Mais de 60 marcas disputam o mercado brasileiro de veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias
No Brasil, há mais de 60 marcas disputando o mercado de veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias. Juntas essas marcas oferecem quase 2.200 modelos e versões de todos os tipos, a grande maioria (87,9%) produzida localmente, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Isso sem falar de dezenas de marcas que passaram pelo país nas últimas décadas, mas não resistiram à disputa acirrada do mercado. “Em outros grandes segmentos da economia, geralmente se conta nos dedos de uma mão o número de empresas disputando o mercado brasileiro”, compara o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes.
Apesar da enorme concorrência no mercado doméstico, a indústria de veículos automotores apresenta baixa competitividade internacional, devido ao que se convencionou chamar de Custo Brasil, que trava o maior acesso de produtos nacionais a mercados externos. A exceção é a vizinha Argentina, onde os veículos brasileiros representam 63,1% das vendas. No México, parceiro de livre comércio, apenas 5,8% dos carros vendidos são feitos no Brasil.
No restante da América Latina, que deveria ser um grande destino para produtos produzidos no Brasil, não se chega a 10% de participação. Pior é nos outros continentes, onde os carros brasileiros só conseguem abocanhar fatias inferiores a 1%.
Um exemplo de componente do Custo Brasil é a retenção dos créditos gerados pela exportação. As empresas do setor automotivo têm cerca de R$ 13 bilhões a receber dos estados e do governo federal e o pagamento desses créditos pode demorar anos e costuma acontecer a conta-gotas.
Para entender o efeito gerado, o presidente da Anfavea exemplificou: “Suponhamos um cenário onde uma montadora possua um R$ 100 milhões de crédito acumulado junto a um governo estadual, cuja origem foi a exportação de veículos. Se esse valor ficar retido por um ano, isso irá gerar dois impactos financeiros negativos: o primeiro é o custo de carregamento, com uma taxa de juros de 1,25% ao mês, por exemplo. O segundo é o
deságio e outras despesas operacionais para repassar adiante esse crédito, que gira em torno de 6%. A combinação desses dois fatores gera uma perda financeira de 20%. Trata se de um custo real que impacta o balanço das empresas e encarece o produto. É difícil convencer o consumidor de outro país a pagar nossas ineficiências tributárias, embutidas no preço dos produtos que exportamos – algo que não ocorre com os produtos importados
que chegam ao Brasil.”
BALANÇO – Para o setor de veículos, o resultado apontou para uma alta de 14,2% na produção, na comparação com junho, e de 8,4% em relação a julho de 2018. Foi o melhor mês de julho desde 2013 para a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. No acumulado do ano, a alta é de 3,6% sobre o mesmo período do ano passado, apesar da queda de 38,4% nas exportações provocada pela crise da Argentina, nosso principal parceiro comercial.
VENDAS – O mercado interno também mantém alta superior à previsão de 11,4% feita no início do ano pela Anfavea. No acumulado dos primeiros sete meses, o crescimento é de 12,1% em relação a 2018. Foi o melhor julho em vendas desde 2014,
com alta de 12% sobre o mesmo mês do ano passado, e de 9,1% sobre junho deste ano, muito em função dos quatro dias úteis a mais. “Estamos discretamente otimistas com este início do segundo semestre, período que tradicionalmente tem resultados melhores que a primeira metade do ano. Todas as sinalizações macroeconômicas indicam um cenário mais positivo, sem falar de todas as reformas estruturantes a caminho e medidas de curto
prazo para injetar recursos na economia brasileira”, afirmou Moraes.