A evolução dos data centers para suportar cargas de trabalho intensas em IA
Severino Sanches
A rápida ascensão da inteligência artificial (IA) e adoção da computação em nuvem estão impulsionando uma transformação sem precedentes nos data centers. Para acompanhar esse avanço tecnológico, essas infraestruturas precisam evoluir continuamente, garantindo maior capacidade de processamento, eficiência energética e conectividade de alta velocidade.
O impacto desse crescimento já é evidente: segundo o relatório ‘Future of Jobs’ do Fórum Econômico Mundial, mais de 75% das empresas devem incorporar Inteligência Artificial em seus negócios nos próximos cinco anos. Esse movimento global acelera a demanda por data centers mais robustos, capazes de lidar com cargas de trabalho cada vez mais intensas.
Na América do Sul, o setor de data centers está passando por uma forte expansão, com Brasil, Chile e Colômbia se consolidando como os principais pólos de crescimento. De acordo com um estudo da JLL, a capacidade instalada nesses três países já soma 972 megawatts (MW) e deve crescer 67% nos próximos anos, impulsionada pela adoção massiva de IA e pelos serviços em nuvem. Atualmente, há 660 MW em construção, que fazem parte de um plano mais amplo para elevar o estoque total da América do Sul a 2.311 MW. O Brasil lidera esse movimento, concentrando 1.659 MW projetados e 186 MW já em desenvolvimento, com expectativa de atrair 75% dos investimentos no setor.
A incorporação de IA nos processos empresariais exige uma infraestrutura altamente especializada. O treinamento e a execução de modelos avançados de aprendizado de máquina demandam servidores equipados com chips otimizados para IA, como GPUs e TPUs, que possibilitam a execução de bilhões de cálculos por segundo. Além disso, o consumo energético desses sistemas aumentou significativamente, tornando essencial o investimento em soluções de eficiência energética e refrigeração avançada para reduzir custos operacionais e minimizar o impacto ambiental.
A necessidade de conectividade de alto desempenho também impulsiona mudanças no setor. A crescente demanda por baixa latência e maior capacidade de transmissão de dados estimula investimentos em redes de fibra óptica de alta velocidade e na ampliação da infraestrutura de 5G, garantindo que os data centers consigam operar com máxima eficiência. Paralelamente, o conceito de edge computing vem ganhando destaque, permitindo que o processamento de dados seja descentralizado e ocorra mais próximo dos usuários finais, reduzindo a latência e otimizando o desempenho de aplicações críticas.
O Brasil, por sua vez, se destaca como o principal polo de crescimento desse mercado na América do Sul. Grandes players globais estão expandindo suas operações no país, atraídos por um ambiente regulatório favorável e pelo crescimento acelerado da digitalização. A construção de novos data centers segue um modelo de alta escalabilidade e resiliência, garantindo maior disponibilidade e segurança para lidar com cargas de trabalho cada vez mais intensas.
Com a IA se tornando um pilar essencial para a inovação empresarial, os data centers desempenham um papel estratégico na sustentação dessa revolução digital. O aumento da capacidade instalada na América do Sul e, principalmente, no Brasil, demonstra que o setor está preparado para suportar a crescente demanda por processamento de dados e garantir a infraestrutura necessária para o avanço da tecnologia. O futuro será definido pela capacidade dessas infraestruturas de se adaptarem rapidamente às novas exigências do mercado, impulsionando ainda mais a inovação e a transformação digital em escala global.
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Severino Sanches é CEO da Agora Distribuidora.