América Latina, um mercado em transição convergindo com a IA
Alex Sasaki
O mercado de data centers na América Latina está passando por uma transformação, com tecnologias como a inteligência artificial (IA), o aprendizado de máquina (ML) e o big data assumindo papéis cada vez mais habituais na consciência do público e na vida diária. Esses são apenas alguns dos fatores acelerando a necessidade de desenvolver uma economia digital madura na região, levados pela grande demanda por dados.
A América Latina oferece diversas vantagens, incluindo fontes de energia renováveis e um ambiente favorável aos negócios que estimula novos investimentos. Essas vantagens se traduzem em fundamentos sólidos para o crescimento dos negócios. Neste contexto, há oportunidades significativas para investidores, novos fundos, empresas de tecnologia e centros especializados em colocation buscando se estabelecer na região.
OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS – O mercado de colocation continua a ser uma das oportunidades de negócios ganhando força na América Latina, oferecendo às empresas de tecnologia uma variedade de facilidades e flexibilidade na implementação. Terceirizar os serviços de colocation permite às gigantes de tecnologia evitar a contratação de grandes equipes de engenharia e jurídicas para administrar as licenças e alvarás, permitindo que essas empresas de tecnologia mantenham o foco em seu negócio principal, ou core business. Enquanto isso, a infraestrutura e a administração necessárias para que funcionem perfeitamente estão nas mãos de um parceiro que já compreende como a indústria funciona.
Por sua vez, o mercado empresarial verá um crescimento no negócio de nuvem híbrida, equilibrando com instalações internas (on-prem). Ao mesmo tempo, espera-se que a implementação de 5G impulsione infraestrutura crítica com soluções de nuvem privada para todas as cargas de trabalho. Isso representa para operadores de data centers na América Latina uma janela de oportunidade para o design e construção de infraestrutura crítica focada em melhorar a flexibilidade e a eficiência operacional, o que dará suporte para a aceleração de negócios e da economia de setores como os de telecomunicações, saúde, turismo, finanças e serviços.
UM PLAYER COLETIVO – Seja investindo em data centers de colocation ou empresariais, a América Latina é uma região ideal para a expansão de data centers. Estudos mostram que o mercado de data centers na região terá investimentos de US$ 10,06 bilhões até 2029, crescendo com um CAGR de 7,95%. O mercado cresceu substancialmente com contribuições do Brasil, México, Colômbia e Chile. Entretanto, dificilmente veremos um único país como um player. Ao contrário, a maioria dos data centers está operando em diversas regiões e há estimativas de que eles se expandirão ainda mais. A região oferece diversas diferentes oportunidades únicas de negócios que os países podem usar como modelos:
– O Brasil continua a ser um mercado de referência na região. Temos visto grandes consumidores de dados onde a maioria da base instalada de data centers está localizada e onde a matriz energética está mais amplamente disponível. O mercado brasileiro de data centers é estimado em 0,74 mil MW em 2024 e deve chegar a 1,21 mil MW em 2029.
– O México também é um destino atrativo para investimentos devido às suas vantagens geográficas: sua proximidade com os principais hubs de telecomunicação dos EUA, a flexibilidade regulatória para construir instalações de acordo com necessidades específicas e custos de construção menores. Essas aberturas e tolerância empresarial permitem que ele atraia data centers de hyperscale e de colocation.
Além disso, o estado de Querétaro tornou-se um epicentro para o desenvolvimento de data centers devido à sua localização, à abundante conectividade com a internet e com alimentação de energia e à uma infraestrutura estável. Outra vantagem é que a Associação Mexicana de Data Centers está bem organizada para articular as estratégias do país.
– Outro país que está tendo um progresso importante é a Colômbia, que buscou se estabelecer como um hub tecnológico de interesse para a indústria. Investimentos em data centers de hyperscale, serviços de cloud computing e de colocation tornaram esse desenvolvimento possível. As vantagens do país são seus preços competitivos, a disponibilidade de espaço, a qualidade da conectividade e a energia vinda de fontes renováveis.
– É também importante destacar que o mercado peruano é um player importante no cenário latino-americano de data centers devido à boa disponibilidade e boa qualidade da sua energia, da rápida conectividade através dos cabos submarinos existentes e da disponibilidade de terra para o seu desenvolvimento. A localização geográfica de sua capital, Lima, a torna uma cidade-chave na costa do Pacífico. O Peru é conhecido por seu clima moderado, colocando-o em uma excelente posição para o desenvolvimento de data centers nos próximos anos.
TRANSFORMAÇÃO – A América Latina está passando por uma transformação digital impulsionada pelo crescimento do uso de tecnologias emergentes como a IA, a conectividade avançada, a introdução do 5G e a Internet das Coisas (IoT).
O aumento no uso de dados representa tanto um desafio quanto uma oportunidade de negócios para especialistas em infraestrutura crítica, já que estes desenvolvimentos requerem a integração de tecnologias avançadas. Ao reconhecer o suporte necessário para o crescimento projetado para a região, é necessário fornecer mais capacidade de alimentação, mais recursos de resfriamento e equilibrar a distribuição de energia com maior eficiência para atender aos requisitos de alta performance, de forma a oferecer uma plataforma de suporte e possibilitar as novas tecnologias.
____________________________________________________________________________
Alex Sasaki é vice-presidente de Vendas da Vertiv América Latina.