Eletrônica e Informática

Telemedicina veterinária pode contribuir para a saúde dos pets e do bolso

Uma recente resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que regulamentou o uso da telemedicina para a prestação de serviços veterinários, deve contribuir para o aumento dos cuidados com a saúde dos animais de estimação, já que, com a crise econômica, muitos tutores deixaram de dar a atenção necessária aos animais e passaram a visitar menos o veterinário.

Muito similar à regulamentação da telemedicina voltada para os humanos, a medida visa diminuir a burocracia e tornar optativa, para os donos de pets, às idas às clínicas em casos notoriamente mais simples, para efeito de diagnóstico, por exemplo, ou para acompanhamento fora do prazo de retorno, período em que uma nova visita geralmente não costuma ser cobrada.

Para especialistas da área, a decisão do Conselho é para lá de bem-vinda. Obrigados a cortar despesas, muitos donos de pets estão sendo forçados a colocar os cuidados médicos dos bichos de estimação no alto da lista de cortes.

Segundo pesquisa do C6 Bank/Ipec, 18% eliminaram o gasto com veterinário, 34% diminuíram o gasto com o especialista e 15% trocaram o profissional por um outro mais em conta. De outro lado, 16% não mudaram o perfil de gastos e 17% não costumam recorrer a veterinários para cuidar do pet.

Outra pesquisa, encomendada pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan)  e desenvolvida junto a 732 veterinários de cães e gatos, mostrou que 37% detectaram cortes no orçamento destinado aos cuidadores, 23% identificaram diminuição no número de consultas ou internações e 11% uma queda nos cuidados com os animais de modo geral.

TECNOLOGIA – Naturalmente, a telemedicina veterinária será amplamente baseada na tecnologia. Com ela, será possível realizar uma teletriagem para identificar e classificar situações que, a critério do médico-veterinário, indiquem a possibilidade da teleconsulta ou a necessidade de atendimento presencial.

“A resolução dá ao profissional a autonomia de decidir quanto ao uso da telemedicina veterinária, inclusive para a sua impossibilidade, considerando questões éticas e de segurança para a saúde do animal”, explica o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP), Odemilson Donizete Mossero.

O dirigente observa, porém, que, assim como na medicina humana, as novas tecnologias vêm para somar e devem ser utilizadas com responsabilidade: “A contribuição da tecnologia pode ser imensa, mas sem a segurança e a seriedade necessárias, iniciativas desse tipo se tornam inócuas”.

Mossero vê, de outro lado, uma grande vantagem embutida na regulamentação do CRMV: a possibilidade de a telemedicina poder otimizar os atendimentos, priorizando os animais que realmente necessitam de cuidados.

Pela nova regulamentação a prescrição a distância deverá conter, obrigatoriamente, identificação do médico-veterinário, incluindo nome, CRMV, telefone e endereço físico e eletrônico; identificação e dados do paciente e do responsável, registro de data e hora do atendimento e uso de assinatura eletrônica avançada ou qualificada para emissão de receitas e demais documentos.

Receituários de medicamentos sujeitos a controle especial somente serão válidos quando subscritos com assinatura eletrônica qualificada, por meio de certificado digital ICP-Brasil.

CORTES GENERALIZADOS – Não é apenas os cuidados veterinários que têm diminuído para os pets. Segundo a pesquisa do C6 Bank/Ipec, 44% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet diminuíram os gastos gerais com pets nos últimos seis meses por causa da alta de preços. Muitos tutores tiraram do carrinho de compras itens considerados não essenciais, e passaram a adquirir produtos mais baratos.

Os brinquedos e guloseimas estão entre os itens mais afetados pela mudança de comportamento dos donos de animais de estimação – 29% dos entrevistados pararam de comprar sachês, biscoitinhos, petiscos ou guloseimas para os pets, 35% diminuíram a frequência de compra desses produtos e 16% cortaram a quantidade comprada de ração e 48% trocaram o tipo da ração por outro mais barato.

A inflação também afetou os momentos de lazer dos bichinhos – 26% das pessoas ouvidas na pesquisa pararam de gastar dinheiro com passeadores ou treinadores e 46% deixaram de investir em brinquedos ou acessórios. Os animais também passaram a frequentar o pet shop com menor frequência – 56% dos tutores diminuíram gastos com banho e tosa ou pararam de usar o serviço.

De qualquer forma, a amplitude do mercado pet está impedindo o que poderia se desenhar como uma crise para o setor industrial, comercial e de serviços voltado para os animais de estimação.

A pesquisa do C6 Bank/Ipec mostra que 69% dos brasileiros das classes ABC com acesso à internet têm um animal de estimação em casa. A maior parte dos entrevistados que realizaram cortes (53%) ainda gasta de R$ 101 a R$ 499 por mês com os bichinhos, e 44% desembolsam menos de R$ 100. Para 1% dos que cortaram gastos, as despesas mensais com pet superam R$ 1 mil. (Alberto Mawakdiye).

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