Pesquisa do Inatel sobre interferências do 5G no sinal de TV via satélite pode beneficiar milhões de pessoas
A aguardada chegada do 5G no Brasil está sendo celebrada por usuários, indústrias e governo, mas o leilão para a implantação da tecnologia, previsto para meados de 2020, depende dos resultados de estudos e pesquisas para a proteção dos serviços já existentes, como a transmissão via satélite de canais de TV abertos, recebidos por cerca de 20 milhões de residências em todo o país.
E uma pesquisa de mestrado do Inatel preconizou a interferência na recepção do sinal e saiu na frente no desenvolvimento de uma solução de baixo custo para que grande parcela da população continue com acesso aos canais de TV. O trabalho do mestrando Luciano Camilo Alexandre, especialista em Sistemas do Inatel, orientado pelo professor dr. Arismar Cerqueira, levou ao conhecimento da Agência Nacional de Telecomunicações a proposta de um filtro para garantir a continuidade do sinal.
“Em testes realizados no Inatel, os sinais analógicos eram recebidos com chuviscos, enquanto os digitais simplesmente travavam”, afirma o coordenador do Laboratório Woca do Instituto, Arismar Cerqueira. O professor completa que o primeiro passo foi avisar à Anatel, que recebeu com entusiasmo a pesquisa e passou a fazer parte do projeto de pesquisa e das discussões dos resultados.
De acordo com o dr. Agostinho Linhares, gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão (Orer) na Anatel, o trabalho que está sendo desenvolvido pelo Inatel em parceria com Orer cobre uma lacuna que há muito tempo já tinha sido identificada pela área técnica da agência, tendo um grande potencial de ser usado como uma possível solução de convivência, tanto para as TVRO’s (TV aberta via satélite), quanto para soluções profissionais. “Conceitualmente, há estudos que propõe o uso de filtros na entrada, mas desconheço um que tenha implementado um filtro com resultados tão promissores como este trabalho originado no Inatel.”
O estudo realizado no Inatel terá uma grande repercussão socioeconômica, pois a implementação do 5G resultará em avanços importantes para o país. Além de maior velocidade e mais acesso para as áreas remotas, hoje não atingidas pela telefonia 4G, projetos como Indústria 4.0, Cidades Inteligentes e Internet das Coisas dependem da quinta geração de internet móvel para serem concretizados, no entanto, as dificuldades na convivência entre as redes DTH (TV por satélite) e celular 5G, ainda impedem a introdução da nova tecnologia em território nacional.
O aluno de mestrado do Inatel, Luciano Camilo Alexandre, lembra que “a interferência do 5G na frequência de 3,5 GHz nas parabólicas tornou-se tanto um problema técnico, quanto social, porque afetará o usuário que utiliza a TV por satélite para receber vários canais”. As implicações vão desde a inclusão de uma parte significativa da população, até o desenvolvimento de uma solução que seja acessível para essa parcela dos usuários. “A solução desenvolvida no Inatel pode ser implementada não apenas nas TVRO’s, mas também nos sistemas profissionais, sendo uma solução de baixo custo e alto desempenho. Essa solução terá que ser repassada por um fabricante de sistema de recepção via parabólica para ser reproduzida em larga escala e agregada à tecnologia atual, o foco da nossa pesquisa é desenvolver um filtro de RF que seja acessível a todos”, comenta o Mestrando.
Considerado o mais importante dos próximos anos no setor de telecomunicações, o leilão do 5G deve movimentar grandes grupos internacionais e bilhões de reais em investimentos. Neste contexto, a pesquisa realizada no Inatel chegou a tempo de contribuir com o país na resolução de uma complicação que a Anatel enfrentaria para viabilizar a nova geração de internet. “Tecnicamente, nós antecipamos o problema de forma pioneira até no mundo, visto que a maioria dos países que já implantaram o 5G não operam mais com TV analógica” reforça o professor Arismar.
O Inatel tem sido considerado o principal protagonista nas pesquisas de 5G no Brasil, com o desenvolvimento de antenas e do modem 5G nacional, além de experimentos em altíssimas velocidades milhares de vezes maior que o 4G, perfazendo assim um compromisso com as demandas tecnológicas mundiais, sem acarretar danos para população que utiliza TV via satélite.