Complexo Eólico Wind Park será o maior Rio Grande do Sul
Um novo projeto pode se tornar o maior complexo de energia eólica no Rio Grande do Sul – e um dos cinco maiores no Brasil. O Complexo Eólico Wind Park deverá ser localizado em Rio Grande, às margens da BR-471. Com investimento estimado em R$ 3,3 bilhões, serão 150 aerogeradores com capacidade de 4,5 MW cada, chegando, ao todo, a 675 MW. Será o maior empreendimento gaúcho desse segmento – o de Campos Neutrais, no Chuí, possui capacidade instalada de 582,8 MW.
O projeto, que está em fase de licenciamento ambiental, obteve o termo de referência da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e concluiu estudos de impacto ambiental exigidos. A empresa avalia que a licença prévia deve ser obtida no início de 2023. Além disso, já aguarda o Despacho de Registro de Outorga (DRO) da Aneel, permitindo a solicitação de acesso ao sistema de conexão elétrico para escoamento da energia a ser produzida, momento em que o projeto já poderá receber investidores interessados.
Na avaliação de Pablo Castellarin, sócio-diretor da Wind Park, o projeto se diferencia por ter um conjunto de fatores positivos: logística facilitada, proximidade da conexão elétrica com a subestação na região e qualidade do recurso eólico, entre outros. “Será um empreendimento completo por congregar diversos atributos que dificilmente são encontrados em outro lugar do Brasil”, defende.
JANELA DE OPORTUNIDADE – Para o executivo, o Rio Grande do Sul passa por uma “janela de oportunidade” por uma série de conjunturas. Com a mudança gradativa na racionalização do modelo de tarifas de transmissão pela Aneel para os geradores (Tust), projetos mais próximos de grandes centros de carga consumidores e com infraestrutura de rede disponível (como Sul e Sudeste) sairão na frente – uma vez que os agentes que estão mais distantes e oneram mais o sistema interligado nacional (SIN) deverão pagar proporcionalmente mais pelo acesso.
Especificamente no caso do Rio Grande do Sul, segundo o executivo, há dois fatores que chamam a atenção de investidores. Em primeiro lugar, há um esgotamento da capacidade de conexão nos projetos do Nordeste, o que faz com que mais empresas busquem alternativas na região. E, da mesma forma, a alteração regulatória no modelo de tarifação no Uso do Sistema de Transmissão (Tust) privilegia o sinal locacional. “Regiões com disponibilidade de conexão, como é o caso do RS, se tornam mais seguras e atrativas para os geradores ”, reforça Castellarin.
Considerado um dos grandes polos de parques eólicos no Brasil, o Rio Grande do Sul retoma o protagonismo no setor eólico, pois se torna a nova fronteira no mercado, face ao enorme potencial de expansão, segundo o executivo. “E com a modernização dos atuais aerogeradores, que têm melhor potência e maior altura, será possível atingir novos fatores de capacidade nunca antes encontrados aqui”, destaca.
VANTAGENS COMPETITIVAS – Desde 2010, torres anemométricas estão em funcionamento no local projetado para o Wind Park. Esses instrumentos são responsáveis por medir e certificar os ventos da região. A série histórica de 12 anos com acompanhamento das empresas Lehber e Inova identificou um fator de capacidade de 50,2% – índice considerado alto por especialistas. A título de comparação, a média das plantas gaúchas é de 34,5% – enquanto, no Nordeste, campeão nesse fator, a média máxima chega a 60%.
O Wind Park também tem sinergia com projetos que surgem na região Sul do estado – como as novas usinas de Hidrogênio (H2) no Porto de Rio Grande. “Para obter o chamado ‘Hidrogênio Verde’, é preciso utilizar grande capacidade de geração unicamente de fonte renovável. Isso se conecta também com a meta de redução em até 50% das emissões de carbono até 2030, compromisso que o Brasil assumiu a partir da assinatura do Brasil do Acordo de Paris”, ressalta Pablo Castellarin.
O projeto do Wind Park, na avaliação de Castellarin, também terá vantagens competitivas ainda na fase construtiva. “Como as terras ficam próximas do Porto de Rio Grande, e muitos dos aerogeradores e equipamentos são importados ou vêm de outras regiões do Brasil, a logística fica facilitada na comparação com parques que necessitam da via terrestre”, explica. Entre os parceiros da iniciativa estão o Banco Alfa, que possui mandato para fazer a venda do projeto, e a Biolaw, que acompanhou todo o processo de licenciamento ambiental. (imagem/Google Earth)