Setor de máquinas e equipamentos deverá fechar o ano com queda de 8,2% na receita

A queda na receita do setor de máquinas e equipamentos no mês de outubro novamente foi puxada pelo mau desempenho do mercado doméstico. Para se ter ideia, a receita líquida interna de R$ 16.587,24 milhões é 13,8% inferior à de setembro e 21,4% menor que no mesmo mês de 2022. No acumulado do ano até outubro, a receita líquida interna somou R$ 183.515,48 milhões, 14,7% a menor que no mesmo período do ano anterior. O setor amarga redução na receita interna desde o início de 2002, ano em que viu o indicador recuar 6,9%.
Por outro lado, as vendas externas de bens de capital apresentam excelente desempenho e podem fechar o ano com recorde de US$ 14 bilhões. Em outubro, as exportações setoriais de US$ 1.417,53 milhões são 22,2% maiores que as de setembro e superam em 28,8% as do mesmo mês de 2023. No acumulado de janeiro a outubro, as exportações somaram US$ 11.863,65 milhões, 18,4% acima do mesmo período de 2022. As exportações representam 24,6% da receita total do setor, contra 20,2% de 2022.
O bom desempenho das exportações ajudou a amenizar queda a receita líquida total. Em outubro a receita líquida total de R$ 23.766,82 milhões foi 4,8% menor que do mês de setembro e 12,1% a menos que no mesmo mês de 2022. No acumulado do ano, somou R$ 243.368,15 milhões, 9,8% menos que no mesmo período do ano anterior.
“Os números vieram fracos novamente”, diz Cristina Zanella, diretora-executiva de Economia Estatística e Competitividade da Abimaq. Com o desempenho de outubro, as expectativas de crescimento no último trimestre de 2023 foram frustradas, embora se espere algum incremento de outubro para novembro. “Dezembro é tradicionalmente mais fraco”, afirma.
Com expectativa de crescimento no último trimestre do ano descartada, a Abimaq revisou para baixo as projeções para o fechamento do ano: a receita líquida total sofrerá queda de 8,2%; a receita líquida interna recuará 12,2% e as exportações crescerão 15,5%. A produção cairá 6,8%.
Para 2024, as expectativas são melhores, mas não se espera a recuperação do mau desempenho de 2023. O início de 2024 deverá ser fraco, como acontece tradicionalmente, com crescimento mais acelerado por volta do mês de março. De acordo com Cristina Zanella, a projeção é de crescimento de 2,4% na receita de 2024 e de 1,9% na produção. “Neste ano a alta do PIB ficou concentrada em mineração e agronegócio. Esperamos que em 2024 a indústria, serviços e construção civil voltem a crescer”, diz.
EXPORTAÇÕES – O mês de outubro de 2023 registrou expansão nas exportações de máquinas e equipamentos, em relação ao mês de setembro em 5 dos 7 grupos setoriais monitorados. Dentre os grupos setoriais que registraram maior crescimento aparecem os produtores de máquinas para logística e construção civil, componentes para bens de capital e máquinas para bens de consumo. Na comparação com outubro de 2022, houve queda no setor de máquinas para agricultura apenas.
No acumulado de janeiro a outubro, houve crescimento médio de 18,4%, com resultado puxado para cima pelos setores fabricantes de máquinas para infraestrutura e indústria de base e máquinas para construção civil.
De janeiro a outubro, houve aumento das exportações de máquinas e equipamentos quase todos os destinos. Dentre os países que se observou queda no período (cerca de 10% do mercado) apareceram o Chile (-19%), a Colômbia (-21%), a China (-10%) e o Reino Unido (-21%).
A maior parte das exportações foi direcionada para a América do Norte que consumiu no período 36,4% do total, destes 28,4% pelos Estados Unidos. A América do Sul absorveu 32,1% do total de máquinas e equipamentos exportados pelo país. Desta região, a
Argentina foi responsável por cerca de um terço dos 32%, ou 10,8% do total das exportações. O mercado europeu adquiriu quase 14% das máquinas e equipamentos exportados pelo Brasil, após registrar incremento de 27,1% nas compras do país.
IMPORTAÇÕES – As importações de US$ 2.055,82 milhões em outubro são 3,5% menores que as de setembro e 6% inferiores ao do mesmo mês de 2022. As importações acumuladas até outubro somaram US$ 22.365,18 milhões, 9,4% acima do mesmo período de 2022.
Mesmo com a desaceleração nas importações, os dados recentes sugerem perda de competitividade do bem nacional ante o importado. Até o mês de outubro de 2023 os equipamentos importados ganharam 3,1 p.p. do consumo aparente de máquinas e equipamentos no Brasil.
No mês de outubro de 2023 houve queda nas importações de máquinas e equipamentos de quase todos os segmentos monitorados, entre eles o de infraestrutura, construção civil e agrícola, o que reforça o quadro de desaceleração em boa parte das atividades nacionais.
Foi observado o crescimento nas importações de máquinas para extração de petróleo e de máquinas para a indústria de bens de consumos.
De janeiro a outubro, em razão do crescimento no segundo trimestre do ano, o desempenho positivo prevalece, mas em menor nível. O aumento das importações de máquinas neste período ocorreu nos setores os fabricantes de bens de consumo, agrícola e extração de petróleo.
NUCI E E PEDIDOS – O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) da indústria brasileira de máquinas e equipamentos estabilizou em 75,5% no mês de outubro e ficou 4,6% abaixo do nível observado em 2022 (79,2%). Em média, no período o setor operou com 2 turnos.
No ano o setor atuou com 75,8% da sua capacidade instalada, 2,9 p.p, abaixo do nível de atuação observado em 2022.
A carteira média de pedidos, do mês outubro, voltou a recuar e atingiu o patamar de 9,3 semanas de atividade contra 11,2 semanas em outubro de 2022. O resultado, mais uma vez, foi puxado pela piora nas encomendas de máquinas para indústria de transformação e de construção civil. Nos setores fabricantes de máquinas para agricultura, componentes e para infraestrutura, houve melhora na carteira de pedido no mês de outubro.
No mês de outubro o setor fabricante de máquinas e equipamentos registrou estabilidade no nível de pessoas ocupadas diretamente (+0,1%). Em outubro o setor contava com 391 mil pessoas empregadas. (Franco Tanio)