Direito ao reparo de eletrônicos e eletrodomésticos nem sempre é garantido no Brasil

Os desafios para consertar produtos eletrônicos e eletrodomésticos são grandes. Pesquisa realizada pelo Proteste | Euroconsumers-Brasil, no âmbito da campanha Já Reparou? em prol do Direito de Reparo no Brasil, indica que 89% dos entrevistados já precisaram consertar algum eletroeletrônico ou eletrodoméstico, com destaque para celulares (76%), computadores (32%) e televisões (18%). Contudo, os consumidores enfrentam barreiras significativas: o valor médio de um reparo é de R$ 280, e 14% já pagaram mais de R$ 500 pelo conserto de um produto. O custo é tão elevado que 66% já desistiram de consertar um produto devido ao preço. A pesquisa foi realizada entre outubro e novembro de 2024 e envolveu consumidores do Rio de Janeiro e São Paulo.

Outro ponto crítico identificado é que muitos consumidores acabam trocando seus celulares por problemas que poderiam ser resolvidos com reparo, como aparelhos antigos ou com problemas gerais (18%), baixa duração de bateria (10%), lentidão (8%) e até mesmo tela quebrada (2%). Ainda assim, o preço do conserto (3%) continua sendo um motivo importante para que 24% optem por comprar um produto novo em vez de repará-lo, enquanto apenas 7% escolhem efetivamente consertar seus dispositivos, e outros 12% consideram o reparo dependendo do custo.

A dificuldade em encontrar peças de reposição, especialmente para produtos como celulares, foi mencionada por 31% dos entrevistados. Entre esses, 22% relataram problemas específicos com peças de reposição para celular. O impacto da prática de parts pairing – quando peças de reposição são vinculadas exclusivamente ao fabricante – também foi destacado: 40% dos entrevistados que realizaram reparos com peças não originais relataram a persistência do problema e 34% enfrentaram limitações de uso mesmo com peças compatíveis. A pesquisa ainda revela que 26% dos consumidores afirmam que as garantias dos produtos não cobrem os problemas apresentados, indicando que o direito ao reparo nem sempre é garantido.

Outro desafio significativo apontado é a distância dos centros de reparo. 63% dos entrevistados consideram que a distância até centros de assistência técnica dificulta o reparo dos produtos, especialmente para consumidores que residem longe das áreas urbanas centrais.

A campanha Já Reparou?, disponível para assinatura e apoio em https://jareparou.com.br/   busca conscientizar a população e engajar o público a pressionar legisladores e empresas para garantir o direito ao reparo no Brasil.

“Esses dados mostram a urgência de políticas que permitam ao consumidor escolher entre reparar ou substituir seu produto com condições acessíveis e justas”, declara Henrique Lian, diretor-executivo da Proteste | Euroconsumers-Brasil. A Já Reparou? convida todos a apoiar essa causa, somando esforços para pressionar o governo a adotar políticas que promovam o direito ao reparo e uma economia mais inclusiva.