Uso de patinetes elétricos aumenta e prefeitura de SP discute regulamentação
Como em várias cidades do mundo, em São Paulo os patinetes elétricos também vieram, viram e venceram. Embora ainda sejam bem poucas as empresas que comercializam ou alugam este simpático meio de transporte, os patinetes elétricos já são tão numerosos na cidade que a prefeitura achou por bem regulamentar a modalidade – como, aliás, vem fazendo dezenas de metrópoles ao redor do planeta.
Um grupo de trabalho foi criado pela Secretaria de Transportes e Mobilidade para estudar, discutir e elaborar a regulamentação. O grupo conta com a participação de algumas operadoras e de entidades civis, e no seu foco estão, principalmente, itens como formas de compartilhamento dos patinetes, estacionamentos, vagas de zona azul, pontos de retirada e devolução, medidas de segurança e assim por diante.
Já se sabe, de qualquer forma, que a regulamentação será inspirada no decreto que fixou as regras para bicicletas dockless (sem estacionamentos fixos) em dezembro de 2017, publicado pelo ex-prefeito e hoje governador João Doria (PSDB). Elas incluirão também os usuários, que serão estimulados a trocar informações sobre rotas percorridas e ficarão sujeitos a mecanismos de bonificação ou penalidade em caso de estacionamento do patinete em local correto ou errado, respectivamente. A prefeitura quer ainda proibir o uso dos patinetes em calçadas.
As empresas que quiserem participar da modalidade também precisarão, daqui para frente, de um TPU – autorização municipal que é dada a vendedores que ocupam o espaço público, como ambulantes, food trucks e bancas de jornal. Trata-se, esta, de uma medida com viés disciplinador, pois o mercado de patinetes elétricos já dá mostras – e não só em São Paulo, mas no mundo todo – de não ser exatamente muito bem organizado, e apresentar uma tendência de inchaço mesmo no curto prazo.
De fato, um bom número de startups já anunciou parcerias com grandes marcas, fusões, expansão da frota de veículos e novas operações. Já há até mesmo grandes players participando deste mercado, como a Yellow, fundada pelos criadores do aplicativo 99 e pelo ex-presidente da Caloi. A Yellow investiu mais de R$ 230 milhões para disponibilizar mil patinetes para a clientela. Outra empresa, a Ride, de porte menor, investiu R$ 5 milhões.
CADA UM POR SI – Naturalmente, hoje cada empresa está atuando meio como quer. A Yellow, por exemplo, implantou o serviço de bicicletas compartilhadas sem estações físicas na zona oeste de São Paulo. Elas podem ser estacionadas em local público e destravadas pelo próximo passageiro, por meio de leitura de código QR Code em aplicativo de celular. Já a Ride montou 45 estações próprias na cidade. Outras marcas seguem a mesma linha. Por enquanto, nenhuma optou pelo dockless, no qual os patinetes são largados em qualquer lugar.
De qualquer modo, as empresas de patinetes elétricas compartilhadas vêm baseando sua operação na resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) que trata de veículos ciclo-elétricos e ciclomotores. Nesses casos, a legislação determina velocidade máxima de 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas e até 6 km/h em locais com pedestres. Diga-se que é possível controlar a velocidade porque os patinetes, na sua maioria importados da China, são relativamente sofisticados em termos de tecnologia: trazem velocímetro, freio, acelerador e indicador de bateria.
A expectativa dos empresários é que a onda dos patinetes elétricos vinda da Califórnia e que já está varrendo, como um tsunami, a Europa, a China e o México conquiste multidões de brasileiros e sensibilize as autoridades para também investir em infraestrutura para os veículos. Este público vem aumentando com rapidez, embora ainda restrito a nichos.
No dia a dia, os usuários atuais são, em sua maioria, executivos e funcionários graduados dos escritórios das regiões da Faria Lima e Itaim Bibi que se deslocam em trajetos curtos. Mas já se percebe o aumento do uso na região da Avenida Paulista e do Parque do Ibirapuera. Nos fins de semana, o uso, basicamente para lazer, é mais democrático, embora os preços não sejam exatamente baixos. Alugar um patinete em São Paulo custa de R$ 0,15 a R$ 0,35 por minuto, mais R$ 1 de desbloqueio.
Tudo indica que é uma modalidade que veio para ficar, em São Paulo e no Brasil, assim como no resto do mundo. Os patinetes elétricos são vistos como uma opção mais prática de deslocamento pela cidade e também mais “limpa”, ou seja, menos poluente do que o carro ou uma moto, por exemplo. E é ainda mais fácil de manejar do que uma bicicleta.
Na verdade, o compartilhamento desses veículos, também chamados de e-scooters, é considerado como um verdadeiro fenômeno de mobilidade urbana, dada a sua ascensão quase meteórica: a Bird, primeira empresa a introduzi-los nos Estados Unidos, já registra mais de 10 milhões de viagens realizadas em âmbito internacional.
O número de usuários chega a 2 milhões em cidades americanas e em capitais europeias. Mas a modalidade também vem gerando preocupações e restrições em muitos países justamente pela falta de regras e por problemas de segurança. (texto:Alberto Mawakdiye/foto: divulgação)
Fonte: Ipesi