Receita do setor de máquinas e equipamentos cresce mais de 40% no primeiro semestre
A indústria brasileira de máquinas e equipamentos, definitivamente, entrou na rota de recuperação e deve fechar o ano de 2021 com receita entre 18% e 20% a mais que no ano passado, de acordo com José Velloso, presidente-executivo da Abimaq. Nos primeiros seis meses do ano, a receita líquida total do setor somou R$ 100.265,58 milhões ou 40,3% superior ao mesmo período de 2020.
Segundo o executivo, a projeção de crescimento anual de menos da metade do verificado no primeiro semestre em porcentagem não significa que as vendas vão recuar ou perder força – os percentuais de crescimento de 2021 em relação ao mesmo período de 2020 tendem a ser menores à medida que o ano avança, pois a base de comparação torna-se mais elevada. De fato, a partir de maio passado, a receita setorial cresceu mês após mês, porque a economia brasileira começou a melhorar e as restrições começaram ser relaxadas de modo que muitas indústrias retomaram às atividades.
No mês de junho de 2021, a receita líquida total de R$ 17.592,72 milhões ficou praticamente estável em comparação com maio, com leve queda de 0,1%. Em relação a junho passado, o crescimento foi de 45,4%, de acordo com dados divulgados pela Abimaq no dia 28 julho em coletiva de imprensa virtual.
Já a receita líquida interna no mês de junho, no valor de R$ 13.565,06 milhões é 0,2% maior que no mês anterior e 52,1% maior que a de junho de 2020. No acumulado do primeiro semestre, a receita interna foi de R$ 77.261,53 milhões, 53,8% acima do mesmo período de 2020.
Para Velloso, o desempenho da indústria brasileira de máquinas e equipamentos poderia ser ainda melhor, se as empresas tivessem crédito disponível com custos financeiros competitivos. “76% das máquinas comercializadas são adquiridas com capital próprio”, afirma, destacando que em “lugar nenhum do mundo” máquinas são compradas sem financiamento.
EXPORTAÇÕES – Outro fator que pode melhorar ainda mais o desempenho setorial são as exportações. Em junho, as vendas externas somaram US$ 800,43 milhões, com crescimento de 6,2% em relação a maio e 66,9% acima do mesmo mês de 2020. No acumulado do ano, as exportações totalizaram US$ 4.051,95 milhões, ou 21,7% a mais que nos primeiros seis meses de 2020. Em que pese o fato de as exportações setoriais estarem 3,7% abaixo na soma do volume exportado nos últimos 12 meses (US$ 7.712,14 milhões), em comparação ao mesmo período anterior, as vendas externas estão paulatinamente sendo retomadas.
“As exportações de máquinas e equipamentos, que vinham de queda de 24,5% em 2020, voltaram a registrar crescimento em fevereiro deste ano e já em abril o setor contava com valores superiores aos daquele ano. A intensificação das campanhas de vacinação em diversos países do globo, combinada com uma importante política de estímulo das atividades, vem permitindo uma recuperação consistente em diversas economias propiciando o aumento das vendas de máquinas e equipamentos”, diz o relatório da Abimaq distribuído à imprensa.
O desempenho do mês de junho foi heterogêneo, mas a maioria das áreas ligadas à Abimaq registrou crescimento nas exportações. No ano, apenas um grupo setorial registrou queda, o fabricante de Máquinas para petróleo e energia renovável (-52,3%).
Entre os com melhores desempenhos destacaram-se: Logística e construção civil (+46,7%); Máquinas para bens de consumo (+33,6%); e Máquinas para agricultura (30,8%).
No primeiro semestre, o recorte por destino das exportações mostrou continuidade da recuperação das vendas de máquinas para países da América Latina (+48,1%). A China também registrou forte aumento nas aquisições de máquinas e equipamentos brasileiros (+214%). Os Estados Unidos, principal destinos das exportações de máquinas e equipamentos, pela primeira vez neste ano registraram incrementos nas aquisições de máquinas nacionais (+5,6%). As vendas para os países da zona do euro, que também iniciam um processo de recuperação, registraram crescimento de 11,1%.
IMPORTAÇÕES – O volume de máquinas e equipamentos importados em junho foi de US$ 1.758,80 milhões, com recuo de 4,9% em relação a maio e crescimento de 72,1% na comparação com o mesmo mês de 2020. No acumulado do semestre, as importações de US$ 10.123,21 milhões foram 12,1% maiores que no mesmo período de 2020.
“Após terem encolhido para a média de US$ 1,4 bilhão ao mês, as importações de máquinas e equipamentos ganharam força e em 2021 passaram a oscilar ao redor de US$ 1,7 bilhão, como reflexo da recuperação das atividades produtivas observadas a partir do segundo semestre de 2020”, diz o relatório da Abimaq.
No mês de junho, as importações de máquinas registraram comportamento heterogêneo entre as atividades econômicas na comparação com o mês de maio de 2021. Entre os setores que registraram queda aparecem: Infraestrutura (-30,2%); Agricultura (-25,8%); e Indústria de transformação (-6,9%).
Entre os setores que apresentaram crescimento, estão: Petróleo e energia renovável (+26,5%); Construção civil (+3,4%); e Bens de consumo (+1%). No ano se observou retração apenas nas importações de máquinas para infraestrutura (-48,6%).
Entre as principais origens das importações, China, EUA e Alemanha comandam o ranking respectivamente. Nos seis primeiros meses do ano, as importações oriundas da China cresceram 55,2% e o país retomou a posição de líder com 25,2% das compras totais de máquinas pelo Brasil. No mesmo período, as compras vindas dos EUA recuaram 31,5%, levando o país a ocupar a segunda posição (17,9% de market share). Já as importações desde a Alemanha cresceram 2,7%. Máquinas importadas da Itália cresceram 44,6%. O país ocupa a quarta colocação no ranking e é seguido com mais distância pelo Japão na quinta posição.
CONSUMO APARENTE – Na passagem de maio para junho houve queda de 5,1% no consumo aparente, que somou R$ 23.654,20 milhões. Esse volume, porém, é 42,1% maior que o verificado em junho de 2020. No acumulado do primeiro semestre, o consumo aparente totalizou R$ 143.148,07 milhões, 24,8% acima do mesmo período de 2020.
“Embora o consumo aparente tenha se estabilizado pelo lado da produção local, a queda nas importações de máquinas resultou em encolhimento nos investimentos frente ao mês de maio de 2021”, diz o relatório da Abimaq, frisando que em junho o market share do fabricante nacional aumentou novamente e atingiu 54% do consumo aparente de máquinas e equipamentos no país. Em junho de 2020, a participação do produtor local no consumo aparente era de apenas 43,8%.
CARTEIRA DE PEDIDOS – A carteira de pedidos, medida em número de semanas para atendimento, registrou crescimento (+0,7%) no mês de junho, patamar 37,7% acima do nível observado no mesmo mês de 2020. São 12,3 semanas em média para os pedidos serem atendidos, o que indica manutenção do nível de desempenho no curto prazo.
O nível de utilização da capacidade instalada durante o mês de junho de 2021 cresceu 0,8%.
EMPREGOS – O quadro de pessoal da indústria brasileira de máquinas e equipamentos segue em crescimento. O mês de junho de 2021 registrou o décimo segundo crescimento consecutivo no número de pessoas empregadas no setor. O setor encerrou o mês de junho com quase 357 mil pessoas empregadas diretamente. Em relação ao mês de junho de 2020, foram criados 61 mil postos de trabalho no setor nacional. Entre os setores representados pela a entidade, o único a registrar encolhimento no quadro de pessoal na comparação com o mês de maio foi o de máquinas para infraestrutura e indústria de base. (Franco Tanio)