Coinovação é a chave para a evolução das empresas
José Renato de Mello Gonçalves (*)
Os gastos anuais em pesquisa e desenvolvimento corporativos em todo o mundo aumentaram 11% no ano de 2018, chegando a US$ 782 bilhões em investimentos no período, de acordo com análise feita pela PwC. Apesar de números tão expressivos, a inovação entrou na agenda de algumas empresas há pouco tempo. As organizações passaram a adotar uma abordagem estruturada do conceito e, muitas vezes, competir para estabelecer quem inova mais.
A melhor maneira de colaborar com o momento que o mercado atual apresenta é optando por coinovar. Isso deve ser feito por meio da parceria clara entre empresas, funcionários e, principalmente, clientes. Inclusive, mais e mais empresas estão estabelecendo parcerias de coinovação não somente com clientes, mas também com universidades, fornecedores, startups e, até concorrentes.
Quando um cliente ou parceiro te procura, eles estão buscando mais do que um fornecedor. A meu ver, os clientes chegam à empresa com problemas e necessidades que precisam resolver, mas, muitas vezes, não sabem exatamente qual o melhor caminho para fazê-lo. Estas companhias precisam de pares para caminhar com eles até a raiz de seus problemas. Portanto, é válido dizer que a coinovação é um processo que precisa ser intenso, avaliando e entendendo desde o princípio as necessidades de negócio da empresa, para então, em conjunto, chegarmos a uma solução.
Trocar informações sobre os desafios, as necessidades dos clientes finais, de produtos e serviços desde os primeiros contatos, faz com que o cliente sinta um senso de propriedade e comprometimento de quem está contratando. Isso ajuda a construir uma relação de parceria forte, duradoura e valiosa.
A empresa que lidero possui vários projetos nesse sentido e estamos completamente imersos nesse conceito. Em um deles, ela co-desenvolveu um sistema de monitoramento de combustível baseado em IoT com um operador de frota de pesca. Essa solução otimiza o consumo de combustível e ajuda a evitar sua utilização não autorizada, o que traz uma economia significativa para o cliente, já que cerca de metade dos custos operacionais de uma embarcação estão relacionados ao combustível. Mas, mais do que trazer benefícios para o cliente, essa solução também foi responsável por gerar novas perspectivas e habilidades para nós. O que nos torna mais capazes de antecipar e atender às necessidades de outros clientes nos mais diversos setores.
Coinovar é sinônimo de um mercado inteiro sendo impulsionado e estimulado positivamente. Ao unir forças com outras empresas, é possível que surjam ideias relevantes e que possam se tornar a base de novos produtos e serviços.
Um programa de coinovação pode evoluir para uma parceria permanente, com todas as partes desempenhando um papel no atendimento ao cliente final, e bom para todos. O que vejo é que, mais do que simplesmente a vontade, para que isso ocorra, é necessário entender a jornada de dados de todo o ecossistema, os fluxos de trabalho e a segurança de todos os elementos desse novo ambiente de negócios.
Para fazer isso, é importante estarmos atentos à inovação – pesquisar para compreender o cenário dos maiores polos de inovação do mundo, estar presente nestes locais e criar laboratórios de inovação dedicados à pesquisa e desenvolvimento. É preciso também incentivar ativamente uma cultura de inovação nos funcionários, criando uma estrutura que ajude a trazer as melhores ideias para a empresa.
Coinovar é mais do que simplesmente ter novas ideias. A coinovação deve ser parte do DNA da empresa. Ela se torna parte fundamental de seu crescimento, em um momento que é exatamente isso que o mercado pede.
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O autor é VP da Orange Business Services na América Latina.