Grob faz transição bem sucedida para a era da mobilidade elétrica

O Grupo Grob mantém desempenho invejável, mesmo nesse momento em que a economia global navega por um período de muita volatilidade. Em 2022, a unidade brasileira da empresa instalada em São Bernardo do Campo (SP), por exemplo, operou em média com 130% de sua capacidade de produção, em 2022, trabalhou com níveis um pouco mais confortáveis, 115%. Para 2024, a unidade brasileira já tem 60% de ocupação, por conta da carteira de pedidos bem fornida. “No Brasil, produzimos para o mercado nacional e integramos a estratégia global do grupo”, diz Christian Müller (foto), presidente de Vendas Global do Grupo Grob, que esteve no Brasil durante a Expomafe 2023, nesse mês de maio.
A carteira de pedidos do grupo em 2022 totalizou 1,8 bilhão de euros e a expectativa é atingir volume similar em 2023. “Os negócios correm conforme o planejado”, complementa o executivo, acrescentando que a projeção é de atingir o faturamento de 2,05 bilhões de euros em 2025.
Para Müller, o desempenho deve-se principalmente ao processo de transformação pelo qual o grupo vem passando para atender as necessidades do mundo em movimento. “De 2018 a 2023, viramos a empresa de cabeça para baixo”, diz o executivo. Ele se refere principalmente ao programa da companhia de buscar desenvolver soluções para as indústrias da área de mobilidade elétrica. Diga-se, a unidade brasileira exporta hoje produtos para linhas de montagem de veículos elétricos.
Em 2022, Michael Bauer, presidente da Grob do Brasil, declarou que a unidade nacional já havia começado a desenvolver projetos de eletromobilidade em cooperação com a matriz do grupo em Mindelheim, na Alemanha. “Esses projetos incluem, por exemplo, nossos fornos de impregnação e os fornos de câmara e contínuos, que fornecemos para Bluffton (subsidiária da companhia nos EUA) e Mindelheim. Esses fornos são usados para a impregnação de estatores e rotores. Também já estamos realizando tarefas de treinamento para o Grupo Grob, relativas ao comissionamento. De certa forma, estamos nos preparando para lidar com projetos de eletromobilidade, no máximo, dentro de dois anos. O próximo passo seria não somente fornecer esses componentes, mas também construir linhas para a eletromobilidade. Decidimos começar com linhas de rotores e EDU (Electric-Drive-Unit – unidade de acionamento elétrico). Para essa finalidade, os funcionários estão atualmente recebendo treinamento em Bluffton e Mindelheim.”
Até 2018, a empresa tinha como principal segmento de negócios a produção de máquinas CNC e sistemas integrados destinados à cadeia automotiva baseada em motor a combustão. Hoje, a empresa segue atendendo esse mercado. Porém, o segmento de usinagem de peças para produção relacionada à mobilidade elétrica ganha cada vez mais espaço.
“Peças que antes eram estampadas, hoje são fundidas em alumínio e usinadas. Tem coisas forjadas também. As caixas de baterias podem ser forjadas e montadas, como um ‘Lego’”, diz, lembrando que por volta de 2030 aproximadamente 100 peças de um veículo elétrico precisarão ser usinadas, para substituir a usinagem clássica voltada para as peças de um motor a combustão.
“Para atender esse mercado de veículos elétricos temos um novo portfólio”, diz Müller, referindo-se à série F (de Frame) de centros de usinagem da mesma família do Módulo G. “Essa nova série é destinada a peças de médio e grande portes”, complementa. A maior máquina chegará ao mercado em 2024. Será a G920 F, que pode usinar peças de até 3 m x 2m x 2m, como as chamadas RUB (Rear Underbody) e a FUB (Front Underbody).
“De forma simplificada, funde-se a peça traseira e a dianteira e as interliga com a bateria. Com seis peças, monta-se um carro”, diz Müller. “A usinagem se resume a furos, roscas e pequenas faces”, complementa frisando que a empresa já tem cases de utilização desse tipo de solução, mas não pode citar o nome do cliente por conta de cláusulas de confidência.
Embora o executivo da Grob não cite as marcas de veículos elétricos que utilizam soluções da companhia, é possível afirmar as grandes companhias do ramo são clientes. “Atendemos 70% do mercado automotivo global de fabricação de motores elétricos para veículos”, conta, frisando que hoje a Grob pode fazer linhas completas produção de para veículos elétricos. “Fornecemos em regime de turn-key, incluindo toda a automação e integração de robôs de quaisquer marcas, se necessário.”
Para se entender como a mobilidade elétrica é importante para empresa, Müller diz que 49% das receitas do grupo atualmente proveem de soluções destinadas a atividades relacionadas à mobilidade elétrica e 28% de soluções para usinagem não relacionadas à mobilidade elétrica.
A transformação do Grupo Grob é baseada também em fortes investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Em 2022, a empresa destinou cerca de 55 milhões de euros na área. Além de soluções para mobilidade elétrica, a empresa vem também desenvolvendo, por exemplo, soluções para impressão 3D com tecnologia superior à tradicional “Power Bed” hoje existente no mundo. Trata-se da LMP 300 que já está disponível no mercado. Soluções para aplicação no mercado aeroespacial também seguem em forte desenvolvimento. (texto: Franco Tanio/foto: divulgação)