Como inspecionar equipamentos industriais
Rodrigo Cunha (*)
A manutenção industrial muitas vezes exige a inspeção e o acesso a componentes que são difíceis de alcançar ou que estão dentro de peças complexas do equipamento. Ao inspecionar turbinas, trocadores de calor, caixas de engrenagens, motores, bombas, válvulas, compressores ou tubulações, os técnicos de manutenção sabem que o que não é visto pode causar problemas perigosos, caros e demorados para resolver. Eles estão sempre buscando maneiras de inspecionar equipamentos industriais pesados sem ter de removê-los.
Com o avanço da tecnologia na área industrial, surgiram equipamentos capazes de realizar rapidamente esse tipo de tarefa, apresentando aos técnicos de manutenção o que está dentro de tubulações, turbinas, caixas de engrenagens, motores e áreas difíceis de acessar em equipamentos rotativos e válvulas. Os profissionais conseguem enxergar o que é necessário sem desmontar o equipamento, além de coletar imagens e vídeos das áreas importantes para analisar em detalhes, gerar relatórios e estabelecer um parâmetro e um histórico de manutenção de cada ativo.
Câmeras de inspeção em vídeo economizam tempo e reduzem riscos. A utilização de ferramentas como o boroscópio dentro de uma estrutura industrial pode reduzir significativamente o tempo de inatividade de máquinas e aumentar a produtividade ao oferecer uma visão clara e em tempo real do que está acontecendo em um componente específico. Os boroscópios consistem em um tablet que se conecta a uma ponta de prova flexível e equipada com um gerador de imagens e uma fonte de luz na ponta. A ponta de prova é inserida em uma tubulação ou abertura de inspeção no componente e apresenta ao usuário uma visão de diagnóstico do que está acontecendo dentro. Isso ajuda os técnicos a identificar as causas principais de modo mais rápido e oferecer evidências para documentação.
A equipe pode utilizar esse tipo de tecnologia para inspecionar o componente, coletar dados ou fotos detalhados e analisar o resultado para encontrar os problemas. Somente se encontrarem problemas será necessário desmontar o equipamento, realizar a manutenção e montar a máquina novamente. Em instalações industriais, boroscópios robustos permitem que os técnicos acessem tubulações com rapidez, assim como todos os tipos de componentes difíceis de alcançar para encontrar condições que podem impactar a produção.
Como os boroscópios economizam horas de inspeção, é possível realizar inspeções com mais frequência, o que resulta na detecção precoce de problemas e melhores decisões de manutenção. Suas aplicações podem ser muito úteis para inspecionar equipamentos industriais, como:
1. Trocadores de calor: Confira a integridade do revestimento anticorrosão em tubulações de permutadores de calor, tanto durante a produção quanto no uso do permutador.
2. Tubulações e tambores de pressão: Instalações petroquímicas têm inúmeras tubulações de pressão que operam em alta temperatura e condições de alta pressão. Inspecione essas tubulações para detectar corrosão interna ou um bloqueio que pode levar a consequências graves, incluindo a explosão de uma tubulação.
3. Tubulação principal de superaquecedores: O vapor superaquecido pode fazer com que o material dentro dos tubos de vapor e das tubulações principais do superaquecedor degrade ou rache. Por sua vez, isso pode fazer com que objetos estranhos se acumulem, causando obstruções e colocando em risco a operação segura da caldeira em longo prazo. Inspecione essas condições antes que atinjam um ponto crítico.
4. Tubulação principal de dessuperaquecedores: Um dessuperaquecedor normalmente fica localizado perto do superaquecedor para manter a temperatura do vapor dentro dos limites aceitáveis e reduzir riscos em longo prazo para a caldeira. Por isso, está sujeito às mesmas obstruções, rachaduras e condições de degradação que o superaquecedor. Monitore e detecte essas condições para evitar possíveis problemas futuros.
5. Tubulação principal do economizador: No processo de absorver o calor dos gases de combustão em alta temperatura e reduzir a fumaça causada pela temperatura de escape, o economizador está sujeito a bloqueios e obstruções causadas por objetos estranhos e corrosão. Identifique essas condições antes que o acúmulo afete o desempenho.
6. Tubulação inferior de paredes d’água: Peças de metal podem cair no tambor de vapor, e lama pode se acumular e obstruir o interior da tubulação inferior da parede d’água. Um boroscópio com uma fonte de luz forte e uma ponta de prova que possa manter a forma mesmo em altas temperaturas pode encontrar obstruções e acúmulos na área da tubulação principal.
7. Tubulação principal do reaquecedor: Assim como outras tubulações principais da caldeira, a tubulação principal do reaquecedor está sujeita a corrosão e obstrução. Fique atento para detectar objetos estranhos ou obstrução na tubulação principal.
8. Encanamento de fornalhas internas e externas: Verifique corrosão em paredes internas e rachaduras dentro de tubulações de fornalhas internas e externas através do cotovelo da tubulação.
9. Interior de turbinas de vapor: A parede interna de uma turbina de vapor deve ser inspecionada em busca de corrosão, rachaduras e outros danos através do orifício de observação.
10. Soldas de peças: Um boroscópio é uma ferramenta excelente para inspeções de controle de qualidade de soldas de peças. O boroscópio selecionado deve ter uma ponta de prova com um diâmetro pequeno e flexível o suficiente ser inserido com facilidade em peças de vários tamanhos e formatos. Também deve ter um gerador de imagens de alta definição e uma tela para facilitar a visualização de orifícios profundos, não visíveis ou intercalados, rebarbas ou acúmulo de material.
11. Infraestrutura de água e esgoto: Equipe os funcionários de manutenção municipal com equipamentos robustos para aumentar a velocidade e a qualidade das inspeções da infraestrutura de linhas de água e esgoto.
12. Números de peça: Localize e identifique números de peças de componentes internos que precisam ser substituídos e encomende a peça antes do desgaste do equipamento.
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(*) O autor é gerente Nacional de Vendas da Fluke do Brasil.