Mais de 60% dos empreendedores paulistas têm como meta investir em inovação em 2019
Para traçar o perfil e a percepção dos empreendedores sobre inovação e necessidades de investimento, a Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve SP) apresenta os resultados da sua pesquisa “Investimentos e Inovação – 2019”. Realizada entre os dias 4 e 12 de fevereiro, a pesquisa contou com 4.228 participantes de todo o estado de São Paulo e traz apontamentos importantes sobre o tema.
O destaque da pesquisa é o interesse dos empreendedores paulistas por investimentos em inovação. Até o final de 2019, essa é a principal meta de 61,4% dos que desejam ganhar novos mercados. Por outro lado, a necessidade mais urgente neste início de ano para 59,8% é de recursos para capital de giro. Neste cenário, a procura por bancos e agências de fomento deve disparar nos próximos meses, sendo a primeira opção para 43,4% dos empreendedores em busca de crédito mais barato e de longo prazo.
“A pesquisa deixa claro que apesar do empresário entender a necessidade da inovação para ampliar a competitividade da sua empresa, ele ainda sofre os impactos da crise vivenciada nos últimos anos, da retração do mercado de crédito, da carga tributária e da incerteza político-econômica que ainda se desenha no país”, diz Rafael Bergamaschi, superintendente da Desenvolve SP.
Ao mesmo tempo em que a apuração evidencia gargalos que impedem um crescimento econômico mais robusto, observa Bergamaschi, ela aponta também caminhos que as instituições financeiras podem seguir para diversificar seu portfólio e atender o setor privado. “São dados importantes para entender as necessidades mais urgentes dos empresários a fim de oferecer soluções financeiras assertivas. No caso da Desenvolve SP, uma agência de fomento, a oferta de crédito não deve ser aleatória e tem como propósito o desenvolvimento econômico com foco na geração de empregos e renda”.
Confira a seguir os destaques da pesquisa.
Perfil – A Desenvolve SP realizou a pesquisa com empreendedores paulistas clientes e não clientes da instituição por meio da aplicação de um questionário de múltipla escolha. Dos 4.228 respondentes, quase metade (49%) representam empresas do setor de serviços. Na sequência aparece o comércio (32,1%), indústria (16,1%) e agronegócio (2,8%).
Em relação ao porte dos empreendimentos, os micros e pequenos negócios totalizaram 84,6%, seguidos pelas startups (8,2%), médias (6,7%) e grandes empresas (0,5%).
Percepções sobre a inovação – Chama a atenção que a maior parte dos empresários 46,6% diz estar à frente de um negócio inovador. Além disso, 14,5% dos entrevistados consideram-se muito inovadores, enquanto 31,8% à frente de um negócio tradicional. Somados os grupos ditos inovadores, há número bastante expressivo de 61,1%.
Em contrapartida, quando perguntados sobre o que consideram como inovação, quase 40% dos empresários entendem ser, de forma isolada, a “adoção de novas tecnologias”, ou a “criação e lançamento de produtos ou serviços revolucionários” ou “melhorias em produtos, serviços ou processos já existentes”.
Para 61,7%, uma empresa inovadora, no entanto, é aquela que reúne todas essas alternativas. O que talvez, possa explicar o fato de muitos empresários não se identificarem como inovadores, apesar de, na prática, aplicarem mudanças em suas empresas.
“Muitos empreendedores ainda estão presos a uma ideia de que inovação, obrigatoriamente, precisa ser disruptiva, ou seja, que é preciso criar algo capaz de mudar os paradigmas do mercado. Entretanto é possível inovar investindo na melhoria de produtos ou processos já existentes”, explica Bergamaschi.
Gargalos e necessidades – É consenso para 69,7% dos entrevistados que “ser uma empresa inovadora é essencial” para competitividade do negócio. Por outro lado, questionados sobre as três principais dificuldades para investir em inovação, “obter novas linhas de crédito e fontes de financiamento”, “Carga tributária, impostos, legislação, burocracia” e “Incerteza sobre o futuro do Brasil” encabeçam, nesta ordem, as reclamações dos empreendedores paulistas. “Empresas que não conseguem manter a saúde financeira de suas contas, certamente não conseguirão avançar em iniciativas mais ousadas”, diz Bergamaschi.
Vale apontar ainda que das empresas que já investiram recursos para inovação, 77,6% destacaram de seu capital próprio, 22,5 % obtiveram com bancos privados e 16,2% com bancos públicos. Apenas 11,3% representam o somatório de outras opções disponíveis no mercado: subvenção; investidor anjo; capital semente; capital de risco e fundo de investimento.
“O empreendedor paulista ainda se mostra com pouco conhecimento no que diz respeito a buscar recursos especificamente destinados a inovar. Hoje são muitas as opções disponíveis no mercado, porém, é preciso pesquisar e estudar qual o tipo mais adequado para cada projeto, e onde bater à porta”, explica Bergamaschi.
Já quando o assunto é linha de crédito, a pesquisa mostra que ainda em 2019, 43,4% dos empresários buscarão recursos para os negócios por meio de empréstimos com “bancos e/ou agências de fomento”, 35% com “bancos de varejo” e apenas 11,3% não têm intenção de investir esse ano.
“Vemos esse dado com bons olhos, já que as instituições de fomento, como a Desenvolve SP, são capazes de operar taxas de juros e prazos para pagamento muito mais atrativos, permitindo ao pequeno e médio empreendedor investimentos planejados e mais adequados ao seu perfil”, diz Bergamaschi.