Ameaças cibernéticas nas reuniões corporativas: o novo desafio da segurança digital
Rodrigo Stoqui
Em um mundo no qual algoritmos participam de reuniões e a inteligência artificial redige atas em tempo real, a segurança da informação tornou-se parte essencial das estratégias corporativas. Isso porque essas mesmas tecnologias revolucionárias que as empresas utilizam para aprimorar os negócios também possibilitam inovações para “profissionalizar” os crimes digitais. Segundo um estudo feito pela Allianz Seguros, as empresas brasileiras temem mais o risco de sofrer ataques cibernéticos (41%) do que mudanças climáticas (38%), catástrofes naturais (36%) e interrupção dos negócios (32%).
Um levantamento da IBM mostrou que o custo médio de uma violação de dados em 2023 ultrapassou US$4,45 milhões – e reuniões virtuais estão rapidamente se tornando um dos principais vetores de exposição, especialmente em ambientes descentralizados e com múltiplos stakeholders. Como afirmou também o ex-CEO da Cisco, John Chambers: “Existem dois tipos de empresas: as que já foram hackeadas e as que ainda serão.” Em tempos de reuniões remotas e decisões distribuídas, isso nunca foi tão real.
A ISH tecnologia realizou uma pesquisa indicando o setor financeiro como o que mais sofre ataques, com 19,7% do total de incidentes, o que evidencia como os dados sensíveis e transações monetárias precisam ter altos níveis de proteção. Pensando na estrutura de uma companhia, a área comercial costuma ser um dos principais alvos dos hackers, já que ela concentra informações financeiras tanto da organização quanto dos clientes.
Há diversos exemplos de fraudes cibernéticas, como o phishing, que manipula usuários a revelarem informações confidenciais, golpes de comprometimento de e-mail comercial e ataques man in the middle, nos quais o hacker se posiciona no meio de uma conexão entre duas partes sem ser percebido. Essas situações são desagradáveis e causam diversos prejuízos, mas podem ser evitadas também com ajuda de tecnologias, como tokens e smart contracts, que têm se mostrado eficazes para aumentar a segurança em transações digitais.
Em plataformas de reuniões com IA, a tokenização e o uso de autenticações múltiplas protegem o conteúdo e ainda permitem auditoria em tempo real sobre quem acessou cada trecho da reunião. Esse nível de granularidade e rastreabilidade é essencial em um mundo onde decisões de milhões são tomadas em calls de 30 minutos.
Em 2020, o FBI divulgou um comunicado alertando sobre o aumento de denúncias de videoconferências sendo hackeadas, e identificou que os invasores podem comprometer a identidade dos e-mails, se passando por funcionários de alto escalão, ou entrar despercebidos nas reuniões para observar e roubar elementos confidenciais. Nesse cenário, a segurança também engloba o treinamento das equipes. As organizações precisam instruir os colaboradores a fazerem reuniões protegidas por senhas, evitar o compartilhamento de links e conferir os participantes antes de iniciar as discussões.
Por fim, vale reforçar que a tecnologia é uma ferramenta importante para combater os próprios desafios que ela cria. Ela está disponível para todos que saibam como utilizá-la a seu favor, por isso é fundamental aproveitar ao máximo suas vantagens e infinitas possibilidades sem deixar a segurança de lado.
Afinal, a próxima grande inovação empresarial pode surgir das salas de reuniões – mas só florescerá se for construída sobre uma base sólida de segurança. Em um mundo onde a confiança digital é o novo capital, proteger cada reunião é proteger o futuro dos negócios.
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Rodrigo Stoqui é Country Manager da tl;dv.