Com investimentos de R$ 15 bi, São Paulo retoma as obras da Linha 6 do metrô

O governo de São Paulo retomou no começo do último mês de outubro as obras da Linha 6-Laranja do metrô, que vai ligar a zona norte ao centro da capital em um percurso com 15 estações e 15,3 km de extensão.
Com investimento total de R$ 15 bilhões, a nova linha deverá atender mais de 630 mil passageiros por dia, devendo gerar, durante a construção, cerca de 9 mil empregos. A previsão é de que a obra esteja totalmente concluída no prazo de cinco anos.
“É o maior projeto de infraestrutura hoje em andamento no mundo”, comemorou o governador paulista, João Doria, ao anunciar a retomada das obras, que tiveram início em janeiro de 2015, mas foram interrompidas em setembro de 2016 por decisão unilateral do consórcio Move São Paulo, que se encarregaria delas.
O grupo, formado pelas construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC Engenharia e um fundo de investimentos, venceu a licitação da Parceria Público-Privada (PPP) – que deu formato institucional ao projeto – no fim de 2013, mas ficou sem recursos depois dos desdobramentos da Operação Lava Jato.O governo de São Paulo teve então de declarar a caducidade desta PPP.
Só agora em 2020, depois de quatro anos de paralisação (período em que a Move São Paulo permaneceu responsável pela conservação e preservação da segurança dos canteiros de obras e dos imóveis vinculados à concessão), o governo achou um interessado em tocar o projeto.
Trata-se do grupo espanhol Acciona, que assumiu tanto a construção como a operação e a manutenção da linha.A concessão para o Accionaprevê uma frota de 22 trens e 19 anos para manutenção e operação da Linha 6, que vai gerar cerca de 1 mil empregos no período de operação.
PONTA NORTE – A Linha 6-Laranja irá conectar a região da Brasilândia, no extremo norte de São Paulo, com a região central, mais especificamente com a Estação São Joaquim, localizada na Avenida Liberdade e a meio caminho entre a Praça da Sé e a Avenida Paulista. O extremo norte da cidade é a única região de São Paulo que não conta ainda com nenhuma linha de metrô.
O ramal terá integração com as linhas 1 – Azul e 4 – Amarela, do Metrô, e 7 – Rubi e 8 – Diamante, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O tempo total da viagem está previsto para durar 23 minutos.Atualmente, o trajeto só pode ser cumprido por ônibus no transporte público, em um tempo médio de 1h30.
O projeto completo da Linha 6-Laranja incluirá as estações Brasilândia, Vila Cardoso, Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó e Santa Marina, na zona norte, Água Branca, Pompeia, Perdizes e Cardoso de Almeida, na zona oeste, Angélica, Pacaembu e Higienópolis-Mackenzie, no centro, com interface com a zona oeste, e 14 Bis, Bela Vista e São Joaquim no centro propriamente dito, com interface com a região da Avenida Paulista.
Em operação desde setembro de 1974, o metrô de São Paulo é o maior e mais movimentado sistema de transporte metroviário do Brasil, com uma extensão de 101,1 km de vias ferroviárias distribuídas em 6 linhas, que possuem um total de 89 estações, das quais 62 operadas totalmente pela Companhia do Metrô. Outras 10 são operadas totalmente pela concessionária ViaQuatro e 17 operadas totalmente pela ViaMobilidade. As restantes são operadas pelo Metrô em parceria com uma ou outra dessas concessionárias.
O metrô paulistano possui interligação com o sistema de trens urbanosatravés de integração com linhas da CPTM em 8 estações espalhadas pela cidade, e com vários terminais de ônibus. Diariamente, o sistema transporta cerca de 5,3 milhões de passageiros.
É um modal, no entanto, claramente saturado e que necessita de urgente expansão. Um estudo realizado ainda em 2010 revelou que o metrô de São Paulo era, naquele ano, o mais lotado do mundo, com 11,5 milhões de passageiros transportados a cada quilômetro de linha. A demanda de passageiros naquela data exigia, segundo o estudo, 200 km de linhas, quando havia somente 70,6 quilômetros. (texto: Alberto Mawakdiye/foto: Acciona /divulgação)