultado é um esportivo que se destaca pela boa performance e pela leveza.  Com 915 kg, o Puma Lumimari tem relação peso/potência de 5 kg/cv, a mesma do Mini Cooper JCW. Mas, em nome da esportividade, o câmbio de seis velocidades é manual e a suspensão é independente em ambos os eixos, que adotam o esquema de duplos braços triangulares, típico das pistas.

Os freios são ventilados com pinças de alumínio de quatro pistões para garantir frenagens curtas. As rodas de liga leve de 17 polegadas lembram o design original usado pelo Puma GTE. Os pneus também são de alto desempenho. (Alberto Mawakdiye)

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