Exportações e importações do setor eletroeletrônico recuam no período de janeiro a julho

Com o forte arrefecimento da economia global devido à pandemia da Covid-19, o comércio exterior da indústria eletroeletrônica brasileira recuou no período de janeiro a julho de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, de acordo com dados da Abinee.
No acumulado de janeiro-julho de 2020, as exportações de produtos elétricos e eletrônicos somaram US$ 2,53 bilhões, 23,3% abaixo das ocorridas no mesmo período do ano passado (US$ 3,3 bilhões).
Todas as áreas apontaram queda nas exportações, com exceção de GTD (+42,9%). A elevação das exportações de itens de GTD contou com o incremento de 329% nas vendas externas de grupos eletrogêneos, que somaram US$ 200 milhões.
As exportações de Componentes Elétricos e Eletrônicos atingiram US$ 1,1 bilhão, 25,1% inferiores às realizadas no igual período de 2019 (US$ 1,5 bilhão). Esse desempenho foi influenciado principalmente pela queda de 36% nas vendas externas de eletrônica embarcada, que atingiram US$ 206 milhões no período.
Os componentes para equipamentos industriais foram os principais produtos exportados do setor, somando US$ 343 milhões, 20% abaixo do total verificado em janeiro-julho de 2019 (US$ 429 milhões).
As maiores taxas de retração foram das áreas de Automação Industrial (-52,8%), Informática (-49,4%), e de Material Elétrico de Instalação (-47%). Destacaram-se as quedas nas exportações de instrumentos de medida (-55%), de máquina de processamento de dados (-76%) e de disjuntores (-48%), respectivamente.
Foram observadas também retrações nas vendas externas de Equipamentos Industriais (-21,8%), bens de Telecomunicações (-15,7%) e de Utilidades Domésticas (-15,3%). No primeiro caso, notou-se redução nas vendas externas de motores e geradores (-22%) e de micro e mini motores (-45%). Na área de Telecomunicações, o resultado das exportações foi influenciado, principalmente, pelas quedas nas exportações de aparelhos de radiocomunicação (-61%) e de estações rádio-base (-30%). Em Utilidades Domésticas, destacou-se o recuo de 40% nas exportações de auto-rádios.
IMPORTAÇÕES – No período acumulado dos primeiros sete meses deste ano, as importações de produtos elétricos e eletrônicos atingiram US$ 16,2 bilhões, resultado 12,5% inferior ao atingido no igual período de 2019 (US$ 18,5 bilhões).
As importações de Componentes Elétricos e Eletrônicos caíram 18,6%, atingindo US$ 8,6 bilhões, com participação de 53% do total importado do setor. Destacam-se os dois produtos mais importados do setor: componentes para telecomunicações (-18%) e de semicondutores (-21%), que juntos somaram US$ 4,6 bilhões – mais da metade das importações dessa área.
Também foram observadas quedas nas importações de Utilidades Domésticas (-23%), Material Elétrico de Instalação (-17,7%) e Automação Industrial (-11,1%). Esses resultados sofreram influência das quedas nas compras externas de panelas eletrotérmicas (-43%), de lâmpadas (inclusive LED) (-27%) e instrumentos de medida (-12%), respectivamente.
As compras externas de Equipamentos Industriais caíram 4,1%, influenciadas pela retração nas importações de motores e geradores (-8%) e de micro e mini motores (-16%).
As importações de bens de Informática (-0,9%) e de itens de Telecomunicações (+0,6%) ficaram próximas às observadas em janeiro-julho do ano passado. No primeiro caso, por um lado foram observados aumentos nas compras externas de máquinas de processamento de dados (+9%) e de monitores (+15%), e por outro lado, retrações de unidades de memória (-18%) e de impressoras (-20%).
Em Telecomunicações, o leve incremento nas importações foi influenciado pela expansão de 25% nas compras externas de telefones celulares.
As importações de itens de GTD cresceram 15,2% devido, principalmente, à elevação de 50% de módulos fotovoltaicos, que passaram de US$ 396 milhões para US$ 596 milhões no período citado. Com isso, esses módulos ficaram na quinta posição entre os produtos mais importados do setor eletroeletrônico.
Ainda referente à área de GTD, destacou-se a expansão de 13% nas compras externas de grupos eletrogêneos (US$ 377 milhões), décimo produto mais importado do setor.
BALANÇA COMERCIAL – No acumulado de janeiro a julho de 2020, o déficit da balança comercial dos produtos elétricos e eletrônicos somou US$ 13,7 bilhões, 10% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado (US$ 15,2 bilhões). Essa queda foi influenciada pela retração de 12,5% nas importações.
As exportações também caíram (-23,3%), não contribuindo, portanto, com a redução do saldo negativo da balança de produtos do setor.
JULHO – No mês de julho de 2020, as exportações de produtos elétricos e eletrônicos somaram US$ 413,5 milhões, apontando o maior montante mensal exportado deste ano. O resultado foi 26,6% acima do registrado no mês imediatamente anterior (US$ 326,6 milhões).
Mesmo com esse incremento, ao comparar com julho do ano passado (US$ 539,3 milhões), as exportações recuaram 23,3%. A queda observada em julho deste ano resultou da retração da atividade econômica no mundo, inclusive no Brasil, decorrente da pandemia da Covid-19.
Nota-se que, desde o início deste ano, as vendas externas mensais de produtos do setor apontaram resultados inferiores aos verificados em iguais períodos do ano passado. Com a chegada do coronavírus no Brasil, em meados de março de 2020, as quedas nas exportações se agravaram, apontando taxas de retração mais expressivas a partir de abril.
Ao comparar as exportações realizadas em julho de 2020 em relação às ocorridas em julho do ano passado, verifica-se que, com exceção de GTD – Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica (+72,3%), caíram as vendas externas de produtos de todas as demais áreas do setor, com taxas negativas significativas.
O incremento nas vendas externas de GTD contou, principalmente, com a elevação de 905% nas exportações de grupos eletrogêneos, que passaram de US$ 7 milhões em julho de 2019, para US$ 68 milhões em julho de 2020. Destaca-se que deste total, US$ 59 milhões referem-se a grupos eletrogêneos de energia eólica que foram vendidos para os Estados Unidos. Somente grupos eletrogêneos foram responsáveis por 74% das exportações totais de GTD.
As exportações de Componentes Elétricos e Eletrônicos somaram US$ 167,9 milhões, 31,7% abaixo das realizadas em julho do ano passado. Destacaram-se as reduções nas vendas externas de diversos itens, tais como: componentes para equipamentos industriais (-36%), eletrônica embarcada (-31%), motocompressor hermético (-47%), componentes para material elétrico de instalação (-44%), componentes passivos (-50%), entre outros.
As maiores taxas de retração foram de Automação Industrial (-56,9%) e de Material Elétrico de Instalação (-55,0%). No primeiro caso, destacou-se a redução de 87% nas vendas externas de instrumentos para navegação aérea e espacial. O recuo nas exportações de Material Elétrico de Instalação sofreu influência da retração de 53% nos disjuntores.
Em seguida, foram observadas quedas nas vendas externas de bens de Informática (-29,9%) e de Equipamentos Industriais (-29,4%), com destaque para as máquinas de processamento de dados (-63%) e aparelhos para filtrar gases (-57%), respectivamente.
Caíram também as exportações de Utilidades Domésticas (-21,8%) e de itens de Telecomunicações (-19,0%). No primeiro caso, destacaram-se as reduções de refrigeradores (-59%), de ferramentas elétricas manuais (-52%) e de auto-rádios (-73%). A retração nas vendas externas de bens de Telecomunicações foi influenciada pelas quedas de comutação privada (-55%) e de aparelhos de radiocomunicação (-75%).
Por outro lado, ainda referente à área de Telecomunicações, observou-se elevação de 170% nas exportações de estações radio-base, que passaram de US$ 1,8 milhão para US$ 5,0 milhões, no período citado.
IMPORTAÇÕES – As importações de produtos do setor somaram US$ 2,3 bilhões no mês de julho de 2020, 15,5% acima das registradas no mês imediatamente anterior.
Porém, mesmo com esse resultado, desde o mês de abril, as importações permanecem abaixo das registradas nos mesmos períodos do ano passado.
Esse comportamento reflete a retração da atividade econômica decorrente da pandemia de coronavírus que está ocorrendo no mundo desde o início deste ano, chegando ao Brasil no mês de março.
Outro fator que vem inibindo as importações é a desvalorização cambial. Vale lembrar que em julho do ano passado, o dólar estava sendo cotado a R$ 3,78 e em julho desse ano atingiu R$ 5,28 (média mensal). Ao comparar as importações de produtos do setor em relação a julho do ano passado, verifica-se redução de 16,2%.
Com exceção de Telecomunicações (+25,3%), caíram as importações de bens de todas as áreas do setor. As importações de Componentes Elétricos e Eletrônicos totalizaram US$ 1,28 bilhão, resultado 17,3% abaixo do verificado em julho de 2019. Esta queda sofreu influência da redução de 45% nas compras externas de eletrônica embarcada.
A área de Utilidades Domésticas apresentou a maior retração (-41,8%). Foram verificadas quedas nas importações de diversos produtos desse segmento, tais como: auto-rádios (-68%), equipamentos de som e vídeo (-56%), aparelhos de áudio (-68%), televisores (-78%), panelas eletrotérmicas (-56%), entre outros.
Em seguida vieram as áreas de GTD (-33,3%) e de Automação Industrial (-30,4%). O resultado das importações de GTD foi influenciado pela retração de 58% nas compras externas de módulos fotovoltaicos, que recuaram de US$ 86 milhões em julho de 2019 para US$ 37 milhões em julho de 2020.
No caso de Automação industrial foram observadas expressivas quedas nas importações de instrumentos de topografia (-85%) e de máquinas de soldar metais (-91%).
Caíram também as importações de Material Elétrico de Instalação (-13,6%) e de Equipamentos Industriais (-6,3%). A redução nas compras externas de Material Elétrico sofreu influência do recuo de 28% nas lâmpadas (incluindo Led). No caso de Equipamentos Industriais, destacaram-se as retrações de motores e geradores (-39%) e de micro e mini motores (-37%).
O recuo nas importações de bens de Informática (-3%) foi menos expressivo. O aumento de 26% nas importações de máquinas de processamento de dados amenizou a queda de outros itens tais como unidades de memória (-19%) e impressoras (-55%).
Por outro lado, cresceram as importações de itens de Telecomunicações, com destaque para o incremento de 124% nas compras externas de telefones celulares, que passaram de US$ 24 milhões em julho de 2019 para US$ 53 milhões em julho deste ano. A maior parte dessas compras veio da China.
Ainda referente à área de Telecomunicações, destacaram-se as elevações expressivas nas importações de estações rádio-base (+465%) e de modem (+81%).