Produção brasileira de aço bruto cresce 7% no primeiro bimestre
A produção brasileira de aço bruto foi de 5,8 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a fevereiro de 2021, o que representa um aumento de 7,3% frente ao mesmo período do ano anterior. A produção de laminados no mesmo período foi de 4,2 milhões de toneladas, aumento de 7,4% em relação ao registrado no mesmo acumulado de 2020. A produção de semiacabados para vendas totalizou 1,2 milhão de toneladas de janeiro a fevereiro de 2021, uma retração de 10% na mesma base de comparação, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Aço Brasil, no dia 17 de março.
As vendas internas foram de 3,8 milhões de toneladas de janeiro a fevereiro de 2021, o que representa uma alta de 22,9% quando comparada com o apurado em igual período do ano anterior.
O consumo aparente nacional de produtos siderúrgicos foi de 4,3 milhões de toneladas no acumulado até fevereiro de 2021. Este resultado representa uma alta de 24,7% frente ao registrado no mesmo período de 2020.
As importações alcançaram 658 mil toneladas no acumulado até fevereiro de 2021, um aumento de 74,4% frente ao mesmo período do ano anterior. Em valor, as importações atingiram US$ 581 milhões e avançaram 48,9% no mesmo período de comparação.
As exportações atingiram 1,3 milhão de toneladas, ou US$ 836 milhões, de janeiro a fevereiro de 2021. Esses valores representam, respectivamente, retração de 30,2% e 8,5% na comparação com o mesmo período de 2020.
FEVEREIRO – Em fevereiro de 2021 a produção brasileira de aço bruto foi de 2,8 milhões de toneladas, um aumento de 3,8% frente ao apurado no mesmo mês de 2020. Já a produção de laminados foi de 2,1 milhões de toneladas, 8,3% superior à registrada em fevereiro de 2020. A produção de semiacabados para vendas foi de 557 mil toneladas, uma queda de 20,8% em relação ao ocorrido no mesmo mês de 2020.
As vendas internas avançaram 20,9% frente ao apurado em fevereiro de 2020 e atingiram 1,9 milhão de toneladas. O consumo aparente de produtos siderúrgicos foi de 2,1 milhões de toneladas, 24,5% superior ao apurado no mesmo período de 2020.
As exportações de fevereiro foram de 766 mil toneladas, ou US$ 522 milhões, o que resultou em aumento de 2,1% e 35,5%, respectivamente, na comparação com o ocorrido no mesmo mês de 2020.
As importações de fevereiro de 2021 foram de 334 mil toneladas e US$ 293 milhões, uma alta de 123,5% em quantum e 81,2% em valor na comparação com o registrado em fevereiro de 2020.
ESCASSEZ – “Notícias que vem sendo veiculadas na imprensa sobre desabastecimento de aço e elevação especulativa de preços de produtos de aço são infundadas e desvinculadas da realidade vivida pela siderurgia brasileira”, afirma Marco Polo de Mello Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
De acordo com o executivo, em abril do ano passado, após enfrentar sumários cancelamentos de pedidos de compra de seus principais clientes na construção civil, e nos setores automotivo e de máquinas e equipamentos, que representam 82,2% do consumo de aço no país, a siderurgia brasileira, operando naquele momento com 45% de sua capacidade instalada, foi obrigada a abafar e desligar vários equipamentos, arcando com pesados prejuízos.
Logo que os sinais de recuperação da economia surgiram, em meados de maio de 2020, o setor religou os equipamentos e reativou sua produção, para atender a volta dos pedidos dos clientes. Já a partir de junho, o setor passou a colocar no mercado doméstico volumes de aço maiores do que aqueles observados em janeiro e fevereiro desse mesmo ano, quando não havia sido ainda deflagrada a epidemia do Covid-19 e inexistia reclamação de qualquer setor consumidor em relação ao abastecimento de aço.
Em janeiro de 2021, a siderurgia brasileira alcançou a maior produção de aço desde janeiro de 2019, a maior produção e vendas de produtos planos desde outubro de 2013 e o maior consumo aparente de aço desde março de 2015.
“Não existe redução de oferta ou desabastecimento de produtos de aço no mercado interno por parte das usinas produtoras de aço, associadas a ele. Acreditamos que eventuais e pontuais problemas possam estar relacionados à reposição de estoques de algumas empresas de setores consumidores que, devido ao seu porte e escala, adquirem produtos siderúrgicos na rede de distribuição”, diz Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil.
Com relação à elevação dos preços de produtos siderúrgicos, Lopes informa não trata por questões de compliance. “Porém, destaco que há, atualmente, um boom no preço de commodities que repercute nos demais elos da cadeia de produção a jusante. No caso da indústria do aço, a quase totalidade de insumos e matérias primas e, em especial, as essenciais como minério de ferro e sucata tiveram significativa elevação de preços, com forte impacto nos custos de produção. Este fenômeno não é exclusivo do Brasil, mas ocorre no mundo inteiro”, afirma. “Contingências de uma economia de mercado, que o próprio mercado certamente ajustará”, complementa.
Segundo Lopes, a evolução dos índices de preços de produtos de aço no Brasil, comparados com aqueles praticados no mercado interno de vários países, demonstra que não houve qualquer movimento especulativo por parte das usinas brasileiras.
“Os preços praticados no Brasil estão abaixo ou alinhados com aqueles praticados no mercado interno dos EUA, Europa, México, Turquia, Índia e Rússia”, afirma Lopes. “Não obstante às dificuldades ainda existentes, como a necessidade urgente de acelerar a vacinação da população brasileira, o olhar da indústria brasileira do aço para 2021 é otimista.”
CONFIANÇA – O Indicador de Confiança da Indústria do Aço (Icia) referente ao mês de março de 2021 foi de 65,5 pontos, 15,5 pontos acima da linha divisória de 50 pontos, o que indica otimismo tanto sobre a percepção da situação atual quanto sobre as expectativas para os próximos seis meses.
“O cenário positivo baseia-se na expectativa de um maior consumo de aço na construção civil, nas obras de infraestrutura, e uma maior participação da indústria nacional no setor de óleo e gás e energia renovável”, encerra Lopes.