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Empresários da indústria do aço pedem cuidado com o ritmo da abertura comercial


Pelo visto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, terá de negociar muito antes de colocar em prática a anunciada abertura comercial que ele pretende implantar no país. Representantes do setor siderúrgico pediram a ele, em encontro no começo de fevereiro, que “tenha cuidado” para que o processo de abertura não prejudique as empresas nacionais. Para os empresários, antes de colocar em prática essas iniciativas, seria preciso corrigir as “anomalias concorrenciais” vividas pela indústria brasileira – como juros e impostos considerados elevados.

“Não temos nada contra a abertura comercial, desde que sejam corrigidas distorções como a cumulatividade de impostos, juros elevados e a energia mais cara do mundo”, afirmou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Pollo de Mello Lopes, após a reunião com o ministro. “O setor siderúrgico espera que as medidas para abrir a economia sejam pelo menos acompanhadas de reformas que melhorem o ambiente de negócios para os grupos nacionais”.

Lopes também citou a reforma tributária que, segundo ele, ajudaria a indústria nacional, como uma mudança que certamente deverá demorar a sair do papel. Por isso, pediu que o governo preste atenção ao “timing” das medidas. “Precisamos ter cuidado com o timing”, alertou. “É preciso primeiro eliminar o Custo Brasil e depois abrir a economia. Não é possível abrir a economia sem antes corrigir as distorções”.

O dirigente do IABr disse ainda que, enquanto as grandes reformas não saem do papel, a primeira medida a ser tomada pelo governo com relação à siderurgia é não baixar impostos de importação no setor. Segundo ele, há um excesso de capacidade instalada na produção de aço do mundo e diferentes países estão em processo de fechamento de mercado.

“Estados Unidos e União Europeia já anunciaram aumento de barreiras aos produtos e outros países estão seguindo a tendência”, explicou. “América Latina e Brasil estão desprotegidos. Também por isso seria uma temeridade o governo rebaixar o Imposto de Importação nesse momento, sem corrigir o Custo Brasil”.

Outra medida solicitada pela indústria do aço a Paulo Guedes é a elevação da alíquota do Reintegra, que concede créditos tributários ao exportador. Segundo Lopes, o ideal seria um aumento de 0,1% para um percentual entre 2% e 3%. “Não queremos protecionismo, mas a possibilidade de competir em igualdade de condições com os produtos importados”, afirmou.

ESTABILIDADE – O cenário para a indústria siderúrgica em 2019 está bastante favorável. A confiança nos setores industriais melhora no Brasil e deve favorecer o setor siderúrgico, segundo informou a agência de classificação de risco Moody’s. Conforme a agência, as vendas de aços planos continuarão mais fortes no mercado doméstico do que as vendas de aços longos.

Assim, o setor siderúrgico deverá registrar crescimento, apesar do risco associado à incerteza política no novo governo. Os fabricantes de aços planos provavelmente continuarão a se beneficiar do crescimento do setor automotivo, aumentando a utilização da capacidade e a rentabilidade. As vendas de aços longos serão favorecidas à medida que novos lançamentos imobiliários aumentem.

A agência de rating avalia que as exportações de aço permanecerão baixas devido ao aumento do protecionismo dos EUA, o que levará, consequentemente, a uma concorrência mais forte com outros países produtores, como China e Turquia. No entanto, as importações não representam uma ameaça significativa para as siderúrgicas brasileiras no ambiente atual.
A indústria do aço no Brasil fechou 2018 com crescimento de 8,9% nas vendas internas na comparação com 2017, de acordo com o IABr. O percentual foi maior do que a projeção da entidade apresentada em julho, que apontava alta de 5,5%. Foram comercializadas em 2018 no mercado brasileiro 18,8 milhões de t de aço. Para 2019, a previsão é que as vendas cresçam 5,8%, alcançando 19,9 milhões de toneladas. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: Worldsteel/Seong Joon Cho/divulgação)

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