Relatório indica que empresas de máquinas-ferramenta já implementam muitas práticas ESG
A sustentabilidade está no topo da agenda de empresas de todos os setores e a indústria de bens de capital é exceção. Porém, nem as empresas do setor, nem as entidades que as representam costumam apresentar relatórios de sustentabilidade. Tanto é assim que a Ucimu-Sistemi per Produrre, que representa a indústria de máquinas-ferramenta, robôs e sistemas de automação da Itália, é a primeira associação do setor da Europa – e provavelmente do mundo – a apresentar um relatório de sustentabilidade de suas representadas. No dia 21 de fevereiro, a Ucimu apresentou um relatório de sustentabilidade das empresas fabricantes de máquinas-ferramenta associadas, produzido em cooperação com a Altis, Alta Scuola Impresa e Società dell’Università Cattolica del Sacro Cuore.
“A sustentabilidade é um campo extremamente rentável para as empresas, porque não só permite melhorar as relações com os seus próprios stakeholders, como também lhes oferece a oportunidade de se reinventarem e se realinharem com o quadro de regulamentação europeu, o que realça a importância de um uso de boas práticas ESG. Com relação a este relatório, podemos afirmar que um bom número de práticas ESG (governança ambiental, social e corporativa na sigla em inglês) já foram introduzidas. No campo dos bens de capital, a Ucimu-Sistemi per Produrre é a primeira associação, na Itália e na Europa, a realizar um relatório de sustentabilidade do setor. Este resultado, sem dúvida, nos deixa muito orgulhosos. O próximo passo será formalizá-lo e estendê-lo a um número maior de empresas. Para o efeito, a Ucimu vai continuar a sua atividade de educação & formação e apoio às empresas associadas iniciada nos últimos anos”, afirmou Barbara Colombo (foto), presidente da entidade.
Para o setor, a questão da economia circular (ODS 12- Consumo e Produção Sustentáveis) é uma área de excelência indiscutível, a tal ponto que 62% das empresas entrevistadas implementaram boas práticas. Quase todas as empresas, 98%, realizam ou vão realizar uma coleta diferenciada de resíduos; 76% definiram suas próprias metas em relação à redução de aparas e resíduos produzidos, enquanto 50% utilizam matéria-prima proveniente de reciclagem. ODS se refere aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.
Do ponto de vista das emissões de dióxido de carbono (ODS 13 – Ação Climática), por outro lado, as empresas do setor ainda devem configurar sua atividade. De fato, apenas 33% das empresas entrevistadas têm metas definidas relacionadas à redução de CO2 e, menos ainda, 11% delas, formalizam essas metas em um documento oficial.
Dentre as atividades contempladas no pacote de boas práticas em relação ao ODS 13, apenas 9% das empresas entrevistadas consideram o desenvolvimento de ações compensatórias, cujos custos de implementação seriam realmente muito reduzidos, tendo em vista o baixo impacto ambiental que os empreendimentos deste setor têm por natureza.
SUSTENTABILIDADE SOCIAL – Num setor de elevado conteúdo tecnológico e especialização, no qual a inovação é crucial para a competitividade da oferta de produtos, os recursos humanos e, consequentemente, a educação e formação de qualidade dos colaboradores (ODS 4 – Educação de Qualidade) estão entre os mais importantes ativos. 92% das empresas afirmaram ter criado ou adotado um sistema de gestão para atender às necessidades de educação e treinamento de seus funcionários, enquanto 87% definiram metas de educação e treinamento para seus colegas de trabalho. Mais da metade dessas metas (54%) foram formalizadas. Além disso, 63% das empresas afirmaram oferecer educação & treinamento em competências transversais, bem como em assuntos técnicos e 82% afirmaram adotar procedimentos para a avaliação de desempenho de seus funcionários.
Os empreendimentos mostraram também um forte compromisso com o desenvolvimento sustentável do território e da comunidade (ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis): 68% dos empreendimentos mostraram-se conscientes do seu papel como motor do crescimento, por exemplo, por meio de contribuições econômicas para apoiar órgãos locais e jovens talentos.
Entre as áreas de melhoria, considerando a da diversidade e igualdade de oportunidades (ODS5 Igualdade de Gênero), é necessário trabalhar na implementação de políticas que visem uma maior inclusão, tanto de presenças femininas como de jovens, num setor tradicionalmente masculino. Até o momento, a força de trabalho é majoritariamente masculina (86%). Os jovens representam uma parcela muito pequena em relação ao total de empregados: 77% das pessoas que atuam nas empresas do setor têm mais de 30 anos. Apenas 22% das empresas têm uma política ou um comitê para valorização da diversidade e promoção da igualdade de oportunidades.
Dito isto, entre as boas práticas implementadas pelas empresas no que diz respeito à igualdade de oportunidades e à diversidade, destaca-se a implementação de uma política mais inclusiva, bem como a criação de creches e ações de apoio à maternidade.
Por fim, é necessário que as empresas invistam mais na governança da sustentabilidade (ODS 16 – Paz, Justiça e Instituições Fortes) e na formalização de suas próprias iniciativas: de fato, apenas 30% delas informam sobre questões ESG por meio de uma seção dedicada nos seus sites e apenas 4% formalizaram este procedimento através da elaboração de um documento de reporte, como um Relatório de Sustentabilidade.
SUSTENTABILIDADE ECONÔMICA – No campo da inovação (ODS 9 – Infraestrutura e Industrialização), da transição digital à cibersegurança, as empresas estão fortemente envolvidas no desenvolvimento de tecnologias inovadoras e eficazes, capazes de reduzir o desperdício de recursos, estimular modelos de consumo mais sustentáveis e garantir maior produtividade para empresas clientes. De fato, os resultados da pesquisa mostram que 91% das empresas definiram uma estratégia ou objetivos futuros em termos de digitalização, automação e indústria 4.0.
Entre as boas práticas mais comuns, destaca-se a do desenvolvimento de projetos de digitalização e comunicação com os produtos instalados, de forma a permitir uma monitoração contínua, em acordo com os clientes, e prever necessidades de manutenção. Na verdade, tudo isso implica na redução do tempo de produção e das paradas das máquinas, bem como no uso adequado dos recursos. Essas atividades contribuem para melhorar a competitividade de uma empresa.
No que respeita à Pesquisa & Desenvolvimento, 72% das empresas definiram uma estratégia ou objetivos futuros que visem a redução do impacto ambiental dos produtos, uso adequado das máquinas (91%) e sobre seu descarte correto ao final de sua vida útil (72%).
CONCLUSÕES – No geral, o Relatório de Sustentabilidade 2021 mostra uma falta geral de formalização dos processos. Embora 64% das empresas tenham estratégias e metas definidas, apenas 24% as formalizaram. O percentual relativo à gestão e monitoramento de caminhos sustentáveis, ainda que superior (39% de forma formalizada), ainda está abaixo de 50%. Por outro lado, os resultados do relatório destacam a necessidade de as empresas do setor fortalecerem sua postura “divulgar a sustentabilidade” implementando as práticas da empresa nesse sentido. (texto:Franco Tanio/foto: divulgação)