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O uso de digital twin no apoio às indústrias durante a pandemia

Marisa Zampolli (*)

 

Já pensou em duplicar sua empresa? Literalmente, criar uma cópia e, nesta cópia, aplicar conceitos tecnológicos, testar produtos que possam melhorá-la, criar cenários prósperos ou prever quedas financeiras, entre outras coisas? Isso é possível. O termo digital twin existe há certo tempo, mas, durante a pandemia, as empresas que precisaram se reinventar ou atualizar seus sistemas passaram a entender mais sobre este software. “Digital twin (gêmeo digital)”, é uma réplica virtual de uma entidade – real ou não – capaz de compreender o estado do ativo e agregar valor, melhorar as operações e responder às mudanças impostas de maneira ágil. O digital twin pode desempenhar funções como: servir de modelo para uma versão física que será construída de um projeto, aperfeiçoar protótipos, além de coletar dados e prever problemas, de modo a aperfeiçoar o desempenho operacional e de custo.

Pensando nas crescentes mudanças climáticas e nas sequelas ainda deixadas por conta da Covid-19, um sistema que compreenda o ciclo de vida e as dinâmicas que envolvem os dispositivos na Internet das Coisas, tende a ser uma ferramenta importante, para não dizer essencial nas indústrias e setores. Durante este período pandêmico, em que decisões precisam ser tomadas remotamente, uma boa opção é escolher um software capaz de atuar como um hub de dados para qualquer informação relacionada aos ativos da empresa. O digital twin ajudará, pois, terá todos os mesmos sensores, controles digitais, histórico de reparos e inspeção da sua companhia. É um sistema de gerenciamento eficaz que prevê problemas, identifica falhas e acessa controles remotamente. Esses dados podem incluir a idade de um ativo, condição física, funcionalidade e protocolos de manutenção. Com isso, é possível criar modelos para oferecer suporte a clientes e fornecedores antes, durante e após projetos. Para indústrias com processos complexos, como as de manufatura, isso é um passo essencial no caminho de transformação para as fábricas totalmente inteligentes ou indústrias 4.0, além de ser uma parte vital para garantir a competitividade. No setor agrícola, fazendas inteligentes poderão ter gêmeos digitais para plantas, animais, entre outros, configurando dispositivos para que o ecossistema esteja em sintonia. Para locais passivos de explosões, entrar digitalmente no ambiente e simular como fazer a substituição de equipamentos de forma segura, consciente ou evitar áreas contaminadas, é o melhor dos cenários.

Um artigo da consultoria EY diz que “os impactos da pandemia nas cadeias de abastecimento vieram reforçar a importância da resiliência e da agilidade das organizações ao navegar um contexto de incerteza, para além da dimensão de eficiência. Neste contexto, conseguir simular cenários operativos alargados melhoras o processo de tomada de decisão estratégica”. Os dados de vários gêmeos digitais podem ser agregados para uma visão composta em uma série de entidades reais, como uma usina ou cidade, e seus processos relacionados. Para empresas centradas em ativos, como as concessionárias de água, energia e indústrias de transporte, com grande número de ativos lineares, com máquinas e veículos, a gestão por tecnologia de ponta prevê cenários e melhora, certamente, o planejamento. No setor elétrico, soluções integradas facilitam o processo, visto que as principais tecnologias envolvidas dizem respeito à interoperabilidade de sistemas (acesso às informações), utilização de padrões internacionais de semântica dos dados (o que representam), fusão (como eles interagem), analíticos e Inteligência Artificial (geração de conhecimento/previsões). O digital twin possibilita a exibição de este conhecimento por dashboards e ‘interfaces’ tridimensionais e realidade virtual ou aumentada.

É importante ressaltar que qualquer processo de transição para a era digital deve passar, obrigatoriamente, pela cultura das empresas destes setores. A adaptação é fundamental. Algumas indústrias podem demorar  para incorporar novas tecnologias,mas todas a farão em algum momento. Os operadores devem aprender a trabalhar com o ambiente, pois muitos empregos surgirão por conta disso, como integradores de IoT, construtores de gêmeos digitais etc.

O texto da EY citado acima diz que esta tecnologia já é aplicada a sistemas ainda mais complexos, como nas cidades. Trazendo à nossa realidade: é possível combinar sensores, monitorar em tempo real comportamentos sociais e o digital twin simular a situação, por exemplo, no fluxo de pessoas, entendendo alterações nos padrões de trânsito, impacto no transporte público e diversos cenários. Só com essa gama de informações (ainda previstas e não realizadas) é certo que redesenhar um município pode ser eficaz, fornecendo maior sustentabilidade e eficiência aos projetos de mobilidade. Quem sabe criar um, não é mesmo?

Podemos dizer que estamos aprendendo, com a pandemia, a sermos mais digitais, a repensarmos o real uso da tecnologia a favor de uma sociedade melhor, tornar nossos negócios mais modernos e viáveis, melhorar ou adaptar ativos. A ideia é evoluir para a otimização autônoma ou, se preferir, o termo “smart twin”, para que o gêmeo digital consiga entregar resultados em um prazo ainda mais curto, quase que por si só tomando as decisões e chegando a uma excelência nunca imaginada.

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(*) A autora é CEO da MM Soluções Integradas.

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Marisa Zampolli, CEO da MM Soluções Integradas e engenheira elétrica, responsável pela criação do EGAESE.

 

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