Demanda global de robôs pode demorar até 2023 para atingir o nível pré-crise
No mundo, há um número recorde de 2,7 milhões de robôs industriais em operação nas fábricas, com crescimento de 12%, segundo o relatório “World Robotics 2020 Industrial Robots”, divulgado pela International Federation of Robotics (IFR). Conforme o relatório, cujos dados referem-se ao ano de 2019, as vendas permanecem altas, com 373 mil unidades de robôs fornecidos globalmente. Esse volume é 12% menor que o registrado em 2018, mas é o terceiro maior volume de vendas registrado até hoje.
“O estoque de robôs industriais operando em fábricas ao redor do um ndo hoje é o mais alto nível da história”, diz Milton Guerry, presidente da IFR. “Impulsionado pela história de sucesso de produção inteligente e automação, isso reflete aumento da ordem de 85% em cinco anos (2014-2019). A recente desaceleração nas vendas em 12% reflete os tempos difíceis que as duas principais indústrias de clientes, automotiva e elétrica/eletrônica, enfrentaram”, complementa.
“Além disso, as consequências da pandemia do coronavírus para a economia global ainda não podem ser totalmente avaliadas”, prossegue Guerry. “Os meses restantes de 2020 serão moldados pela adaptação ao ‘novo normal’. Os fornecedores de robôs se ajustam à demanda por novas aplicações e soluções de desenvolvimento. Um grande estímulo de pedidos em grande escala é improvável este ano. A China pode ser uma exceção, pois o coronavírus foi identificado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan em dezembro de 2019 e o país já iniciou sua recuperação no segundo trimestre. Outras economias relatam estar em um ponto de inflexão agora. Mas vai demorar alguns meses até que isso se traduza em projetos de automação e demanda de robôs. 2021 verá a recuperação, mas pode demorar até 2022 ou 2023 para atingir o nível pré-crise.”
VISÃO GERAL – A Ásia continua sendo o mercado mais forte para robôs industriais – o estoque operacional para o maior usuário da região, a China, aumentou 21% e atingiu cerca de 783.000 unidades em 2019. O Japão ocupa o segundo lugar com cerca de 355.000 unidades – mais 12%. A Índia desponta com um novo recorde de cerca de 26.300 unidades – mais 15%. Em cinco anos, a Índia dobrou o número de robôs industriais operando nas fábricas do país.
A parcela de robôs recém-instalados na Ásia foi de cerca de dois terços do fornecimento global. As vendas de quase 140.500 novos robôs na China estão abaixo dos recordes dos anos de 2018 e 2017, mas ainda são mais do que o dobro dos números vendidos há cinco anos (2014: 57.000 unidades). As instalações dos principais mercados asiáticos desaceleraram – na China (menos 9%) e no Japão (menos 10%).
Na China, a grande maioria (71%) dos novos robôs foi fornecida por fabricantes estrangeiros. Os fabricantes chineses ainda atendem principalmente ao mercado interno, onde conquistam participações de mercado crescentes. Fornecedores estrangeiros entregam cerca de 29% de suas unidades para a indústria automotiva. Para os fornecedores chineses, a indústria automotiva representa somente 12% de suas vendas. Portanto, os fornecedores estrangeiros são mais afetados pela queda dos negócios na indústria automotiva chinesa do que os fornecedores nacionais.
EUROPA – A Europa atingiu um estoque operacional de 580.000 unidades em 2019 – mais 7%. A Alemanha continua sendo o principal usuário com um estoque operacional de cerca de 221.500 unidades – isso é aproximadamente três vezes o estoque da Itália (74.400 unidades), cinco vezes o estoque da França (42.000 unidades) e dez vezes o estoque do Reino Unido (21.700 unidades).
As vendas de robôs mostram um quadro desigual para os maiores mercados da União Europeia: cerca de 20.500 robôs foram instalados na Alemanha – bem abaixo do ano recorde de 2018 (menos 23%), mas no mesmo nível de 2014-2016. As vendas aumentaram na França (+ 15%), Itália (+ 13%) e Holanda (+ 8%). A robótica no Reino Unido permanece em um nível baixo – as novas instalações desaceleraram 16%. As 2.000 unidades recém-instaladas no Reino Unido são cerca de dez vezes menos do que os embarques na Alemanha (20.500 unidades), cinco vezes menos do que na Itália (11.100 unidades) e três vezes menos do que na França (6.700 unidades).
AMÉRICAS – Os EUA são o maior usuário de robôs industriais nas Américas, atingindo um novo recorde de estoque operacional de cerca de 293.200 unidades – um aumento de 7%. O México vem em segundo lugar com 40.300 unidades, um acréscimo de 11%, seguido pelo Canadá com cerca de 28.600 unidades – mais 2%.
As novas instalações nos Estados Unidos desaceleraram 17% em 2019 em comparação ao ano recorde de 2018. Porém, com 33.300 unidades expedidas, as vendas permanecem em um nível muito alto, representando o segundo resultado mais forte de todos os tempos. A maioria dos robôs dos EUA é importada do Japão e da Europa. Embora não existam muitos fabricantes de robôs na América do Norte, existem vários integradores de sistemas de robôs importantes. O México ocupa o segundo lugar na América do Norte, com quase 4.600 unidades – uma desaceleração de 20%. As vendas no Canadá são de 1% mais altas, com um novo recorde de cerca de 3.600 unidades expedidas.
O estoque operacional número um da América do Sul está no Brasil com quase 15,3 mil unidades – mais 8%. As vendas diminuíram 17% com cerca de 1.800 instalações – ainda um dos melhores resultados de todos os tempos – apenas superadas pelos fornecimentos recordes em 2018.
COLABORAÇÃO – A adoção da colaboração entre seres humanos e robôs está aumentando. Vimos as instalações de cobots crescerem 11%. Este desempenho de vendas dinâmico contrastou com a tendência geral com robôs industriais tradicionais em 2019. À medida que mais e mais fornecedores oferecem robôs colaborativos e a gama de aplicações se torna maior, a participação de mercado atingiu 4,8% do total de 373.000 robôs industriais instalados em 2019. Embora esse mercado esteja crescendo rapidamente, ele ainda está no início.
Globalmente, a Covid-19 tem um forte impacto em 2020 – mas também oferece uma chance de modernização e digitalização da produção a caminho da recuperação. No longo prazo, os benefícios de aumentar as instalações de robôs permanecem os mesmos: a rápida produção e entrega de produtos personalizados a preços competitivos são os principais incentivos. A automação permite que os fabricantes mantenham a produção em economias desenvolvidas – ou restaurem-na – sem sacrificar a eficiência de custos. A gama de robôs industriais continua a se expandir – de robôs tradicionais em gaiolas, capazes de lidar com todas as cargas úteis com rapidez e precisão, a novos robôs colaborativos que trabalham com segurança ao lado de humanos, totalmente integrados em bancadas de trabalho. (texto: Franco Tanio/foto: IFR/divulgação)