Governador de São Paulo terá de resolver vários impasses para destravar grandes obras viárias
Em uma reunião realizada em Brasília no início deste mês de janeiro, o novo governador paulista, João Dória (PSDB), apresentou ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no Palácio do Planalto, alguns projetos de infraestrutura que ele pretende desenvolver, se possível, já a partir deste primeiro semestre. Dentre eles, os mais importantes são o Contorno Ferroviário da Região Metropolitana de São Paulo – o eternamente adiado Ferroanel -, o Trem Intercidades e a melhoria da Rodovia Rio-Santos, que seria antes privatizada.
No entanto, haverá mais do que novos projetos no cronograma de Dória. Ele herdou da administração anterior, de Geraldo Alckmim, também do PSDB, e do seu substituto Márcio França (PSB), nada menos do que cinco grandes obras paralisadas principalmente por impasses financeiros e que são consideradas de absoluta prioridade para o estado de São Paulo.
Dentre elas estão a conclusão do novo trecho da Rodovia dos Tamoios, o Trecho Norte do Rodoanel – a grande rodovia de contorno que ligará todas as estradas que passam pela Grande São Paulo -, um corredor de ônibus da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) em Carapicuíba, também na Grande São Paulo, e as obras das linhas 6-Laranja do Metrô e 15-Prata do Monotrilho, na capital paulista. Além disso, estão travadas também algumas obras estratégicas de recapeamento e construção de acessos em rodovias do interior.
O caso da Rodovia dos Tamoios é emblemático do tipo de impasse financeiro que acabou por paralisar tantas obras importantes. Tida como essencial para fortalecer o turismo e destravar a atividade portuária no litoral norte paulista, a construção do trecho da Rodovia Nova Tamoios entre as cidades de Caraguatatuba e São Sebastião está parada desde dezembro passado, quando as empreiteiras Queiroz Galvão e Serveng interromperam a execução dos 33,9 km de estrada devido a não terem entrado em um acordo com o governo visando reajustes contratuais.
O impasse resultou na prorrogação do prazo de conclusão da obra para dezembro deste ano – outro atraso considerável, já que o trecho de Caraguatatuba estava previsto para janeiro de 2015 e o de São Sebastião, para maio de 2017. De qualquer forma, o governo de Dória já se debruçou sobre o problema e acredita ser possível negociar uma solução com as empreiteiras para evitar o rompimento de contrato, o que retardaria ainda mais a conclusão do empreendimento. “Estamos chamando essas empresas para discutir as questões jurídicas e administrativas dos contratos para tentar garantir a retomada da obra o mais rápido possível”, declarou o secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano.
Segundo o secretário, 80% da obra, batizada oficialmente de Tamoios Contornos, já foram executadas – o investimento total previsto é de R$ 3,2 bilhões. Quando entrar em operação, o novo trecho, além de melhorar a fluidez no trânsito até Ubatuba, cidade que fica mais ao norte, facilitará o acesso de caminhões ao Porto de São Sebastião e a circulação de carros pelas praias daquela região, como Ilhabela, já que trará uma rota alternativa aos turistas que hoje ficam presos em longos engarrafamentos pela rodovia (SP-101), que corta Caraguatatuba. Neste Ano Novo, por exemplo, houve turistas que ficaram 12 horas no carro para chegar e outras 9 horas para sair, contando aí o tempo de espera na balsa.
RODOANEL E TRENS – Quanto ao Rodoanel, a companhia de capital misto Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa), rescindiu, no último mês do governo Márcio França (PSB), os contratos de metade dos lotes do Trecho Norte, o único que falta concluir, alegando “incapacidade” das empresas OAS e Mendes Júnior de continuarem a obra. As empresas, na verdade, também queriam reajuste. A Dersa terá de fazer uma nova licitação para concluir o anel viário – que no correr de 2019 completará nada menos do que três anos de atraso.
De seu lado, paralisadas desde setembro de 2016 pelo consórcio formado pelas empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, a Linha 6 do Metrô teve seu contrato de Parceria Público-Privada (PPP) com o governo rescindido em dezembro. Doria estuda retomar a construção do ramal que liga o centro à zona norte da capital com recursos do próprio estado. Já as obras das estações Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus – todas da Linha 15 do Monotrilho, na zona leste de São Paulo – pararam em setembro passado, para o desapontamento dos futuros usuários. As obras estavam em fase final, com 90% delas já executadas.
Segundo a Companhia do Metrô, a obra foi interrompida após a rescisão do contrato com a empresa Azevedo & Travassos, que teria descumprido o efetivo de trabalho necessário e foi multada em mais de R$ 7,7 milhões. Em dezembro, uma nova licitação para finalizar o trabalho foi publicada e o cronograma prevê que a retomada das obras ocorra já no segundo trimestre. (Alberto Mawakdiye)
Fonte: Ipesi