Produção industrial brasileira segue em queda, mas intensidade é menor em maio
Os impactos da crise causada pela pandemia na atividade industrial ainda foram severos em maio. O desempenho da indústria segue negativo, mas a queda na produção foi menos intensa e a de Utilização da Capacidade Instalada UCI voltou a subir, de acordo com a Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada hoje (19 de junho).
De acordo com a sondagem, empresários seguem projetando queda de demanda, exportações, compras de matérias-primas e número de empregados nos próximos seis meses. Contudo, o pessimismo se reduziu de forma significativa em junho; é menos intenso e disseminado que nos últimos meses.
A produção e o emprego sofreram novas quedas no mês de maio na comparação com o mês anterior. Porém, o desempenho da atividade industrial foi menos negativo em maio que no mês anterior. As quedas foram menos disseminadas, atingindo um número menor de empresas. Isso é demonstrado pelos índices de evolução da produção e do número de empregados. Eles continuam abaixo da linha divisória dos 50 pontos (indicando queda), mas são maiores que os indicadores de abril.
O índice de evolução da produção situa se em 43,1 pontos, 6,9 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos que separa queda e crescimento da produção.
Em abril, essa distância era de 24 pontos. O número de empregados, por sua vez, atingiu 42,0 pontos no mês, 8 pontos abaixo da linha divisória. Em abril, essa distância alcançou 11,8 pontos. Destaca-se que é a segunda pior variação registrada no mês de maio, atrás somente do ano de 2015, quando o índice alcançou 41,4 pontos.
Os índices de UCI mostram relativa melhora na atividade industrial, ainda que continue muito distante dos níveis pré-pandemia. O índice de UCI efetiva em relação ao usual, que mede quão aquecida ou desaquecida está a atividade industrial, aumentou 5,8 pontos em maio, para 29,7 pontos.
Valores abaixo de 50 pontos indicam desaquecimento da atividade. Apesar da recuperação, a atividade continua baixa: o índice se encontra 13,2 pontos abaixo do nível de maio de 2019 e 20,3 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos.
O percentual de utilização da capacidade instalada, por sua vez, cresceu 6 pontos percentuais entre os meses de abril e maio, alcançando 55%. Apesar do aumento, o percentual é o segundo menor para toda a série histórica, iniciada em 2011, e se encontra 12 pontos percentuais abaixo do nível registrado no mesmo período de 2019.
ESTOQUES – Os estoques se reduziram e estão abaixo do nível planejado pela indústria. O índice de evolução dos estoques ficou em 46,2 pontos, apontando para uma redução dos estoques, enquanto o índice de nível de estoque efetivo em relação ao planejado ficou em 47,4 pontos, mostrando que os estoques estão em nível inferior ao antecipado pela indústria.
O sentimento de forte pessimismo, observado nos dois meses anteriores, diminuiu tanto quanto à sua disseminação quanto em intensidade. Todos os índices de expectativa permanecem abaixo da linha divisória, mas apresentaram expressiva melhora em junho.
O índice de expectativa de demanda cresceu 13,6 pontos na comparação mensal, para 48,7 pontos, se aproximando da linha divisória de 50 pontos, que separa perspectivas de queda das de alta de demanda nos próximos seis meses. O índice de expectativa de quantidade exportada aumentou 12,4 pontos, para 45,8 pontos.
EMPREGOS – O índice de expectativa de número de empregados, por sua vez, cresceu 7,2 pontos entre maio e junho, alcançando 45,3 pontos, enquanto o de compras de matérias-primas cresceu 11,8 pontos, para 46,5 pontos.
O índice de intenção de investir continua em um baixo patamar, refletindo o pessimismo dos empresários industriais. Contudo, o índice apresentou um aumento de 4,5 pontos entre maio e junho, atingindo 41,4 pontos. O índice encontra se 17,8 pontos abaixo do registrado em janeiro de 2020, 10,9 pontos abaixo do registrado em junho de 2019 e 8 pontos abaixo de sua média histórica.
Os setores biocombustíveis; produtos de limpeza, perfumaria e higiene pessoal; e produtos farmoquímicos e farmacêuticos
apresentaram aumento de sua produção em maio. Também são setores com evolução do número de empregados menos negativa que a dos demais setores e UCI efetiva mais próxima ao usual.
No caso de farmoquímicos e farmacêuticos, todos os índices superam 50 pontos, ou seja, além do aumento da produção, o setor apresentou alta do número de empregados e UCI efetiva acima do usual.
No outro extremo os setores impressão e reprodução de gravações; couros e artefatos de couro; calçados e suas
partes; e vestuário e acessórios seguem com o pior desempenho, com quedas mais acentuadas da produção e do número de empregados, além de UCI efetiva muito distante do usual.
DESEMPENHO EM MAIO – As expectativas melhoraram em todos os setores. Em nove setores, empresários retomaram o otimismo e passaram a esperar elevação da demanda por seus produtos nos próximos seis meses, como se pode ver na tabela ao lado.
Destaca-se as expectativas do setor farmoquímico e farmacêutico, com índice de 64,5 pontos. Em maio, nenhum setor havia registrado otimismo. Apesar da melhora das expectativas no mês, os índices dos setores impressão e reprodução de gravações; couros e artefatos de couro; calçados e suas partes; e vestuário e acessórios continuam abaixo de 40 pontos. São os setores com maior pessimismo.