Metal Mecânica

Montadoras de veículos instaladas no Brasil aderem ao esforço de guerra contra o coronavírus

 

 

 

 

Já virou uma espécie de tradição, no universo automotivo, o setor se engajar com unhas e dentes nos esforços de guerra. Principalmente durante a Primeira Guerra Mundial (1914-18), e depois novamente na Segunda (1939-45), as montadoras e suas respectivas cadeias produtivas passaram a funcionar a reboque dos conflitos, produzindo caminhões, armas, carros anfíbios e outros artefatos que pudessem contribuir com as forças armadas de seus países. Produções de automóveis, caminhões e motocicletas, quando não interrompidas, foram drasticamente reduzidas.

 

O mundo vive agora outra guerra, desta vez contra a pandemia de coronavírus, e as montadoras voltaram a trabalhar em função do conflito – desta vez, a favor dos órgãos de saúde. Se no século passado elas participaram de um esforço comum pela guerra, estão agora unidas pela paz – e também pela economia mundial.

 

Por todo o mundo, as montadoras de veículos estão emprestando suas instalações, seus engenheiros e mecânicos e sua tecnologia para auxiliar os serviços de saúde no combate ao Covid-19- como, por exemplo, na estratégica área de respiradores mecânicos, que muitas fabricantes passaram a produzir ou a reformar.

 

Também estão doando máscaras, emprestando carros, fabricando equipamentos de proteção individual (EPIs) e até ajudando a erguer hospitais de campanha. Não está sendo diferente no Brasil.

 

De acordo com a Anfavea, a entidade que reúne as fabricantes de veículos instaladas no país, além de fornecer este apoio, todas as 26 montadoras associadas também interromperam as suas atividades de produção, de modo a reduzir as possibilidades de contágio. E ainda estão desenvolvendo campanhas de esclarecimento sobre a epidemia junto aos seus funcionários e colaboradores.

 

A ítalo-americana Fiat Chrysler Automóveis (FCA) tem sido uma das mais ativas neste autêntico esforço de guerra. A companhia está mantendo um amplo programa de ações principalmente nas cidades de Betim (MG) e Goiana (PE), onde estão as suas unidades industriais, que incluem a construção de hospitais de campanha, a produção e manutenção de respiradores, produção de máscaras de proteção e empréstimos de carros, além de doações de materiais para uso hospitalar.

A empresa constituiu até um comitê executivo interno, liderado pelo presidente da FCA Latino-Americana, Antonio Filosa, que mantém reuniões diárias para discutir oportunidades e definir planos de cooperação no combate à pandemia.

 

“O objetivo é trabalhar em sintonia com o poder público e autoridades responsáveis para melhor definir as ações a serem implantadas”, explica o executivo. “Nosso programa está baseado em uma estratégia coordenada e multidisciplinar, que abrange desde doações às autoridades da saúde até o aproveitamento dos nossos profissionais em áreas como engenharia, manufatura, design, finanças, compras, logística e direito no combate a esta pandemia no Brasil”.

 

A FCA também está estimulando seus fornecedores, parceiros e empregados a participarem do esforço coletivo para dar suporte à ampliação da capacidade de atendimento médico-hospitalar em diversas comunidades. “O momento pede união de esforços e a FCA faz questão de se fazer presente e atuante”, afirma Filosa.

 

PARCERIAS Já a Mercedes-Benz do Brasil, de origem alemã, em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia, está atuando principalmente no desenvolvimento de respiradores mecânicos de baixo custo, utilizando como matéria-prima peças de suas linhas de montagem para suprir os hospitais mais necessitados da Grande São Paulo, onde se concentra o grosso dos casos confirmados da doença pulmonar.

 

Também em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia e com a Universidade de São Paulo (USP), unidade de São Carlos, a Mercedes está contribuindo para o desenvolvimento e produção de máscaras de proteção facial para os profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao coronavírus. Os equipamentos estão sendo fabricados em impressoras 3D, na média de 10 unidades por dia, e sendo destinados principalmente para hospitais da região do ABC, onde fica a sua sede.

 

A empresa ainda está fornecendo diversos itens médicos para hospitais, como óculos de proteção, luvas e testes do Covid-19. Em parceria com o Banco Mercedes-Benz e com parceiros da cadeia produtiva e comercial, também se comprometeu com a doação de cestas básicas e itens de higiene para comunidades carentes. A montadora também cedeu algumas vans para a prefeitura de São Bernardo do Campo.

 

“Queremos ajudar em todas as frentes possíveis. Nosso lema é justamente esse: ‘trabalhar para todos que movem o mundo’, que se tornou mais válido do que nunca, neste momento tão difícil para todos nós”, diz Philipp Schiemer, presidente da Mercedes-Benz do Brasil e CEO da empresa na América Latina.

A também alemã Volkswagen emprestou 100 veículos e doou 2 mil máscaras faciais protetoras para as prefeituras de São Bernardo do Campo, Taubaté e São Carlos, no estado de São Paulo, e São José dos Pinhais, no Paraná. E até 30 de junho, em parceria com a Associação Brasileira de Distribuidores Volkswagen (Assobrav), fornecerá a mão de obra para os serviços de reparo de veículos da marca das áreas de saúde deste dois estados. As peças terão preço de custo.

 

A norte-americana Ford, por sua vez, comprometeu-se a produzir, em um primeiro momento, 50 mil máscaras de proteção fácil para equipar profissionais de saúde, além de recuperar respiradores mecânicos descartados e emprestar veículos para a seção nacional da Cruz Vermelha (medida também estendida para a Argentina, Chile, Peru e Colômbia).

 

Já a General Motors, também americana, doou de imediato 3 mil óculos de segurança para hospitais e postos de atendimento e 5.500 cestas de alimentos, higiene e limpeza para comunidades carentes, além de emprestar 105 carros a autoridades de saúde. Também está localizando e reformando respiradores mecânicos.

 

Por seu turno, a sul-coreana Hyundai Motor Brasil doou 100 máscaras faciais e 1.150 itens de proteção individual, como óculos, luvas e toucas, emprestou 8 carros para as áreas de saúde e assistência social de Piracicaba (SP) e disponibilizou a frota de test-drive das concessionárias para transportar idosos e profissionais de saúde.

 

A francesa PSA, que reúne as fabricantes Peugeot e Citroën, está ajudando na impressão e montagem de protetores faciais, enquanto a sua conterrânea Renault vem produzindo máscaras para serem utilizadas pela Secretaria de Saúde de São José dos Pinhais (PR). Também emprestou 10 veículos para a Coordenadoria Estadual da Defesa Civil do Paraná e está reparando lotes de respiradores mecânicos danificados.

 

A japonesa Toyota, por seu turno, doou 4 Hilux previamente adaptadas para o serviço de ambulâncias e 30 mil frascos de álcool gel ao governo do estado de São Paulo. Também vem fornecendo apoio às comunidades do entorno de suas quatro unidades de produção, localizadas no interior do estado.

Texto: Alberto Mawakdiye / Foto: Mercedes Benz

 

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