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A versatilidade do cobre em projetos de alta tecnologia

 

 

Marcio Rodrigues da Silva (*)

 

O cobre é costumeiramente lembrado por sua elevada condutividade térmica e elétrica, por ter belo aspecto e coloração elegante, embora seja de fato muito mais do que isso.

 

Muitas dessas aplicações do cobre estão presentes em objetos de nosso cotidiano. Entre os exemplos, temos a fabricação de zíperes, cadeados, canetas, torneiras e interruptores. Esses itens normalmente são fabricados em grandes quantidades, em altas velocidades e com equipamentos que empregam elevado nível de automação. E isso em grande parte só é possível em função da elevada capacidade de processamento do cobre e suas ligas, o que chamamos tecnicamente de “trabalhabilidade”.

 

Porém, as ligas de cobre também têm o seu destaque quando o assunto são produtos de alta tecnologia. Algumas combinações de ligas de cobre têm comportamento significativamente complexo e, por isso, nos dedicamos a entender e avançar com esse processo dentro de casa. Desenvolvemos mais de 100 ligas de cobre especiais, inspirados pelo empreendedorismo do saudoso engenheiro Salvador Arena, nosso fundador, que historicamente tem vários feitos nesse sentido.

 

Como exemplificando fica sempre mais fácil entender, o acelerador de partículas Sirius do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) do CNPEM, que começou a operar recentemente, utiliza cerca de 1,5 tonelada de tubo de cobre nas ligas de cobre prata Elox 0,09% (107) e cobre Elox (102). Mas, para que ele serve e o como o cobre faz a diferença?

 

A luz síncrotron de altíssima qualidade gerada neste acelerador está sendo utilizada por pesquisadores no estudo de novos  remédios, fertilizantes mais eficientes, na indústria de alimentos e inúmeros outros avanços científicos, tais como desvendar os segredos guardados pelos materiais avançados. Inclusive, o acelerador acaba de gerar as primeiras imagens 3D das proteínas 3CL, que compõem a estrutura do novo coronavírus.

 

Por conta dessa especificidade, os materiais utilizados nesta aplicação exigem rigorosos processos de fabricação, os quais precisam manter elevada confiabilidade em condições não convencionais de temperatura e vácuo, sem perder as propriedades físicas ao longo do tempo. Vários parâmetros utilizados para a fabricação destes produtos foram feitos sob medida para a demanda dos pesquisadores do LNLS, e foram frutos de uma quantidade significativa de horas de trabalhos de ambos os centros de pesquisas – tanto da Termomecanica como do CNPEM.

 

E esta não foi a primeira vez que o cobre foi usado para essa finalidade. No início dos anos 1990, embora em menor proporção, foi empregado na construção da primeira fonte de luz síncrotron do Hemisfério Sul, o atualmente denominado UVX, também instalado no LNLS.

 

Além disso, no setor aeroespacial, por exemplo, que tem altíssimo nível de exigência técnica e que promove de forma intensa o constante aprimoramento tecnológico dos processos nele aplicados, as oportunidades de aplicações do cobre são inúmeras. No setor de offshore, por ter componentes expostos às intempéries e ações corrosivas da água do mar, também ilustra bem a necessidade de contar com materiais de elevada resistência à corrosão.

 

No setor naval, que igualmente está sujeito a situações muito similares ao do offshore, soma-se ainda à necessidade de usar materiais que apresentem elevadas resistência mecânica e química. As combinações são matéria-prima base na produção de hélices, peças de equipamentos de extração de petróleo, componentes de navios e submarinos fabricados no Brasil e em outros países.

 

Enfim, o cobre e as ligas de cobre, graças à sua incrível versatilidade, é uma excelente solução para diversas situações, desde as mais simples até as mais sofisticadas. Beneficiam diversas indústrias em diferentes níveis de complexidades e ajudam a desbravar novos caminhos que trarão, sobretudo, desenvolvimento tecnológico para a sociedade.

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(*) O autor é Coordenador do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Ensaios da Termomecanica.

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