Metrô de São Paulo vai adquirir novos trens e adotar medidas para melhorar segurança no sistema
A Companhia do Metrô de São Paulo parece realmente disposta a atenuar os problemas provocados pela notória superlotação do sistema, seja pela compra de novos trens, seja pela adoção de medidas pontuais de segurança. É o que ficou claro durante o encontro anual Comunity of Metros – CoMET, evento que reúne representantes de 19 sistemas metroferroviários do mundo e que nesta versão 2018 aconteceu em São Paulo no começo do último mês de novembro.
Segundo declarou em sua palestra o diretor de operações do Metrô, Milton Gioia, a companhia pretende adquirir novos trens a partir de 2019, em quantidade ainda não definida. “Ainda estamos estudando a quantidade necessária para este momento”, disse. Gioia informou que, entre 2005 e 2018, o número de passageiros transportados na rede de metrô (incluídas as duas linhas operadas pela iniciativa privada, 4-Amarela e 5-Lilás) aumentou 102%, atingindo a marca de 5 milhões por dia. Os novos trens serviriam para atender a essa demanda crescente de usuários.
As melhorias vão além da colocação de novos trens em circulação. De acordo com o diretor de operações, o Metrô deve ainda este ano abrir as propostas para a instalação de 88 portas de plataforma em 36 estações. Esse upgrade tecnológico se faz necessário devido ao aumento verificado do número de invasões à via e de tentativas de suicídio, assim como a quantidade de transgressões como quedas de objetos nos trilhos e desobediência às regras de segurança, como sentar-se na plataforma. O contrato terá a duração de cinco anos e contemplará todas as estações das linhas 1-Azul e 3-Vermelha e parte da linha 2-Verde.
Gioia acrescentou que está sendo feito ainda um trabalho para aumentar a inteligência do sistema por meio de integração com as polícias militar e civil. Além disso, há estudos para a aquisição de mais câmeras de monitoramento (hoje são 3 mil) e está sendo contratada a compra de exoesqueletos, equipamentos que visam aumentar a segurança dos empregados da companhia, em especial durante situações como jogos de futebol.
ESTEIRAS – O Metrô também decidiu retirar três dos quatro conjuntos de esteiras rolantes da ligação entre as estações Paulista, da Linha 4-Amarela, e Consolação, da Linha 2-Verde. A medida foi adotada por questões de segurança e para dar maior fluidez ao túnel, tido como superlotado desde que a conexão entrou em operação comercial, há seis anos. Das seis esteiras atuais, quatro serão retiradas, deixando no lugar rampas comuns. As esteiras, localizadas próximas às plataformas da Estação Consolação, traziam muitos usuários para perto dos locais em que os passageiros esperam os trens, com severos riscos para a segurança.
A lotação do túnel foi detectada desde que a operação comercial foi aberta, em 2012. A companhia sempre negou o aparente subdimensionamento do túnel, alegando que era decorrente da falta de novas conexões da rede, em especial a Linha 5-Lilás, que ficou em obras durante todos esses anos. Mas hoje está claro que o projeto foi subdimensionado mesmo.
Para evitar empurrões, ou mesmo o risco de que alguém caia nos trilhos, o Metrô já vinha adotando uma série de ações preventivas, como a instalação de grades e, nos horários de pico, desligando uma das esteiras, para reduzir a velocidade com que passageiros desembocassem na plataforma. Isso não evitava a ocorrência de esbarrões, quedas e aglomerações em locais que em tese seriam de desaguamento.
Agora, sem as esteiras, no túnel comum, as pessoas andarão em um fluxo contínuo (sem precisar sair de uma esteira e entrar na seguinte), o que promete maior fluidez. Além disso, há a expectativa de se oferecer mais espaço para as pessoas, por causa da retirada das estruturas. As medições da empresa apontam que, hoje, se gasta uma média de 8 minutos para se cruzar a ligação nos horários de pico. As projeções são de que, com a mudança, a travessia irá durar 5 minutos.
De qualquer modo, a decisão de retirar a esteira também está relacionada à abertura das novas estações da Linha 5-Lilás, que liga o centro à zona sul. Essa mudança criou novas estações de conexão entre linhas, dando mais possibilidades de rotas aos usuários. Com a entrada em operação das novas estações Santa Cruz e Chácara Klabin, da Linha 5-Lilás, a rede ganhou novos pontos de transferência e uma maior possibilidade de diluição da demanda. (Alberto Mawakdiye)
Fonte: Ipesi