Michelin desenvolve pneu não inflável, à prova de furos

A multinacional de origem francesa Michelin acaba de dar uma má notícia para os borracheiros – mas que foi para lá de bem recebida pelos motoristas. A empresa pretende começar já em 2024 a vender pneus sem ar e que não furam, os chamados Uptis, na sigla em inglês – ou, Sistema Único de Pneu à Prova de Furos.

Depois de alguns anos de testes, esses pneus foram finalmente aprovados pela companhia, que pretende com eles possibilitar maior segurança para os motoristas especialmente nas viagens mais longas. Outro objetivo é reduzir o descarte de pneus no meio ambiente, problema que vem crescendo a cada ano e um pouco por toda parte, sem solução à vista.

O novo pneu, visualmente, é bem parecido com os que existem atualmente, com a pequena diferença de que é vazado nas laterais e tem um aspecto um pouco mais robusto do que um pneu comum. Mas sua tecnologia é bastante diversa. Embora a Michelin não tenha revelado muitos detalhes, já se sabe que o pneu é construído à base de pequenos raios de plástico e fibras de vidro, que evitam as inesperadas quedas de pressão e os incômodos furos.
Ou seja, trata-se de uma espécie de “pneu sólido”, que não precisa de ar pressurizado para funcionar. Pode ser comparado, neste aspecto, aos pneus desenvolvidos para os veículos enviados à Lua, ou a Marte.

A Michelin garante que o pneu não será mais caro do que as versões comuns disponíveis no mercado, já que a sua produção será inclusive mais simples que a dos pneus convencionais, podendo ser feita até mesmo em impressoras 3D. Para a sociedade altamente motorizada hoje, de acordo com a companhia, as vantagens iriam além das ambientais. As perfurações e outros fatores de desgaste relacionados à calibração, como desgaste irregular, representam o descarte prematuro de milhões de pneus todos os anos.

A introdução de pneus sem ar poderia evitar, assim, o desperdício e reduzir os custos com materiais e energia utilizados para fabricar o componente. Os testes práticos do Uptis foram desenvolvidos em parceria com a General Motors, a partir de 2017, com um protótipo então batizado de Vision. Inicialmente, o plano seria lançar o pneu junto com a apresentação da nova geração do Chevrolet Bolt. Mas isso ainda não foi confirmado pelas duas empresas.

O Chevrolet Bolt, porém, não foi o único carro que já usou o Michelin Uptis. No ano passado, um Mini Cooper SE também desfilou nas pistas com ele.

PIRELLI – Diga-se que produzir pneus infuráveis é um sonho antigo da cadeia automotiva, e que a Michelin não é a única fabricante envolvida nesta busca. A italiana Pirelli também participa ativamente desta corrida. A empresa inclusive já apresentou ao mercado a linha de pneus Scorpion, que não são exatamente à prova de furos, mas que são meio indiferentes a eles. O pneu pode rodar 80km sem que o condutor precise parar e pode até dispensar remendos, pois, caso fure, o próprio pneu pode se autoconsertar, através da vedação por um material selante que já vem de fábrica.

Para apresentá-lo, a Pirelli fez testes de desempenho e segurança em pistas seca, molhada e off-road, além dos testes de furos, quando o pneu é submetido a extremo estresse e até passa por uma chapa de aço repleta de pregos. Os pneus furados continuaram rodando normalmente.

Também continuaram a responder a todos os comandos e sem sinal de derrapagem, saída da pista ou desgarro.O modelo ainda freia com precisão mesmo estando em pista molhada. O Scorpion é, por isso, um pneu voltado especialmente para o público das SUVs que circula em vias on-road 100% pavimentadas.

É um pneu produzido também com preocupações ambientais. Segundo a Pirelli, os pneus desta família são fabricados dentro de uma cadeia que cuida dos impactos da poluição desde a coleta da borracha até a distribuição nos revendedores. Eles são fabricados ainda com o cuidado para que em nenhuma das etapas de produção seja utilizado, por exemplo, a mão de obra escrava ou infantil. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: Divulgação)