Open Industry Brasil pretende incluir o país no mundo da economia de dados e impulsionar a competitividade industrial

Lançado no dia 30 de abril, no Parque de Inovação Tecnológica (PIT) de São José dos Campos (SP), o Open Industry Brasil objetiva incluir o Brasil no novo mundo da economia de dados e impulsionar a inovação e a competitividade industrial, posicionando país como um dos protagonistas globais no uso ético, soberano e colaborativo de dados industriais.
Idealizado pela Associação Brasileira de Internet das Coisas (Abinc) em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Open Industry prevê estabelecer no Brasil os Espaços de Dados (Data Spaces)m que são ambientes seguros, normatizados e interoperáveis para o compartilhamento de dados entre empresas, fornecedores, startups, governo e centros de pesquisa.
A missão do Open Industry é estimular uma cultura de dados no país, capacitar profissionais, apoiar a criação dos primeiros Data Spaces brasileiros e fomentar o surgimento de novos modelos de negócios sustentáveis.
Para Jefferson Gomes, diretor de Desenvolvimento Industrial, Tecnologia e Inovação da CNI e professor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o Open Industry representa uma oportunidade de posicionar o Brasil com protagonismo na economia digital.
“Quando você faz avião, você aprende o que é integração de sistemas – e nós sabemos fazer isso. A troca de dados já é parte da nossa história. Mas precisamos agora avançar: melhorar infraestrutura, capacitar pessoas, adaptar modelos de negócio e criar regulações que permitam ao Brasil liderar essa transformação. O Open Industry tem potencial para isso – e se a gente medir os KPIs, vai ter muito motivo para aplaudir”, afirmou Jefferson Gomes.
Paulo Spaccaquerche, presidente da Abinc, explicou que o dado já é um ativo econômico, porém a indústria ainda não sabe como explorar todo esse potencia. “Com o Open Industry, temos a chance de liderar esse movimento nas Américas”, frisou.
O programa vai além da Indústria 4.0, Trata-se da construção de uma nova economia baseada no fluxo seguro e escalável de dados entre ecossistemas corporativos, permitindo que dados sejam tratados como ativos estratégicos, gerando valor em toda a cadeia produtiva. Isso inclui aplicações em setores como manufatura, agronegócio, logística, energia e saúde.
DATA SPACE – Durante a programação de lançamento, foram apresentados os fundamentos técnicos e jurídicos da nova infraestrutura digital, com destaque para o plano de criação do primeiro Data Space brasileiro, em parceria com a ABDI – seguindo o padrão da International Data Spaces Association (IDSA) que está sendo implementado no Brasil pela ABNT em parceria com a Abinc. Também foram compartilhados cases internacionais, como a cadeia de logística da Thyssenkrupp e a rede de fornecedores conectados da ASML.
O apoio governamental também foi reforçado por Henrique Miguel, secretário de Ciência e Tecnologia para a Transformação Digital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que ressaltou que o governo já vem trabalhando com o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, que inclui ações voltadas ao setor privado e à criação de um centro nacional para desenvolvimento de IA com foco na indústria.
“O Open Industry se encaixa nesse esforço: estamos falando da criação de mecanismos que permitam compartilhar dados com segurança, apoiar a digitalização das cadeias produtivas e gerar valor. Essa é uma infraestrutura essencial para a nova economia baseada em dados, e o MCTI está comprometido em apoiar sua construção, em parceria com a indústria e com instituições nacionais e internacionais”, disse Henrique Miguel.
Cristiane Rauen, diretora de Transformação Digital e Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), também destacou a urgência da agenda. “A economia digital precisa ser agora uma economia baseada em dados, uma economia voltada a criar valor a partir dos dados gerados”, afirmou. “96% dos dados da indústria não são utilizados ou apropriados em termos de valor. É hora de estruturar práticas de compartilhamento seguro, eficiente e tecnologicamente respaldado de dados – seja de governo para empresas, de empresas para governos ou entre empresas”.
Segundo Cristiane Rauen, o MDIC está comprometido com a construção dessa nova infraestrutura digital: “Estamos muito entusiasmados em criar o primeiro data space da indústria e apoiar ações de inteligência artificial para a indústria brasileira. É com muito entusiasmo que hoje o MDIC se representa. Falo isso em nome de todo o Ministério, de todas as secretarias, e não só da minha secretaria”.
A expectativa é que a economia global de dados atinja 827 bilhões de euros até o fim de 2025, com quase 30% da datasfera operando em tempo real. O Open Industry pretende garantir que o Brasil participe ativamente desse novo ciclo econômico, com inovação e competitividade.