Vagas para estagiários devem crescer até o final do ano
A taxa de desemprego no Brasil fechou o primeiro semestre em 12,4%. O índice caiu em comparação ao trimestre anterior e também em relação ao mesmo período do ano passado, quando era de 13%. Mas, o fato é que a crise do emprego afeta 13 milhões de brasileiros atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E não é novidade que, entre o grupo, a faixa etária mais prejudicada é composta, justamente, pela mão de obra mais jovem da população.
Com idade inferior a 24 anos, esse público amarga os piores efeitos da recessão econômica do país. Além de sofrer mais com os cortes gerados pela crise, ainda é mais difícil conseguir uma colocação no mercado devido à falta de experiência. No entanto, como a maioria ainda está em formação, o estágio, programa de aprendizado voltado justamente para o estudante, tem sido usado como alternativa para driblar os tempos difíceis e, também, como ferramenta para não ficar à margem do mercado. Além de retomar a estabilidade das vagas, a modalidade apresenta projeções positivas para o segundo semestre e ainda registra um crescimento contínuo no histórico de inscrições.
Com a vantagem de ser voltado especificamente para estudantes e não exigir experiência prévia, o programa de estágio tem sido a principal saída para os jovens enfrentarem o momento turbulento do mercado de trabalho. E, embora a modalidade também tenha sofrido perdas com a crise do emprego, os números apontam que a abertura de novas vagas já supera os postos fechados em decorrência da recessão. E não para por aí, pois, segundo especialistas do setor, a expectativa ainda é de crescimento até o final do ano.
De acordo com dados da Companhia de Estágios, consultoria e assessoria especializada em programas de estágio e trainee, o ano começou de forma positiva, no primeiro semestre de 2018 o número de vagas foi 34% maior em comparação com o mesmo período do ano passado. Essas vagas, ofertadas nos primeiros seis meses, já representam quase 60% do volume oferecido em 2017, e as previsões são favoráveis que esse índice siga em crescimento neste semestre.
Segundo Tiago Mavichian, diretor da recrutadora, esse cenário animador indica mais do que uma recuperação, já é possível notar uma estabilidade no setor: “Diferente do mercado celetista, que ainda caminha a passos lentos, as vagas de estágio seguem estáveis e com projeções positivas, o que tem atraído cada vez mais estudantes e tornado a disputa bem acirrada. Para se ter ideia, o número de inscritos, somente no primeiro semestre de 2018, já corresponde a 55% do total de candidatos do ano passado, levando a crer que teremos um novo recorde de inscrições em 2018”, afirma o especialista.
Isso porque, de acordo com o histórico dos dados, após o agravamento da crise, que teve seu início em 2015, a concorrência no mercado de estágios bateu recorde, alcançando cerca de 80 candidatos por vaga no primeiro semestre de 2016. Para Mavichian, este aumento expressivo pode ser atribuído ao caráter educativo do programa, que abre as portas do mundo profissional, justamente, para os jovens em início de carreira, que além de ainda estarem em formação, são inexperientes e, por isso, tem mais dificuldades de inserção no mercado formal.
Por isso, a expectativa é de que o número de inscrições continue subindo: “Com o desemprego acentuado entre mais os jovens no mercado celetista, é natural que os estudantes procurem alternativas, e o estágio é uma forma que eles encontram para complementar a renda e ainda adquirir experiência, já que o mundo profissional é mais restrito para quem ainda está no começo da carreira. Afinal, quando o jovem concorre com um profissional mais experiente, ele tem menos chances de se destacar. Portanto, a alta procura por estágios pode ser encarada como um efeito colateral do mercado de vagas efetivas, especialmente nos últimos tempos”, explica Mavichian.
CONCORRÊNCIA – Com a retomada dos postos, houve uma queda de 15% na proporção de candidatos por vaga no primeiro semestre, mesmo diante do aumento no número de inscritos – mais de 110 mil candidatos somente na primeira etapa do ano. Tal cenário ajudou a reduzir o nível de concorrência. Na prática, o estudante que se candidatou entre janeiro e junho desse ano, enfrentou cerca de 10 candidatos a menos do que aquele que participou dos processos seletivos no mesmo período de 2017. O que é uma ótima notícia para o jovem que busca uma oportunidade, no entanto, engana-se quem acredita que o caminho até a vaga está mais brando. Pelo contrário, é importante ficar atento, pois os recrutadores estão ainda mais exigentes durante a seleção.
QUALIFICAÇÃO – Mesmo que o programa de estágio seja uma alternativa promissora em tempos de desemprego, com o aumento na quantidade de inscritos é natural que os processos seletivos também acompanhem essa tendência. Ou seja, com mais jovens disputando os postos de aprendizado, a seleção se tornou, consequentemente, mais criteriosa, a fim de filtrar e extrair os perfis mais adequados às vagas disponíveis. E isso já é percebido pelos jovens, pois, segundo um levantamento feito pela Companhia de Estágios, que ouviu mais de 5 mil estudantes de todas as regiões do país, mais da metade dos entrevistados não vê diferença no nível de dificuldade das vagas de estágio em comparação com as vagas celetistas no mercado de trabalho atual.
Por isso, para se destacar diante da alta oferta de candidatos é necessário investir em qualificação. “Apesar da experiência prévia na área ser um requisito descartado no estágio, conhecimento nunca é demais, e não precisa vir, necessariamente, de uma função anterior. Os cursos de idiomas, por exemplo, são um grande diferencial no currículo, assim como trabalhos voluntários e cursos complementares que também podem contribuir para o enriquecimento do portfólio de quem busca uma oportunidade, além de ser uma boa maneira para se atualizar na área de atuação”, ressalta o especialista.
Fonte: Ipesi