Receita do setor de máquinas e equipamentos despenca 21,3% no primeiro trimestre

O mercado brasileiro de máquinas e equipamentos mostrou crescimento na receita de fevereiro para março. No mês de março, a receita líquida total foi de R$ 20.618,32, com avanço de 6,2% em relação a fevereiro. Porém, na comparação com março de 2023, a queda foi de 27,1. No acumulado do primeiro trimestre, o faturamento de R$ 56.632,39 milhões, o recuo foi de 21,3%.
A receita obtida no mercado interno em março de R$ 15.546,75 milhões foi 1,4% maior que a de fevereiro, mas 28,1% menor que a de março de 2023. No acumulado dos três primeiros anos, a receita interna de R$ 42.256,71 milhões é 21,9% menor que do primeiro trimestre de 2023.
Os dados foram divulgados pela Abimaq, no 30 de abril. De acordo com a entidade, feitos os ajustes sazonais, houve queda na receita do setor. A expectativa é que ao longo do ano, a receita dos segmentos de componentes para bens de capital, máquinas para logística e construção civil, além de infraestrutura e indústria de transformação registrem resultados melhores, contribuindo para aumento dos investimentos em 2024. As eleições municipais, obras relacionadas ao PAC e políticas públicas recentemente anunciadas têm o potencial de direcionar o país a um novo ciclo de investimentos. Porém, a projeção de crescimento de 3,5% em 2024 deverá ser revisada para baixo, segundo Cristina Zanella, diretora de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq. A revisão deverá ser feita após a realização dos grandes eventos setoriais Agrishow, que encerra no dia 3 maio, e Feimec, que será realizada de 7 a 11 de maio, em São Paulo (SP).
EXPORTAÇÕES – As exportações somaram US$ 1.018,36 em março, com crescimento de 24,6% relação a fevereiro retomando o patamar de vendas externas mensais acima de US$ 1 milhão. Porém, o volume é 17,6% menor que no mesmo mês de 2023. No primeiro trimestre, as exportações somaram US$ 2.890,39 milhões, 12,7% menos que no mesmo período de 2023.
No mês de março de 2024 houve incremento nas exportações de quase todos os segmentos monitorados (6 de 7). Houve no período queda apenas nas exportações de máquinas para infraestrutura e indústria de base.
No primeiro trimestre, houve queda de forma quase generalizada, com destaque para o setor fabricante de máquinas para agricultura que viu o resultado encolher 23% e máquinas para logística e construção civil com queda de 15%. Juntos estes dois segmentos representam mais de 40% do total exportado pela indústria brasileira de máquinas e equipamentos. No ano houve crescimento nas exportações de máquinas para infraestrutura e indústria de base (+28,5%) que em janeiro vendeu equipamentos para um grande projeto de filtrar água em Cingapura.
Na comparação com o mês de fevereiro, houve aumento das exportações para quase metade dos parceiros comerciais. Os maiores crescimentos em valores absolutos ocorreram na exportações para Estados Unidos, Argentina, Catar e México. Em fevereiro, Catar apareceu entre os principais destinos das exportações em razão da aquisição de tubos para óleo e gás no valor de US$ 27 milhões.
Dentre os mercados tradicionais, os países da América do
Sul ampliaram a aquisição de máquinas do Brasil durante o mês de março, o suficiente apenas para anular a queda do mês de fevereiro. No ano as exportações recuaram 29% para a região.
A queda das exportações de máquinas e equipamentos no primeiro trimestre do ano, em relação ao primeiro trimestre de 2023, foi devido principalmente pela redução das compras pela América do Sul, notadamente Argentina e Chile. Houve forte redução nas compras de máquinas rodoviárias, máquinas agrícolas e também de máquinas para óleo e gás no período. Para os EUA as exportações aumentaram 5%, mas para a Europa o recuo foi de 34,6.
IMPORTAÇÕES – As importações se mantêm num patamar positivo. Em março, somaram US$ 2.431,91 milhões, 13,9% acima do obtido em fevereiro. Na comparação com março de 2023 foram 0,1% superiores. No acumulado do primeiro trimestre, as importações totalizaram US$ 6.866,84 milhões, com crescimento de 6,1%.
“As importações vêm, nos últimos meses, ocupando espaço crescente do mercado doméstico e deslocando o produtor local. Dentre os diversos tipos de máquinas adquiridas do mercado internacional, destacamos as direcionadas para a fabricação de bens de consumo não duráveis e semiduráveis que registraram crescimento de 21,5% no primeiro trimestre do ano. Houve aumento ainda nas importações de máquinas direcionadas para infraestrutura (19,2%) e para fabricação de bens duráveis (15,4%)”, diz o relatório da Abimaq distribuído à imprensa.
UTILIZAÇÃO DA CAPACIDADE INSTALADA – O nível de utilização da capacidade instalada da indústria brasileira de máquinas e equipamentos subiu para 74,5% em março, o segundo crescimento consecutivo no ano, mas ainda se encontra 4,3% abaixo do nível observado no final no mesmo mês de 2023 (77,8%). Em média, no período o setor operou pouco acima de 2 turnos. Nos últimos 12 meses ano o setor atuou em média com 74,5% da sua capacidade instalada.
A carteira média de pedidos, medida em semana para o atendimento, durante o mês março também cresceu e voltou o nível observado no início do ano (9,6 semanas). Os setores que vêm registrando melhora na sua carteira de pedido são os que atuam no mercado de bens de consumo, logística, construção civil e os fabricantes de componentes para bens de capital.
No final de março, o setor empregava 388,236 pessoas, 0,1% a mais que no mês anterior. (Franco Tanio)