Trumpf Brasil projeta segundo semestre muito positivo, mas risco de apagão preocupa
A Trumpf Brasil, subsidiária do Grupo Trumpf, empresa de alta tecnologia que se dedica à fabricação de máquinas e soluções de produção nos setores de máquinas-ferramenta e laser, encerrou seu ano fiscal no dia 30 de junho com faturamento alto e metas ultrapassadas. Os dados ainda não podem ser revelados, porque a matriz está consolidando o balanço global, a ser divulgado no começo de agosto. “Vamos fechar o ano fiscal muito acima do planejado, a única área que ficou abaixo foi a automotiva, mas com perspectivas de recuperação”, adianta João Visetti, CEO da empresa no Brasil.
O bom desempenho foi puxado pelos setores ligados ao agronegócios, construção e transporte, nos quais a Trumpf tem os seus principais clientes. “Toda a cadeia de fornecimento de implementos agrícolas, de caminhões e implementos rodoviários e os prestadores de serviço que orbitam nesse mercado estão em modo comprador para as nossas máquinas e soluções”, diz ele. Já o setor automotivo, usualmente importante para os negócios da Trumpf, não foi tão bem assim. “As montadoras estão paradas, devido à falta de chips no mercado mundial. Isso afeta toda a cadeia produtiva, incluindo os fornecedores de peças, com os quais trabalhamos, especialmente com nossas soluções de solda a laser e hotforming ”, explica Visetti.
Por outro lado, o Services, área de serviços responsável pela manutenção, assistência técnica, venda de peças e treinamento, teve muitos desafios com a pandemia. “O maior deles foi ter um técnico disponível para o atendimento, no momento da solicitação, por causa da covid 19”, diz Visetti. Por segurança dos colaboradores e clientes, toda vez que um funcionário tem contato com alguém suspeito ou com covid19, fica fora do trabalho até confirmar que não está contaminado – e isso representa ao menos cinco dias.
ESG – A Trumpf é uma companhia familiar alemã, com capital próprio. Isso, porém, não impede que o grupo persiga as três siglas mais ambicionadas atualmente pelas empresas abertas, que buscam investidores no mercado. ESG, a sigla que indica um conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança realizada pelas empresas, há muito é seguida pela companhia. “A Trumpf já é engajada faz tempo. O Grupo tem metas de redução de emissão de gás de efeito estufa em todas as suas plantas e unidades, globalmente. Nossas máquinas são cada vez mais eficientes, consomem menos energia, menos gás, menos insumos. Estamos cada vez mais preocupados com a economia circular, em fazer o nosso produto voltar para a produção, direta ou indiretamente. Esses conceitos, na Alemanha, já estão enraizados”.
A filial brasileira estuda usar o telhado para explorar o potencial de energia solar. “Vamos ter uns 30%, 40% de redução na conta de energia elétrica; é o tipo de investimento que se paga”, afirma.
Visetti se diz preocupado com o número de máquinas que tem entrado no mercado nacional sem que elas atendam os requisitos mínimos de segurança. E isso é fácil de verificar, segundo ele: todos os fabricantes de primeira linha têm suas máquinas com a área de corte totalmente “selada”; nenhum reflexo de laser sai de dentro delas. Por outro lado, diz ele, existe uma “quantidade enorme” de máquinas sendo importadas, que são totalmente ou parcialmente abertas. “O reflexo da luz laser é invisível a olho nu, mas tem a capacidade de queimar a retina; um reflexo direto e pouco provável causaria cegueira imediata, já as pequenas reflexões causam danos a longo prazo. Para deixar este ponto mais claro, uma simples gravadora a laser com potência inferior a 30W já é totalmente enclausurada, como uma máquina com mais de 500W poderia ser aberta? ”, indaga ele. Máquinas deste tipo estão proibidas na União Europeia. “É preciso ter muito cuidado, o barato de hoje pode sair muito caro no futuro. Afinal, a saúde não tem preço”, sustenta.
YOU WIN – O mote da Trumpf neste ano fiscal, iniciado em 1º de julho, é You Win. Segundo Visetti, isso significa que a Trumpf “só consegue existir, só vai ser sustentável e sobreviver se os nossos clientes também forem”. Essa máxima coloca o cliente ainda mais no centro das preocupações da companhia. “Para que a gente tenha sustentabilidade no longo prazo, temos que nos preocupar com a sustentabilidade a longo prazo do cliente. Estamos colocando o cliente ainda mais no centro das nossas decisões e atenção. Eu acredito que o cliente percebe isso, senão, não teríamos o sucesso que temos no mercado. A Trumpf só chegou aonde chegou por causa dos seus clientes”, diz o CEO.
O segundo semestre está se desenhando muito positivo para a Trumpf Brasil, na opinião de Visetti. Embora ele revele a preocupação com um possível racionamento de energia elétrica, em decorrência da crise hídrica – e os efeitos da pauta ambientalista sobre a economia do país. “Mantenho a confiança, sou otimista, mas tenho que olhar as coisas como elas são. O fantasma do racionamento de energia, que volta a nos rondar, será desastroso para a indústria, a inflação está voltando e a pauta ambientalista, que está no foco principalmente das empresas europeias, podem atrapalhar muito. Mas o primeiro semestre de cada ano, que representa o segundo semestre do nosso fiscal, sempre foi o melhor para nós. Então, vamos esperar e seguir confiantes.”