Eletrônica e Informática

Volume de aparelhos celulares comercializados de forma irregular recua, mas evasão fiscal aumenta

O volume aparelhos celulares comercializados de forma irregular no Brasil recuou de 19% para 13%, considerando o ano de 2024 e o início de 2025, caindo de 7 milhões para 5 milhões de aparelhos, de acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) divulgada no dia 13 de maio. A evasão fiscal, porém, não recuou porque o valor médio dos aparelhos aumentou de R$ 1 mil para R$ 2 mil. Calcula-se que o Brasil deixe de recolher cerca de R$ 4 bilhões em 2025 contra os R$ 3 bilhões do ano passado, de acordo com o diretor de Dispositivos Móveis de Comunicação da Abinee, Luiz Claudio Carneiro.

 

Para coibir a comercialização irregular de celulares, a Abinee informa que novas frentes que estão sendo articuladas junto ao poder público, ao Legislativo e à Anatel. A entidade alerta que, apesar de algumas medidas já em curso, é preciso avançar com urgência em iniciativas que coíbam práticas ilegais que geram prejuízos à economia, comprometem empregos e investimentos e ainda colocam em risco o consumidor.

 

Entre as prioridades destacadas pela Abinee está o apoio ao Projeto de Lei 2247/2025, apresentado no dia 12 de maio pelo deputado federal Vitor Lippi, presidente da Frente Parlamentar Mista para o Desenvolvimento da Indústria Elétrica e Eletrônica, que propõe a responsabilidade tributária solidária das plataformas digitais e a obrigatoriedade de prestação de informações de transações eletrônicas à Receita Federal. A proposta, segundo a Abinee, está alinhada às melhores práticas internacionais, como as adotadas pela União Europeia, e visa a combater a venda de produtos sem certificação e sem garantia, geralmente oriundos do contrabando.

 

“A responsabilização das plataformas é essencial para combater a comercialização de celulares irregulares. Essas empresas têm total capacidade de identificar, remover e bloquear anúncios que não cumprem com os requisitos legais”, afirma o presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, frisando que o ideal seria que o número de celulares vendidos irregularmente caísse para cerca de 5%.

 

Outra iniciativa é a ampliação do escopo de atuação da Anatel, por meio da atualização da Resolução 715, que está em discussão na agência. A proposta amplia os poderes da Anatel para penalizar todos os participantes da cadeia de comercialização de produtos de telecomunicações não homologados, reforçando a fiscalização e a aplicação de sanções. A Abinee espera que o tema entre na pauta do Conselho Diretor da Anatel ainda neste semestre.

 

No campo da segurança pública, a Abinee manifestou apoio à proposta do Ministério da Justiça de endurecimento das penas para receptação de celulares roubados, que está em análise na Casa Civil. A minuta do projeto sugere aumentar a pena máxima para receptação qualificada de seis para até 12 anos de prisão.

 

A entidade também acompanha com atenção o debate sobre outras possíveis alterações no Código Penal, que envolvem o aumento de penas para crimes como furto, roubo e receptação de equipamentos eletrônicos, bem como a possível equiparação da adulteração de IMEI ao crime de adulteração de chassi veicular.

 

“A atualização da legislação penal pode representar um divisor de águas no combate ao mercado irregular. A indústria está fazendo sua parte, mas é necessário que o arcabouço legal esteja à altura da complexidade e da gravidade dessa prática criminosa”, afirma Luiz Claudio Carneiro.

 

Além da atuação institucional, a Abinee tem participado de iniciativas como o programa Celular Seguro, do Ministério da Justiça, que permite o bloqueio rápido de aparelhos roubados. Também integra o Grupo de Trabalho de Segurança da Anatel e mantém diálogo constante com Secretarias de Segurança Pública estaduais, como a de São Paulo.

 

“É preciso apertar o certo e criar cada vez mais ferramentas para coibir a prática criminosa, que está sempre buscando novas formas de burlar a legalidade”, alerta Barbato.

 

Carneiro cita também uma iniciativa recente da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP), que deu início à segunda fase da ação fiscal “Celular Irregular – Fase 2”, visando combater a sonegação fiscal no setor de eletroeletrônicos, especialmente na comercialização irregular de celulares por meio de plataformas de marketplace.

 

Planejada pela Diretoria de Fiscalização (Difis), a operação marca a continuidade de uma ação iniciada em novembro de 2024, agora com o uso intensivo de recursos de programação com Inteligência Artificial (IA) aplicada às malhas fiscais. Nesta Fase 2, 69 estabelecimentos e 254 mil aparelhos celulares foram selecionados pela fiscalização, que fará visitas in loco para verificação cadastral e análise documental das mercadorias.

 

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