Metal Mecânica

Centro de fresamento tem papel fundamental na construção do mais avançado telescópio do mundo

A indústria de máquinas-ferramenta é essencial para a economia e o desenvolvimento da ciência e tecnologia. Para construir o mais avançado telescópio do mundo, o Giant Magellan Telescope (Telescopio Magallanes Gigante ou Telescópio Magalhães Gigante), um centro de fresamento de cinco eixos de altíssima tecnologia desempenhará papel fundamental.

No dia 2 de agosto, o Giant Magellan Telescope, o telescópio mais poderoso já projetado, usando os maiores espelhos do mundo, anunciou que garantiu um investimento de US$ 205 milhões por meio de seu consórcio internacional para acelerar a construção. Este investimento marca uma das maiores rodadas de financiamento para o telescópio desde sua fundação e inclui os principais compromissos da Carnegie Institution for Science, Harvard University, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), The University of Texas at Austin, University of Arizona e a Universidade de Chicago.

O investimento será usado para fabricar a estrutura gigante do telescópio de 12 andares na Ingersoll Machine Tools, em Rockford, Illinois (EUA), continuar o progresso nos sete espelhos primários do telescópio no Richard F. Caris Mirror Lab da Universidade do Arizona e construir um dos mais avançados espectrógrafos científicos instrumentos no Texas.

“Estamos honrados em receber este investimento em nosso futuro”, disse o dr. Robert Shelton, presidente do Giant Magellan Telescope. “O financiamento é realmente um esforço colaborativo de nossos fundadores. Isso resultará na fabricação dos maiores espelhos do mundo, na montagem do telescópio gigante que os segura e alinha, e um instrumento científico que nos permitirá estudar a evolução química de estrelas e planetas como nunca antes.”

 CENTRO DE FRESAMENTO – O centro de fresamento foi apresentado no último mês de julho pela Ingersoll Machine Tools. Trata-se do MasterMill, que será usado para fabricar componentes gigantes, incluindo uma montagem de 1.800 toneladas, para o Giant Magellan Telescope.

A montagem protegerá os sete espelhos gigantes no Magellan, que está programado para ser instalado em 2027, no pico Las Campanas, no sul do deserto do Atacama, no Chile. A área é propensa a terremotos de acordo com Chip Storie, CEO da empresa controladora de Ingersoll, Camozzi Machine Tools.

“Nossa montagem será capaz de controlar a precisão que o telescópio precisa para observar o espaço profundo enquanto esses terremotos estão ativos”, declarou Storie à imprensa dos EUA. “É uma façanha de engenharia e uma façanha de fabricação poder fazer algo assim e são os funcionários da Ingersoll a quem dou todo o crédito”, complementou.

 DESENVOLVIMENTO – A Ingersoll vem desenvolvendo soluções para a construção do telescópio desde que venceu o contrato de fornecimento para o consórcio internacional. Ainda em 2019, a companhia anunciou que iria produzir a enorme estrutura de suporte óptico de aço de precisa, que permitirá o movimento sem atrito, possível graças à tecnologia hidrostática altamente avançada e reconhecida globalmente do Grupo Camozzi.

Ainda em 2019, a empresa anunciou que se tratava de um investimento de US$ 135 milhões de dólares, cujo contrato foi ganho após um processo de licitação global de 2 anos. “Nos próximos 9 anos, a GMTO, a MT Mechatronics e a Ingersoll Machine Tools trabalharão juntas para entregar a estrutura de aço de 1.300 toneladas, que deve ser entregue ao Chile até o final de 2025, pronta para a instalação de espelhos em 2028”, divulgou a companhia.

No mesmo ano, a Camozzi divulgou que a estrutura do telescópio manterá os sete espelhos gigantes do Giant Magellan Telescope em posição enquanto eles focalizam a luz de estrelas e galáxias distantes para que possam ser analisadas pela instrumentação científica incorporada ao telescópio. Os espelhos, os maiores do mundo, serão produzidos pelo Richard F. Caris Mirror Lab da Universidade do Arizona. A estrutura do telescópio, completa com espelhos e toda instrumentação, pesará 2.100 toneladas e flutuará sobre uma película de óleo de 50 mícrons de espessura , que garantirá um movimento sem atrito para compensar a rotação da Terra e seguir os corpos celestes em seus caminhos pelo céu. Esta tecnologia “hidrostática” foi patenteada há vários anos pela Innse, empresa do Grupo Camozzi, reconhecida mundialmente por esta tecnologia. Com seu design exclusivo, o Giant Magellan Telescope terá um poder de resolução 10 vezes maior que o Telescópio Espacial Hubble na seção infravermelha do espectro.

FINANCIAMENTO – O financiamento vem depois que a Pesquisa Decenal Astro2020 da Academia Nacional de Ciências, que avaliou o Giant Magellan Telescope como um parceiro principal do Programa de Telescópios Extremamente Grandes dos Estados Unidos. O Astro2020 classificou o programa como uma prioridade máxima e “absolutamente essencial para que os Estados Unidos mantenham uma posição de líder em astronomia terrestre”.

 “Seis fundadores do Giant Magellan Telescope trabalharam juntos para fechar a lacuna financeira entre os recursos que atraímos para construir o telescópio e o que é necessário para completá-lo”, disse o dr. Eric Isaacs, presidente da Carnegie Institution for Science. “Este investimento aproximará o telescópio da primeira luz e fornecerá ao mundo um conhecimento transformador do nosso Universo. A Carnegie está orgulhosa de ter iniciado o esforço de financiamento e de ter trabalhado em estreita colaboração com nossos pares.”

PODER – O telescópio está em construção no Observatório Las Campanas, no Chile, e permitirá que os astrônomos vejam mais longe no espaço com mais detalhes do que qualquer outro telescópio óptico anterior. O Giant Magellan Telescope terá 10x a área de coleta de luz e 4x a resolução espacial do Telescópio Espacial James Webb (JWST) e será até 200x mais poderoso que os telescópios de pesquisa existentes (na foto, veja a comparação simulada da resolução do Giant Magellan Telescope).

Essa resolução angular sem precedentes, combinada com espectrógrafos revolucionários e câmeras de alto contraste, funcionará em sinergia direta com o JWST para capacitar novas descobertas científicas. O telescópio será o próximo passo no estudo da física e química das fontes de luz mais fracas no espaço que o JWST identificará. Isso inclui pesquisar as atmosferas de planetas potencialmente habitáveis ​​em busca de vida, estudar as primeiras galáxias que se formaram no Universo e encontrar pistas que desvendarão os mistérios da matéria escura, energia escura, buracos negros e a formação do próprio Universo.

O Giant Magellan Telescope já alcançou um progresso significativo na construção nos últimos anos. Seis dos sete segmentos de espelhos primários foram polidos em Tucson, Arizona. O terceiro segmento de espelho primário completou sua fase de polimento de 2 anos e está passando por testes finais. A construção de uma instalação de 40.000 pés quadrados em Rockford, Illinois para fabricar a estrutura do telescópio está concluída. A produção do primeiro espelho secundário adaptativo do telescópio está em andamento na França e na Itália, e o local no Chile está preparado para a próxima etapa de construção e lançamento da fundação. Esta última rodada de investimento de US$ 205 milhões posiciona o telescópio como um dos primeiros de uma nova geração de telescópios extremamente grandes a serem construídos. A primeira luz está prevista para o final da década. (texto: Franco Tanio/foto: Divulgação)

Mostrar mais

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo