VLT de Salvador usará trens que pertenciam ao VLT de Cuiabá, que nunca foi concluído
Os 40 trens que atenderão o sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLT) de Salvador, na Bahia, já começaram a ser transportados de Cuiabá, capital do Mato Grosso, para a fábrica da espanhola CAF em Hortolândia, no interior de São Paulo, para adaptações e testes.
Os trens, todos eles produzidos pela montadora espanhola, deverão começar a ser enviados para Salvador no segundo semestre do ano que vem. Cada um dos trens terá capacidade de transporte de 400 passageiros, sendo 77 sentados.
Os trens que serão utilizados em Salvador pertenciam ao VLT de Cuiabá, que nunca foi concluído, mesmo depois de ter consumido R$ 1 bilhão. Era a principal obra de mobilidade na capital mato-grossense para a Copa do Mundo de 2014.
Mas tudo parece ter terminado bem. No primeiro semestre deste ano, os governos da Bahia e do Mato Grosso selaram um acordo para a transferência dos trens, uma negociação que foi aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) da Bahia.
Com o acordo, Mato Grosso deverá receber R$ 793,7 milhões pelos trens, dinheiro que, conforme o governo mato-grossense, será utilizado para terminar a obra do BRT (corredores rápidos de ônibus) em Cuiabá e comprar os veículos para a operação do sistema.
A previsão é que os trens sejam pagos pelo governo baiano em quatro parcelas anuais, a primeira delas já agora em dezembro.
MARISQUEIRAS – O VLT baiano atenderá Salvador e municípios da região metropolitana, e deve estar em plena operação em 2028, com o início das atividades em seu primeiro trecho em 2026, entre Calçada e Lobato.
Os primeiros trilhos chegaram em setembro para as obras do trecho, a partir do bairro da Calçada, no subúrbio ferroviário. Foram transportadas 369 barras de trilhos por oito carretas.
O governo da Bahia prevê três trechos de VLT: da Ilha de São João à Calçada, de Paripe a Águas Claras e de Águas Claras à orla de Piatã, numa rota total de 36,4 km, com 34 paradas. O investimento total estimado é de R$ 5 bilhões.
Uma novidade no VLT de Salvador é que ele terá vagões adaptados para vendedores ambulantes e também para o transporte das caixas térmicas dos trabalhadores que vivem da pesca de marisco, conhecidas como marisqueiras.
Os processos de adaptação para o transporte das marisqueiras serão feitos durante a permanência dos trens na fábrica da CAF em Hortolândia. Alguns carros terão o espaço interno modificado.
O VLT ocupará o lugar dos antigos trens do subúrbio de Salvador, que foram desativados em fevereiro 2021 para a instalação do novo sistema na região. No entanto, as obras não avançaram.
Atualmente, os moradores locais contam apenas com os ônibus e micro-ônibus que circulam nessa área da cidade, já que o metrô ainda não chega na região.
Além disso, os moradores, que gastavam R$ 0,50 pelo serviço nos trens, sentem falta de uma alternativa mais barata de transporte público, já que a passagem do ônibus custa hoje R$ 5,20. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: Divulgação/Governo BA)