Consumo de energia no mercado livre volta a crescer em maio
Desde o início da pandemia da Covid-19, as medidas de isolamento social que levaram à paralisação das atividades impactaram negativamente no consumo de energia elétrica. Após dois meses consecutivos de queda acentuada, o consumo de energia no mercado livre deu os primeiros sinais de recuperação em maio, com alta de 3,97% em comparação a abril. É o que aponta o Índice Comerc, que apura o consumo de energia nos 11 principais setores econômicos.
Destaque para o setor de material de construção que, após oscilar entre altos e baixos ao longo dos últimos 12 meses, registrou alta de 33,66% no consumo de energia em maio – perante queda de -5,61% e -20,54% em março e abril, respectivamente. As lojas de material de construção puderam reabrir, no início de maio, após decreto que as classificou como atividade essencial; e a procura por esse tipo de produto foi intensificada pelas medidas de isolamento, já que muitas pessoas aproveitaram a quarentena para realizar reformas. Dados do setor apontam que, em maio, as vendas da indústria para o varejo subiram 8% em relação a fevereiro – período pré-pandemia, segundo dados divulgados pela joint-venture Juntos Somos Mais.
Para Marcelo Ávila, vice-presidente da Comerc Energia, o bom desempenho de alguns setores é fundamental para dar fôlego à indústria. “A queda observada nos meses de março e abril é reflexo das primeiras restrições impostas pela pandemia. Em maio, a liberação de algumas atividades impulsionou, ainda que de forma modesta, a retomada da produção e do consumo.”
Na variação mensal, junto ao setor de Materiais de Construção, também seguiram na direção de retomada: veículos e autopeças (39,39%), manufaturados (41,84%) têxtil, couro e vestuário (13,66%), embalagens (4,24%), eletromecânica (3,95%) e siderurgia & metalurgia (1,47%). “Ainda é cedo para falarmos de crescimento. O momento aponta melhoria, mas ela deve ser observada e ponderada mês a mês”, diz Ávila.
CONTRAPONTO – Na comparação com o mesmo período de 2019, o setor de papel e celulose foi na contramão da crise e apresentou crescimento de 7,97% em maio. A alta deve-se a dois fatores: enquanto a produção nacional de celulose recuou 6,6% em 2019, segundo dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a procura por papéis para fins sanitários e embalagens elevou a demanda por celulose em todo o mundo nos primeiros meses de 2020, aquecendo o setor mesmo durante a pandemia.
O Índice Comerc Energia, publicado mensalmente, leva em conta o consumo de mais de 2.300 unidades de sua carteira, pertencentes aproximadamente 1.100 empresas que compram energia elétrica no mercado livre.