Centro de pesquisa instalado no IPT pesquisará materiais avançados em grafeno

Sem grande pompa e circunstância, foi inaugurado no final de fevereiro, no campus do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, o Centro de Materiais Avançados em Grafeno e Novas Aplicações Tecnológicas (CIGraph).
Fruto de uma parceria entre a renomada instituição tecnológica paulista e a empresa Gerdau Graphene, do grupo siderúrgico Gerdau, o centro irá pesquisar materiais avançados em grafeno, com foco no desenvolvimento de aplicações deste nanomaterial, cada vez mais utilizado nas indústrias de ponta.
O CIGraphfoi estruturado de modo a gerar conhecimentos técnico-científicos na área, e ao mesmo tempo garantir a continuidade das pesquisas no setor. O trabalho não será voltado exclusivamente para a Gerdau, maior produtora brasileira de aço. A ideia é que as pesquisas forneçam meios para aumentar a competitividade das indústrias nacionais interessados no uso do grafeno.
Uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante, o grafite, os nanotubos de carbono e fulerenos, o grafeno, quando de alta qualidade, costuma ser muito forte, leve, quase transparente, sendo ainda um excelente condutor de calor e eletricidade. É, ademais, o material mais forte já encontrado, consistindo em uma espécie de “folha plana” de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões.
O centro, em termos práticos, atuará em três grandes segmentos: óleos e graxas, concreto e polímeros. O uso do grafeno em combinação com esses materiais comprovadamente melhora as funcionalidades de resistência mecânica e térmica, assim como a capacidade de barreira a gases e a líquidos.
A biodegradabilidade e a introdução de novas funcionalidades, tais como a antimicrobiana e a antiviral, também estão na pauta das pesquisas.
PLANO DE NEGÓCIOS – O desenvolvimento per se será realizado em dois vetores distintos: o primeiro entregará produtos de base para o mercado, e o segundo irá gerar demonstradores na área de polímeros.
A montagem do centro exigiu um investimento inicial da ordem de R$ 6,9 milhões, sendo R$ 4 milhões aportados pela empresa pública Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 2 milhões pela Gerdau Graphene, sendo de R$ 1,7 milhão a contrapartida econômica do IPT.
O centro contará com cerca de 50 profissionais, entre pesquisadores, bolsistas e técnicos, de diferentes áreas do conhecimento. O prazo de vigência da parceria é de 36 meses, com o plano de negócios prevendo entregas de produtos a curto, médio e longo prazos.
A estruturação do centro tornou-se possível graças à aprovação da proposta na chamada pública do programa “Estruturação de Centros de Tecnologia e Inovação Aplicadas em Materiais Avançados” da Finep.
O programa tem por meta institucional contribuir para uma política de estado que eleve o desenvolvimento tecnológico e a inovação no país, visando à comercialização de produtos e serviços de alto valor agregado em materiais avançados e minerais estratégicos, de modo a reduzir o déficit tecnológico e atingir a soberania nacional nesse tema.
“As perspectivas são promissoras. O centro poderá representar um importante passo na geração de novos produtos nanoestruturados, trazendo ganhos de maturidade tecnológica para as aplicações do grafeno no Brasil”, diz o diretor de operações do IPT, Adriano Marim de Oliveira.
Para Alexandre de Toledo Corrêa, diretor-geral da Gerdau Graphene – que integra o portfólio da Gerdau Next, braço de novos negócios da multinacional brasileira – a intenção da empresa, com o centro, é tornar-se referência em produtos de grafeno em larga escala no Brasil e no mundo.
“A nossa parceria com o IPT é estratégica na consolidação desse objetivo”, afirma Corrêa. “Pois nada melhor do que contar com um espaço para a troca de experiências, com pesquisadores ajudando na formação de técnicos, mestrandos e doutorandos, que serão as próximas gerações de experts em nanomateriais, e ainda contribuindo para a aceleração de startups focadas na geração de soluções.” (texto: Alberto Mawakdiye/foto: reprodução)