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O custo das violações de dados e os desafios da cibersegurança no Brasil

Fabio Bernardes Augusto

 

 

Nos últimos anos, a América Latina tem registrado um aumento preocupante nos custos médios das violações de dados, o que revela um cenário cada vez mais complexo e desafiador para a cibersegurança na região. Este aumento está ligado a vários fatores, como a crescente sofisticação dos ataques cibernéticos, a escassez de profissionais qualificados e as exigências cada vez maiores em termos de conformidade regulatória, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Esses elementos combinados criam uma tempestade perfeita na qual as empresas precisam lutar em várias frentes para proteger seus ativos mais valiosos: as informações sensíveis.

 

A sofisticação dos ataques continua a evoluir em um ritmo acelerado, com técnicas avançadas para explorar vulnerabilidades que muitas vezes passam despercebidas pelas empresas. Ao mesmo tempo, a falta de profissionais especializados em cibersegurança amplia essa vulnerabilidade, pois muitas organizações simplesmente não têm as pessoas certas para monitorar, detectar e responder a essas ameaças de forma eficaz.

 

A conformidade regulatória adiciona outra camada de complexidade. A LGPD, por exemplo, exige que as empresas protejam os dados pessoais de seus clientes sob pena de enfrentar multas significativas e danos irreparáveis à sua reputação. No entanto, estar em conformidade com essas regulamentações não é apenas uma questão de evitar punições, mas de construir uma cultura de segurança que permeie toda a organização.

 

Um aspecto crucial na resposta às violações de dados é o tempo. Dados do relatório global Midyear Security Report 2015, divulgado pela Cisco, mostram que incidentes contidos em menos de 200 dias tendem a custar significativamente menos do que aqueles que se prolongam além desse período. Reduzir a janela de exposição é fundamental para limitar o impacto financeiro e operacional desse tipo de ocorrência. Infelizmente, muitas empresas brasileiras ainda demoram para detectar que foram invadidas, o que pode levar até dois anos em alguns casos. Este atraso agrava também os danos à reputação e à confiança dos clientes.

 

Apesar de uma leve redução no custo médio das violações de dados no Brasil, o aumento nos custos de detecção e escalada indica que ainda há muito a ser feito. A estruturação e operacionalização eficaz dos Centros de Operações de Segurança (SOCs) é uma necessidade urgente. Para isso, é essencial que as empresas invistam em tecnologia, capacitem seus profissionais e adotem processos padronizados que possam garantir uma resposta rápida e eficiente a qualquer ameaça.

 

No entanto, o maior obstáculo para essas melhorias continua sendo financeiro. Muitas empresas enxergam os investimentos em cibersegurança como despesas altas, e não como uma proteção essencial. Parcerias com provedores de serviços de segurança gerenciada (MSPs) podem ser a solução. Elas permitem que as empresas tenham acesso a uma infraestrutura de cibersegurança robusta sem a necessidade de grandes desembolsos iniciais, o que facilita a adoção de práticas de segurança mais avançadas.

 

A Inteligência Artificial (IA) e a automação representam o futuro da cibersegurança, mas sua adoção no Brasil ainda é limitada. Os altos investimentos para implantação e a incerteza quanto ao retorno, somados a uma resistência cultural e uma infraestrutura tecnológica muitas vezes deficiente, têm sido barreiras significativas. No entanto, a IA tem o potencial de transformar a forma como lidamos com a cibersegurança, automatizando tarefas repetitivas, antecipando ameaças e melhorando o tempo de resposta. Ainda assim, o fator humano permanece indispensável. A IA pode oferecer insights valiosos e acelerar processos, mas é a expertise humana que garante a eficácia dessas ferramentas.

 

Para enfrentar os desafios da cibersegurança, o Brasil precisa investir em educação e treinamento especializado, bem como promover uma maior conscientização sobre a importância dos SOCs entre os líderes empresariais. Workshops, simulações de incidentes e a demonstração clara do retorno sobre o investimento em segurança cibernética são estratégias eficazes para garantir que a alta gestão compreenda a necessidade de uma abordagem proativa.

 

Em resumo, o caminho para uma cibersegurança mais eficaz no Brasil passa pela combinação de tecnologia de ponta com o desenvolvimento de uma cultura de segurança sólida. Somente assim as empresas poderão enfrentar os desafios crescentes e proteger seus dados em um cenário cibernético cada vez mais hostil.

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Fabio Bernardes Augusto é especialista em Cybersecurity da Algar Tech MSP.

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