A Transnordestina finalmente será concluída?

Iniciadas no já distante ano de 2006, interrompidas durante todo o governo de Jair Bolsonaro e retomadas no ano passado pela gestão do presidente Luiz Ignácio Lula da Silva, as obras da Ferrovia Transnordestina prosseguem avançando com rapidez no Ceará, rumo ao Porto do Pecém.
Com 60% das obras da via férrea concluídos, o governo federal e a sua parceira privada no projeto, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), acreditam que a operação comercial deve começar já em 2025, no trecho entre São Miguel do Fidalgo, no Piauí, e o Sertão Central cearense.
A ideia é que neste trecho já sejam transportadas, de forma experimental, algumas commodities agrícolas e minerais, tendo como base logística um terminal para descarga de materiais, ainda a ser implantado. No ápice das obras, segundo as empreiteiras encarregadas dos trabalhos, devem ser gerados cerca de 9 mil empregos diretos e 45 mil indiretos.
O trajeto completo da Transnordestina prevê a ligação entre o município de Eliseu Martins, no cerrado do Piauí, até o Porto de Pecém, na costa cearense, passando pela cidade de Salgueiro, em Pernambuco, em um percurso de mais de 1,2 mil km e que cortará 53 municípios dos três estados.
O projeto também inclui uma futura ligação da Transnordestina com a Ferrovia Norte-Sul (em Porto Franco, no Maranhão) e com o Porto de Suape, em Pernambuco. Não há previsão de data final das obras, embora grande parte delas deva estar concluída em 2027.
CUSTOS CRESCENTES – O custo total estimado da implantação, várias vezes recalculado para cima, já supera os R$ 12 bilhões. Só no ano passado, foram alocados cerca de R$ 175 milhões nos trabalhos de construção.
A obra é feita com recursos da CSN, Infra (empresa pública anteriormente denominada Valec) e pelos bancos, agência de fomento e fundo de investimentos BNDES, BNB, Sudene e Finor. Embora pertença à Transnordestina Logística S.A., uma subsidiária da CSN, a obra recebeu até aqui majoritariamente recursos públicos.
A ferrovia transportará principalmente grãos, fertilizantes, cimento, combustíveis e minério. Além da intenção de integrar logisticamente o Nordeste através de via férrea (e futuramente ao restante do país), a Transnordestina também tentará induzir a produção local e promover novos negócios na região.
Em última instância, o governo federal e a CSN intencionam, com a ferrovia, elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da Região Nordeste e ao mesmo tempo elevar a renda média da população local.
Para tanto, o projeto da Transnordestina apresenta, de um lado, uma ferrovia moderna de alto desempenho ligada a portos de calado profundo, capazes de receber navios de grande porte, e que será voltada basicamente para o atendimento logístico do agronegócio, mineração e indústria.
Mas, como a via férrea irá se utilizar da chamada bitola mista, que permite a união da alta capacidade da bitola larga e a ligação com as outras ferrovias regionais com a bitola métrica, pequenos e médios polos produtivos microrregionais também deverão ser facilmente atendidos por ela. (texto: Alberto Mawakdiye/ imagem: Divulgação: TLSA)