Setor de máquinas e equipamentos começa 2023 com queda no faturamento

A indústria de máquinas e equipamentos iniciou o ano com queda no faturamento, redução no nível utilização de capacidade instalada e recuo na carteira de pedidos em comparação a janeiro de 2022. Se a tendência se mantiver nos próximos meses, a projeção de crescimento de 2,4% em 2023 em relação a 2022 divulgada no final de janeiro pela Abimaq deverá ser revisada para baixo. Entre os indicadores divulgados pela entidade que se mantiveram positivos na comparação entre janeiro de 2023/janeiro de 2022 estão os de exportações, importações e empregos gerados pelas empresas do setor.
De acordo com dados da Abimaq, divulgados no dia 28 de março, a receita líquida total de R$ 20.250,49 milhões obtida no mês janeiro de 2023 é 6,4% menor que a de janeiro do ano passado e 14% inferior que a do mês imediatamente anterior. A receita líquida interna de R$ 14.877,09 milhões é 13,6% inferior à de janeiro de 2022 e 14,2% menor que a dezembro passado.
“O ano começou bem mais fraco do que gostaríamos”, diz Cristina Zanella, diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq, embora frise que as exportações setoriais vão bem. De fato, as vendas externas do setor se mantêm superiores a US$ 1 bilhão. Em janeiro de 2023, a exportações totalizaram US$ 1.033,21 milhão, 44,3% acima observado no mesmo mês de 2022. Em comparação ao mês de dezembro, a queda foi de 12,2%.
Em que pese o bom desempenho das exportações, é fato que a indústria brasileira de máquinas e equipamentos registrou a oitava queda consecutiva na receita líquida total em janeiro de 2023 em comparação ao mesmo mês do ano anterior. 2023 começou com o pior desempenho dos últimos três anos. “A indústria de máquinas terminou o ano de 2022 com o terceiro trimestre apresentando uma queda significativa nas vendas, era esperada uma desaceleração, mas ela veio um pouco mais forte”, avalia o relatório da Abimaq.
A receita líquida interna janeiro de 2023 é 13,6% menor que a do mês do mesmo mês de 2022. É o segundo ano consecutivo que o setor inicia com janeiro abaixo do mesmo mês do ano passado. “Tradicionalmente existe uma recuperação para os meses seguintes, mas ainda há incertezas do quanto. O desempenho do ano de 2023 vai depender do desempenho da economia nacional, além da quantidade de crédito disponível e do seu custo adequado aos produtores”, observa o relatório da Abimaq.
EXPORTAÇÕES – O ano de 2023 iniciou com aumento das exportações de todos os tipos de máquinas, no comparativo interanual. O destaque ficou com o setor de máquinas para logística e construção civil que registrou crescimento de 59,9% no período. Este setor participou de 32,6% no total das exportações de máquinas no período.
Outro destaque foi o de componentes para a indústria de bens de capital, que teve uma participação de 18,2% no total e registrou crescimento de 19,5%.
Na comparação como o mês de dezembro passado houve incremento apenas nas exportações de máquinas para petróleo e energia renovável.
O ano de 2023, na comparação com janeiro de 2022, iniciou com aumento das exportações em quase todas as regiões. O aumento para países da América do Norte e Sul continuam como o destaque. O crescimento sobre o mês de janeiro de 2022 foi de 80,9% e 43,2%, respectivamente.
Em 2022 a participação média histórica de países da América do Sul no total das exportações voltou a um patamar próximo ao nível observado em período pré-2018. Essa recuperação da América do Sul, explica, em parte, o resultado positivo observado nos últimos meses.
IMPORTAÇÕES – Em janeiro de 2023, as importações somaram US$ 2.128,27 milhões, 15,5% acima do mesmo mês de 2022 e 4,1% menos que no mês imediatamente anterior. “O patamar das importações voltou ao nível observado em período anterior à crise financeira iniciada em 2015, cerca de US$ 2 bilhões”, diz o relatório da Abimaq.
A queda observada nas importações de dezembro para janeiro atingiu 4 dos 7 segmentos de mercado analisados pela Abimaq. Entre os bens com aumento nas importações aparecem os componentes e as máquinas para infraestrutura e indústria de base.
Em janeiro de 2023, o consumo aparente foi de R$ 26.654,26 milhões, 10,1% a menos que em janeiro passado e 10,7% inferior a dezembro de 2022.
NUCI – No mês de janeiro de 2023, o nível de ocupação da capacidade instalada (Nuci) da indústria de máquinas e equipamentos apresentou novo recuo – o quinto consecutivo – e ficou 2% abaixo no nível registrado em janeiro de 2022. Em média, o setor atuou em janeiro de 2023 com 75,5% da sua capacidade instalada.
A carteira de pedidos, medida em número de semanas para atendimento, registrou queda de 2,4%, em relação a dezembro de 2022. Atualmente o setor possui carteira equivalente a 11,2 semanas de atividades 11,5%, inferior à de janeiro de 2022.
No mês de janeiro houve alta no quadro de pessoal de 0,7% em relação ao mês de dezembro de 2022, pouco mais de 390 mil pessoas empregadas. Na comparação entre janeiro de 2023 e janeiro de 2022, o setor apresentou aumento de quase 5 mil postos de trabalho, com variação positiva de 1,3%. (Franco Tanio)