Eletrônica e Informática

Indústria eletroeletrônica fatura R$ 214 bilhões e cresce 7% em 2021

A indústria eletroeletrônica encerra 2021 com faturamento de R$ 214,2 bilhões, com crescimento real (descontada a inflação do setor) de 7% na comparação com 2020. Este resultado também é 6% maior do que o obtido em 2019, de acordo com balanço divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) no dia 9 dezembro.

“Apesar das dificuldades remanescentes da pandemia e das instabilidades do cenário econômico, conseguimos voltar aos níveis de 2019, com crescimento no faturamento e na produção do setor”, afirma o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato. Entre os principais problemas enfrentados pela indústria eletroeletrônica em 2021 estão as dificuldades na aquisição de matérias-primas e componentes, principalmente semicondutores; os gargalos logísticos, com o aumento expressivo dos preços dos fretes e a alta do dólar. Porém, segundo Barbato, nenhuma indústria do setor eletroeletrônico no Brasil suspendeu a produção por falta de semicondutores.

A indústria registrou aumento de 8% no nível de emprego, que passou de 247 mil em dezembro de 2020 para 266 mil pessoas no final deste ano, o que corresponde à geração de 19 mil vagas nas empresas associadas à Abinee.

“Nos últimos dois anos foram gerados 32 mil empregos, o que demonstra a recuperação do setor, que vem aumentando consecutivamente suas vagas de emprego em todos os meses do ano”, observa Barbato.

A produção industrial de bens eletroeletrônicos apresentou alta de 3% em 2021 em relação ao ano passado. Já a utilização da capacidade instalada aumentou de 78% para 80% este ano, ultrapassando a média dos últimos nove anos.

“Conforme prevíamos no final do ano passado, quando estávamos confiantes de que 2021 nos faria retomar os investimentos e os planos de expansão, tivemos um ano bom, com desafios superados e tantos outros que ainda temos pela frente”, salienta o presidente do Conselho de Administração da Abinee, Irineu Govêa.

BALANÇA COMERCIAL – As exportações do setor cresceram 26% em 2021, passando de US$ 4,5 bilhões para US$ 5,6 bilhões, voltando aos níveis de 2019 (US$ 5,6 bilhões). Já as importações aumentaram 26%, de US$ 31,4 bilhões, em 2020, para US$ 39,4 bilhões este ano. Na comparação com 2019, o crescimento também foi expressivo, de 23%. Com isso, o déficit da balança comercial atingiu US$ 33,8 bilhões, total 26% superior ao apresentado em 2020.

SEMICONDUTORES – A aprovação da prorrogação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) pela Câmara dos Deputados no dia 8 de dezembro foi comemorada pela Abinee. Para a entidade, a continuidade do Padis possibilitará ao Brasil a atração de investimentos no segmento de componentes e semicondutores. A decisão da Câmara prorroga o programa que venceria em janeiro de 2022. A medida agora segue para o Senado Federal.

Apesar da aprovação da prorrogação do Padis, a incipiente indústria de semicondutores no Brasil tem dificuldades. O governo do presidente Jair Bolsonaro tenta privatizar o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), de Porto Alegre (RS), a única fabricante de chips da América Latina. Até agora a empreitada não foi em sucedida dada à forte oposição. O Ceitec foi fundado em 2008, na gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para atuar na área de semicondutores, no projeto e produção de circuitos integrados e tags de identificação por radiofrequência (RFID). Hoje, a fábrica é capaz de fazer dispositivos eletrônicos, ópticos e microfluídicos.

A instalação da Unitec jamais saiu do papel. A empresa que deveria ser instalada em Ribeirão da Neves, na região Metropolitana de Belo Horizonte (MG) foi anunciada em 2012 e seria a primeira empresa brasileira a produzir chips em escala. Na época falava-se em investimentos da ordem de R$ 1 bilhão. O projeto não decolou e, segundo a imprensa local, a empresa acumula dívidas e enfrenta na justiça ações de ex-trabalhadores que lutam para receber salários e direitos trabalhistas em atraso. A aprovação do PL 3042/2021, que prorroga o Padis, é de autoria do deputado Vitor Lippi, e contou com atuação da Abinee junto aos deputados da Frente Parlamentar para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica.

Além da prorrogação, a medida também prevê a inclusão de células e módulos/painéis fotovoltaicos entres os bens incentivados, fundamentais para termos a produção com agregação de valor e domínio tecnológico dessa fonte energética essencial para maior diversificação da matriz e ampliação da geração distribuída, parte importante da modernização do setor elétrico.

Este é um tema fundamental para o setor, uma vez que a escassez mundial de componentes impacta a produção da indústria elétrica e eletrônica, mas também de outros setores, como o automotivo, que passam cada vez mais a agregar a eletrônica em seus processos, produtos e equipamentos.

Outra decisão importante para o setor, anunciada ontem (8), foi a aprovação pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado da proposta de emenda à Constituição que garante a manutenção dos incentivos tributários para empresas de tecnologia da informação e comunicação. A PEC 10/2021 segue para o Plenário.

Já aprovada pela Câmara dos Deputados, a proposta exclui da política gradual de desonerações os incentivos e benefícios fiscais e tributários para empresas de tecnologia da informação e comunicação (TICs) e de semicondutores. Na CCJ, a PEC recebeu parecer favorável do relator, senador Antonio Anastasia (PSD-MG).

Segundo a Abinee, a aprovação da PEC devolve a segurança jurídica para a atividade produtiva do setor de TICs, garantindo a continuidade dos investimentos no País e a manutenção de empregos. A votação da PEC é parte de um acordo para aprovar a chamada PEC Emergencial (PEC 186/2019 – convertida na Emenda Constitucional 109), em vigor desde março, que instituiu a atual política de desonerações.

 

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